Texas | Plano Perfeito

•Capitulo 6•

Se eu comecei contando a história de um sequestro, é porquê todos vão se lembrar dos dias de Campana na casa da moeda da Espanha. As ruas do centro de Madrid foram fechadas. Havia programas ao vivo 24 horas por dia. A polícia queimou os manuais da academia e ficou sem saber o que fazer para acabar com a alegria dos desgraçados que tentavam imprimir o próprio dinheiro. Mas, na verdade, aconteceram muitas outras coisas que ninguém lembra. Coisas que mudaram a todos nós, até o ponto de não sabermos quem eram os bandidos...e quem eram os mocinhos.

Na verdade, nós que estávamos ganhando tempo. Nunca a frase " tempo é dinheiro" foi tão literal. E que dinheiro! A cada hora a gente imprimia oito milhões de euros. De cada mil de quatrocentos placas de papel-moeda, a gente cortava cento e quarenta mil notas de cinquenta euros.

Tudo estava tão calmo ao amanhecer que parecia que o plano ia de vento em polpa. O professor era o nosso Big Brother. Ele controlava o rádio da polícia e dezoito câmeras. Então, se alguém quisesse nos ferrar, íamos saber muito tempo antes.

A gente fazia turnos para vigiar os reféns, as entradas e, claro, a produção. Depois das primeiras vinte horas, as rotativas já tinham cuspido 52 milhões de euros. Então, naquele momento, a gente pensou que ia dar certo. Mas toda essa paz era só a calmaria antes da tempestade. As coisas Iam dar tão errado que a gente ia ficar perto de perder o jogo. E se me perguntarem porquê...vou dizer que foi por uma simples história de amor. Afinal, o amor é uma ótima razão para que tudo dê errado.

- Estamos trancados. - Berlim inicia - E realmente não sabemos quanto tempo isso pode durar. Mas enquanto ninguém estourar minha cabeça eu vou cuidar de vocês. Enquanto não tentarem me enganar ou falar com alguém de fora, tudo ficará bem. - ele bate palma - A partir de agora, vamos nos organizar. A gente vai dar algumas tarefas pra' que vocês, não me deixam deprimido. - Ele se aproxima de um adolescente loiro - Qual o seu nome?

- Pablo. - o garoto responde.

- Pratica esportes?

- Sim. Sou capitão da equipe de atletismo. - o tal Pablo diz. Berlim e Rio se entre olham, caçoando do adolescente.

- Dá um passo à frente, Capitão! - Andrés fala, o tom de voz deixava claro que ele estava tirando onda com a cara do garoto - Um passo à frente. - Ele aponta para um senhor de cabelos grisalhos - Ei, Arturito! Dormiu bem?

- Durmi, durmi. - Arturo balança a cabeça em concordância, enquanto fala.

- Que bom. - Berlim diz - Você é bom com trabalhos manuais?

- Não. - Román nega - Definitivamente não, senhor. Sou um desastre. Na verdade, quando fura o pneu, é a minha esposa quem troca.

- Quer dizer que não sabe colocar nem uma broca? - O Fonollosa franzi as sombrancelhas, fuzilando o homem a sua frente com o olhar.