2 - Identidades

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O suor frio de seus dedos deixava o contato da pele com o cabo da faca muito escorregadio

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O suor frio de seus dedos deixava o contato da pele com o cabo da faca muito escorregadio.

Maju mal respirava. Será que Víbora já tinha mandado um dos seus homens atrás dela? Deveria recuar e voltar para o corredor? Ou pegar a arma de fogo e acabar com a raça do intruso?

— Calma. Sou eu.

Era uma voz masculina.

Familiar.

Familiar demais para seu desgosto.

Bufando, Maju bateu a mão no interruptor. A sala, conjugada com a cozinha pequena, se encheu de luz. O homem estava sentado no sofá, olhando em sua direção.

— Pai.

— Não foi difícil entrar em seu apartamento. — Ele inspirou fundo. — Você deveria repensar a segurança daqui. Ou até se mudar. E, quem sabe, mudar de trabalho também.

— Meu trabalho não é cheio de glória como o trabalho da minha irmã, mas serve para pagar as contas.

— Não gosto de pensar no tipo de gente com quem você trabalha. Porém, fico um pouco mais aliviado ao imaginar que eles não te enviam atrás de pessoas muito perigosas, considerando seu porte físico, e, hã, outras coisas...

"Limitações", Maju quase grunhiu. "Use essa maldita palavra que tive que escutar minha vida toda, papai".

— Mas você sempre foi bem persuasiva e convincente, certo? — o pai continuou. — Isso deve contar pontos ao seu favor.

Ela não respondeu, fechando o punho, as unhas cravando na pele. É claro que os agiotas não a mandavam atrás dos peixes grandes. Ela era responsável de cobrar as dívidas de viciados e idiotas como Ravi. Apenas trabalho mediano. Como tudo em sua vida.

Seu pai inspirou fundo outra vez.

— Achei que te pagavam o suficiente para que você pudesse, pelo menos, bancar um lugar mais decente

A iminência de uma enxaqueca pulsou na cabeça dela.

— Bom, o que eu faço ou deixo de fazer com o meu dinheiro é problema meu.

Seu pai ficou em silêncio, os olhos ainda analisando o cômodo.

A noite adensava e se retorcia em sombras espessas através da janela. Maju andou até a geladeira. Seu celular continuava vibrando. Víbora devia estar furioso. Ele havia exigido que a dívida fosse paga até a meia-noite, ou sangue seria derramado.

— O que você quer? — Maju abriu a geladeira, procurando por uma garrafa de cerveja. Merda. Ravi devia ter bebido as últimas. Covarde aproveitador. Bufando, fechou a geladeira e se voltou para o pai. — Não acho que você veio aqui só para criticar meu apartamento ou meu trabalho.

Código Nísis | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora