NOVE CHAMAS E UMA PROPOSTA

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POV JULIO

Eu jamais odiei tanto ser escalado para uma noite de ronda. Quando, finalmente, Hope e eu conseguimos ficar juntos do jeito que eu sempre sonhei, o ex-namorado morto dela aparece mais vivo que nunca. Eu não quis nem descansar, comi alguma coisa quando voltei para casa e fui direto para o Complexo, mesmo sabendo que não é do feitio da Hope ser desonesta e trair as pessoas, a história dela com o Landon fazia necessária uma postura confiante da minha parte, precisava marcar território e mostrar a ele que eu estava determinado a conservar o que eu e a Hope tínhamos construído nesses últimos meses. O lugar estava silencioso quando eu cheguei, então resolvi chamar:

J: - Hope ?!

H: - Aqui em cima! – Ela respondeu prontamente.

Subi as escadas e a vi sentada ao lado do Landon no sofá do ateliê. Ele não estava com uma cara muito boa, no sentido de disposição, e ela tinha uma expressão bem preocupada. Reparei que ele tinha mudado de roupa, normal depois de tomar um banho, mas de quem eram as vestimentas ? Hope não tinha roupas masculinas no seu armário, pelo que ouvi do Elijah, roupas que custassem menos de cinco mil dólares não mereciam estar no seu guarda-roupas. Hope o deixou vestir as roupas do pai dela ? Eu sei que eram só roupas, mas aquilo realmente me incomodou. Hope não gostava nem que entrassem no quarto dos pais dela, e esse cara estava vestindo peças do meu sogro morto ? Resolvi não focar nisso, era uma insegurança infantil demais para conservar.

J: - Aconteceu alguma coisa ?

H: - O Landon não está bem.

J: - Isso está dando para reparar.

LA: - Eu tô legal, foi só um mal-estar.

H: - A gente sabe que não foi só isso.

J: - O que houve exatamente ? – Perguntei curioso.

H: - Landon se sentiu mal quando viu meu quadro. – Ela disse apontando a tela.

Era um quadro incompleto, mas não fazia muito sentido para mim. Pontos avermelhados formando um círculo e um fundo escuro. Parecia uma tela inofensiva.

J: - Não parece uma obra de arte perigosa.

LA: - O problema não é a tela, é o que ela significa.

J: - Como assim ?

LA: - Hope pintou um cenário análogo ao que eu estava quando acordei de volta ao mundo dos vivos.

J: - Como isso é possível se ela não estava lá ?

H: - Eu também não sei, mas sei que preciso ir até esse lugar.

J: - Então vamos, eu te levo.

LA: - Não é tão simples assim, eu não me lembro onde fica. Só lembro da passagem em forma de grade. – Ele disse chateado.

J: - Bom, deve ficar perto de onde nos encontramos, só precisamos fazer o caminho inverso.

LA: - Acontece que não dá! Eu não saberia fazer o caminho inverso porque saí e entrei de muitas ruas e becos até chegar aonde você me encontrou.

H: - Não vamos desanimar por isso, eu tenho uma ideia que pode funcionar.

J: - Qual ?

H: - Vou precisar dos seus sapatos. – Ela disse olhando para o Landon.

Não sabia exatamente como a Hope faria mágica para encontrar um lugar só usando os sapatos do Landon, eles iriam ganhar vida e nos guiar ao tal lugar ? Ele a obedeceu e tirou os sapatos, então Hope foi até o escritório e pegou um mapa da cidade. Quando voltou, ela começou a recitar um feitiço e, magicamente, a poeira dos sapatos do Landon foram virando areia e se movimentando pelo mapa até parar e fazer um círculo sobre o papel.

II - A Décima Vela | II - The Tenth CandleOnde histórias criam vida. Descubra agora