•Capítulo 9•

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Pov Texas

Nairóbi, Rio e Tóquio deixam a sala para voltar para os seus respectivos postos. Fixo meus olhos em Berlim, que se mantinha sentado.

— Você acha que isso é a porra de um filme, Berlim? Que você é o protagonista perfeito que nunca erra, o dono da razão?

— Eu não entendo onde você quer chegar, Texas. — ele sorri, presunçoso — Esclareça, por favor, querida.

— Você já parou pra pensar em como eu me sinto com os seus atos? — cruzo os braços em frente ao meu corpo, esperando sua resposta, mas ela não vem — É óbvio que não. Você só pensa em si mesmo.

— Isso não é verdade.

— Não? — gargalho irônica — Você pensou em como eu me sentiria quando mandou o meu irmão matar uma mulher? Pensou, Berlim? — observo seu rosto com atenção, esperando uma reação, mas ele mantém sua cara de paisagem —Mandou matarem uma mulher grávida! Vai mandar me matarem também?

— Você sabe que não, Texas. Ela tinha um celular no meio das pernas, e você sabe muito bem disso! — ele argumenta, aumentando um pouco o tom da voz — Deveria entender que o que eu fiz foi para proteger a todos nós, para proteger você. Porque isso é tudo que eu tenho feito aqui, tentar manter você a salvo. — ele se levanta da cadeira, e começa a andar em minha direção — Se eu mandei matar aquela mulher foi porquê não quero que você dê á luz ao nosso filho no chão sujo de uma cela em uma prisão. Entende isso, Texas?

— O seu método para "tentar me proteger" é o pior que eu já vi. Você tem feito muitas coisas pra mim, Berlim, mas nenhuma delas me deixou bem. — respirei fundo, tomando coragem para minha próxima decisão — Eu tô cansada, Berlim. Acho melhor a gente se afastar definitivamente, isso não tá dando certo para nenhum de nós dois. Não podemos deixar isso se expandir mais e acabar prejudicando o plano. — os olhos dele quase saltaram das pálpebras de tão arregalados que ficaram — Depois que sairmos daqui eu vou embora e não vamos mais nos ver.

— Não. Você não pode fazer isso. E o nosso filho? E a nossa história?

— Agora você chama de "nosso filho"? Antes você estava falando como se eu estivesse doente. — falei sarcástica — Sobre o meu filho, você não precisa se preocupar, vou cuidar bem dele. Já sobre nós dois, a decisão está tomada.

Me virei em direção a porta.

— Texas! — pude ouvir ele me chamar, mas eu não o-olhei. Saí da sala e voltei para o meu posto.

Aquela não era a primeira vez em que terminávamos, mas era a primeira vez em que eu tinha certeza de que estava tomando uma decisão certa ali dentro.

32 horas desde o início do roubo.

Dizem... Que, quando estamos a beira da morte, conseguimos ver, claramente, nossa vida. E Arturo Román, esbaindo-se em sangue em uma mesa, esperava justamente isso. A clarividência da morte, para saber de uma vez por todas quem era o amor da vida dele. Laura, a mulher com que ele havia compartilhado 14 anos de casamento... Ou Mônica, a secretária e amante dele, com quem ele descobriu de novo a juventude. Infelizmente, a única certeza que o Arturo teve naquele momento, foi que se não tirassem a bala... Ele ia morrer antes de resolver o dilema. E, francamente, nosso curso de primeiros-socorros não garantiam a vida de ninguém.

Flashback on

— Cava inferior. Renal direita... E esquerda. — Professor dizia, enquanto passava uma canetinha azul no corpo de Rio — Mesentérica, pulmonar, direita e esquerda.

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⏰ Última atualização: Jan 06 ⏰

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