p.o.v. amanda— Eu... eu não posso continuar — murmurei, afastando-me do beijo, meu coração acelerado e confuso. — Desculpa.
— O que houve? — Timothée perguntou, sua voz carregada de preocupação, enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo. — Se preferir, podemos ir para um lugar mais tranquilo...
— Não é isso... — respondi, minha voz falhando, incapaz de encontrar seus olhos. — Eu só... estou muito confusa.
— Tá tudo bem — ele disse, suavemente, enquanto passava os dedos pelo meu rosto, tentando me acalmar. — Quer que eu te leve para casa?
— Quero... quero sim — sussurrei, sentindo um nó se formar na minha garganta. Sentei-me no banco do carro, e ele dirigiu em silêncio até meu apartamento, respeitando meu espaço, sem me pressionar. — Obrigada... e me desculpa de novo, Timmy. Eu só preciso de um tempo para colocar as coisas em ordem na minha cabeça.
— Não se preocupe. Eu entendo — ele respondeu, com a voz cheia de compreensão. — Se precisar conversar, sabe que estou aqui, certo? — Timothée abriu a porta do carro e me ajudou a sair, como sempre, sendo gentil e atencioso. Subi as escadas lentamente, me sentindo um pouco melhor, sabendo que ele estava lá por mim. Antes de entrar, acenei para ele. Ele retribuiu com um sorriso triste, mas compreensivo.
Mais tarde, já deitada na minha cama, coloquei os fones de ouvido e deixei a música "Sparks" tocar. As lágrimas começaram a rolar, quentes e doloridas, enquanto meus pensamentos corriam soltos. Não consigo entender nada do que estou sentindo. A única coisa que sei com certeza é que nunca vou superar a morte da minha mãe. Isso é um fato. E se eu não consigo viver sem ela, como posso sequer pensar em seguir em frente, em me abrir para algo novo? Meu pai nos deixou quando eu tinha 10 anos. Aos 11, vi uma foto dele com sua nova família, e meu coração se partiu. Como ele conseguiu esquecer tudo que vivemos e, em tão pouco tempo, construir uma nova vida? Eu não consigo esquecer a minha mãe assim, como ele fez. Ela era a minha inspiração, minha única amiga verdadeira... e agora, ela se foi.
Levantei-me da cama e fui até a sacada do meu apartamento, deixando a brisa gelada da chuva de Paris acariciar meu rosto inchado. Reiniciei a música, e as lágrimas voltaram a cair, pesadas e incessantes. Essa música me lembra tanto dela... como eu queria que ela estivesse aqui comigo agora, jogando cartas, rindo, conversando sobre bobagens, sobre amores e desilusões. Eu sinto tanto a sua falta, mãe.
Duas semanas depois
Desde aquela noite, Timothée e eu combinamos de nos encontrar no café amanhã. Preciso esclarecer tudo com ele. Ele é tão bom para mim, e a última coisa que quero é que ele pense que estou sendo fria ou distante.
Comecei a fazer terapia há uma semana, e minha psicóloga disse que estou progredindo. Eu também sinto que estou melhor. Ela me sugeriu algo que ainda me assusta: libertar minha mãe, espalhar suas cinzas. Eu ainda as mantenho guardadas, como se isso me mantivesse perto dela. Mas preciso deixá-la partir em um lugar especial, não aqui, no meio de Paris. Ela amava o mar, as praias... E, mesmo que a ideia de me despedir completamente dela me aterrorize, sei que é algo que preciso fazer, por mim e por ela.
No dia seguinte
Acordei atrasada e me arrumei às pressas, o coração acelerado. Passei meu perfume diário e saí correndo em direção ao café. Timothée é sempre pontual, e eu sabia que ele já estaria lá, me esperando. Quando olhei pela vitrine da cafeteria, o vi sentado, com seu cappuccino de sempre. Parei por um segundo, respirei fundo e empurrei a porta de vidro, que tocou o sino suave anunciando minha chegada. Ele olhou para trás e me deu um sorriso pequeno, de lado, que eu retribuí antes de me aproximar e me sentar à sua frente.
— Bonjour — ele disse, sua voz ainda carregada de sono, mas com aquela familiaridade que me aquecia.
— Bonjour, Timmy — respondi, tentando relaxar. — Sim, eu to melhor. Comecei a fazer terapia...
— Fico feliz em ouvir isso — ele disse, com um brilho nos olhos. — E... sobre aquela noite... me desculpe se fiz algo que te deixou desconfortável.
— Não, Timmy. A culpa não foi sua. Fui eu que não soube lidar com tudo — admiti, encarando seus olhos, que estavam fixos nos meus, esperando uma explicação. — Minha mãe faleceu há cinco meses, e desde então, eu não sei mais como seguir em frente. Ela era tudo para mim, e eu simplesmente... não superei.
— Eu sinto muito por isso. Não fazia ideia — ele disse, apertando suavemente minha mão. — Se puder ajudar de alguma forma, estarei aqui para você. Sério.
— Só de você estar aqui, já me ajuda muito — sorri, sentindo um alívio por finalmente ter falado sobre isso com ele. — E, por favor, me desculpe se fui insensível naquela noite.
— Não tem nada que me desculpar. Entendo que você esteja passando por algo difícil — ele respondeu, sincero. — Aliás, conversei com alguns amigos influentes, e eles querem te ajudar a começar na sua carreira. Dei seu contato para eles.
— Timmy... eu nem sei como agradecer. Você sempre é tão gentil e cuidadoso comigo — disse, sentindo o peso da culpa. — E eu... sinto que não consigo retribuir à altura.
— Amanda, só de ver você bem já é suficiente para mim. Saber que você está melhor, que está segura... isso me faz bem também — ele disse, com um olhar que refletia um carinho genuíno. — Não se sinta pressionada, por favor.
— Eu não... só que, isso tudo é tão novo para mim. Por que você se importa tanto comigo? — perguntei, sinceramente curiosa.
— Eu não sei ao certo — ele admitiu, pensativo. — Mas sei que você é mais do que uma amiga para mim. Sinto algo mais.
— Eu também sinto... mas não estou pronta para dar um nome a isso ainda. Só sei que é algo especial — confessei, sentindo minhas bochechas corarem. Ele parecia sentir o mesmo, pois também estava um pouco envergonhado. — Mas preciso de mais um tempo. Cê entende, né?
— Claro que eu entendo, vou esperar o tempo que for necessário, sem pressa — ele disse, com uma gentileza que me fazia sentir segura, como se ele realmente estivesse cuidando de mim.
— Ah, ta na hora da faculdade. Preciso ir — disse, reunindo coragem para me inclinar e dar um beijo suave em sua testa. — eu te ligo.
*
*
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desculpa gente, tinha prova esses dias então eu tirei para estudar, por isso fiquei sumida:((
continua<3...
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Juste toi et moi (só eu e você) - Tchalamet [EM REVISÃO]
RomanceAmanda Rossi, uma brasileira cujo maior desejo era se tornar uma estilista reconhecida por suas criações únicas e originais, se forma na faculdade de moda e se muda para Paris, com o objetivo de realizar seu sonho, ela só não contava que iria esbarr...