4 - Isca

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Maju não perdeu nenhum minuto do seu precioso tempo

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Maju não perdeu nenhum minuto do seu precioso tempo. Cada avanço do ponteiro do relógio significava que Víbora estava mais perto. E ela se recusava a pagar pelas merdas de Ravi.

Por isso mesmo, arrumou sua mala apenas com os itens mais essenciais. O mais importante deles era a edição especial de Frankenstein, que havia pertencido à sua mãe. Não se importava que o resto ficasse para trás, contanto que seu pescoço permanecesse no lugar.

Também não explicou para o pai o motivo da sua súbita mudança de ideia. Faria das palavras dele as suas — quanto menos ele soubesse, melhor.

— Estou pronta. Podemos ir.

Subiu no carro do pai e não olhou para trás enquanto seu prédio se distanciava, tragado pelas sombras da noite.

Eles dirigiram por três horas sem trocar uma palavra sequer, até serem vencidos pelo cansaço. Maju achou arriscado pararem em um hotel na beira da estrada; mas qual era a chance de ter sido seguida por Víbora ou por um de seus comparsas? Eram quase nulas.

Pararam no primeiro hotel que encontraram, dormiram algumas horas, tomaram um café da manhã de qualidade mediana e seguiram viagem nas primeiras horas do dia.

— Não tenho palavras para te agradecer, Maju. Fazer isso por sua irmã, por sua mãe... Significa muito para mim.

Maju deu de ombros. Seu pai não precisava saber que ela não estava sendo altruísta e conivente com a obsessão dele, como Malu, e sim fugindo dos agiotas que queriam cortar seu pescoço. Ele não precisava saber que ela já havia bolado um plano durante a noite mal dormida, repassando todos os acontecimentos insanos das últimas horas.

Assim, jogaria o jogo de seu pai por um tempo. Assumiria a identidade de Malu. E então, na primeira oportunidade, daria um jeito de sacar seu dinheiro sem chamar a atenção de Víbora e desapareceria. Iria recomeçar em outro lugar, longe de tudo e de todos.

"Em um lugar brilhante e especial", podia ouvir o sussurro da voz da mãe roçando em seu ouvido.

— E para onde vamos? — Maju perguntou para o pai, mudando o rumo do assunto.

— Para o litoral.

Maju arqueou as sobrancelhas.

— Litoral? Achei que você me levaria para alguma sede do governo.

— As últimas informações que sua irmã recebeu, antes de sofrer o acidente, a instruíam a encontrar sua equipe em uma região do litoral, em um dia específico — seu pai explicou, sem tirar os olhos da estrada. — Tenho tudo anotado e guardado.

Ela se remexeu no banco, desconfortável.

— Que tipo de acidente a Malu sofreu?

Código Nísis | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora