Capítulo quatro

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Nathan segurava com firmeza minha cintura, sua boca tinha um leve sabor de menta, deixando um gostinho bom. Não sabia o que fazer, o beijo me pegou de surpresa, isso não fazia parte do acordo. Como pude confiar nesse garoto? Sabia que se aproveitaria da situação.

Agora uma de suas mãos entrelaçou no meu cabelo, por uma fração de segundo meu coração errou as batidas, por mais que quisesse negar, Nathan beijava muito bem.

Recuperando os sentidos, tentei empurrá-lo, mas desisti. Pousei minha mão em sua nuca, o puxando para mais perto, aprofundando o beijo. Com minha ação repentina, ele se afastou.

— O que aconteceu? — perguntei, sem entender.

— Você correspondeu meu beijo? — falou enquanto recuperava o fôlego, sua expressão era um misto de confusão, com surpresa.

— Você disse que precisávamos ser convincentes! — respondi sarcástica. Ele queria jogar, então entraria no seu jogo, se suas intenções eram sujas, as minhas seriam piores.

— Mas nunca mais faça isso sem avisar! — repreendi.

— Então quer dizer que posso fazer de novo, desde que te avise? — perguntou, rindo.

— Não foi isso que eu quis dizer! — retruquei, impaciente.

— Foi o que pensei.

— Fico feliz que tem um cérebro e entendeu. — Nathan deu um sorrisinho, que me desestabilizava, aproximou-se mais e sussurrou.

— Eu adoro quando você é maldosa comigo. — engoli a seco, meu estômago gelou. — Eu a desejo mais ainda!

— Você é um idiota! — me afastei, olhando ao redor.

— Você é muito séria, ruivinha. Relaxa um pouco.

— Se você me chamar de ruivinha mais uma vez, eu vou te dar um soco, e não vai ser apenas nos meus sonhos. — ameacei zangada. Mais uma vez a vontade de quebrar a cara dele tomou conta de mim.

— Hum, então você já sonhou comigo? — Nathan sorria maliciosamente.

— Sim e em todos eles eu batia em você!

— Pelo menos pensa em mim, também penso em você. Gosto desse seu lado agressivo!

— Isso é culpa sua, você desperta o pior em mim. — recebi um sorriso de Nathan.

Enquanto discutimos, a música continuava tocando. Até eu avistar dois rostos conhecidos e muito apavorados, Isa e Nanda no outro lado da sala pasmas com o que acabaram de ver.

— Nathan, eu já volto. — avisei, antes de caminhar em direção às meninas, sem esperar a resposta dele.

Elas me olhavam zangadas.

— Antes de falarem, sinto muito! Vou contar tudo a vocês! — as duas suspiram e assentiram, caminhamos até um lugar mais calmo.

— Começa a explicar, senhorita Sofia! — Isa usou seu tom autoritário.

Expliquei toda a situação a elas, nosso acordo e tudo mais, as duas pareciam surpresas.

— Por isso você não respondeu nossas mensagens? — disse Nanda, concordei.

— Eu ia contar amanhã na faculdade.

— Parece que te pegamos antes! — riu Isa. — No maior amasso com o Nathan.

— Safadinha! — brincou Nanda.

— Era parte do plano! — retruquei rindo.

— Mas me fala, você sentiu alguma coisa com o beijo? — Isa especulou. Parecia curiosa.

— Claro que não! — respondi rapidamente. As duas se olharam. — Nathan e também o beijo, são apenas parte do acordo, nada mais! — por um momento, nem eu acreditava no que acabei de dizer, não suporto o fato de minhas pernas ficarem bambas, apenas de lembrar da sua barba por fazer raspando em meu rosto, e do gosto bom de seus lábios. Sem querer dei um suspiro.

— Sua cara diz outra coisa! — debochou Isa.

— Não diz, não! — fiz uma careta. — Mas não foi ruim, por mais insuportável que ele seja, o beijo foi bom. — recebi sorrisinhos maliciosos.

— Mas e vocês, o que fazem aqui? — perguntei, já que Isa e Nanda, assim como eu, não curtiam festas.

— O namoradinho dela convidou! — Nanda apontava para Isa, que expressava um sorriso.

— Henrique não é meu namorado. — Isabela, corrigiu. — Somos amigos, por enquanto.

— Fico feliz por você, amiga! Vocês formam um casal lindo. — disse empolgada.

— Não somos um casal!

— Ainda! — eu e Nanda, dissemos ao mesmo tempo, rimos.

Fomos interrompidas por uma voz masculina.

— Aí está você meu docinho! — a voz insuportável de Nathan tomou o local.

— Docinho, sério? — perguntei, brava.

— Você não gosta de ruivinha e nem de docinho, você é difícil de agradar.

— Por isso eu tenho um nome! — lembrei, ele apenas sorriu soprando.

— Aposto que contou para suas amiguinhas! — odiava quando ele falava no diminutivo, Isa e Nanda se entreolharam.

— Contou Nathan, somos amigas, é isso que fazemos, mantemos segredos seguros. — informou Nanda.

— Ah que fofas! — zombou com uma voz mais fina.

— Você pode tirar esse garoto daqui, antes que ele leve um soco? — Isa se irritava facilmente, ainda mais com Nathan.

— O seu clubinho só é formado por garotas agressivas? — ele se divertia com a situação, Nathan levava um soco, mas nunca perderia a piada.

Abracei as meninas, me despedindo. Tirando Nathan de perto delas, antes que uma de nós surtasse.

— Você quer ir para casa? — perguntou, enquanto andávamos entre as pessoas.

— Acho melhor! — respondi, ele apenas assentiu.

Em direção a saída, nos deparamos com uma cena, daria tudo para que fosse minha imaginação pregando uma peça, em um canto isolado perto da porta, enxergamos Lucas aos beijos com uma garota. Meu coração se despedaçou, ouvi os pedaços caindo ao chão.

Lágrimas tomaram conta de meus olhos, mas não poderia desabar ali.

Senti a mão de Nathan tocar a minha, me retirando do local.

Quando chegamos no jardim, sem perceber, senti seus braços envolverem meu corpo, não dissemos nada, ele apenas ficou ali, impedindo que meu mundo desabasse.

— Vai ficar tudo bem, Sofia! — sua voz possuía suavidade e conforto, era a primeira vez que escutava esses dois tons em uma frase vinda dele.

Não respondi, apenas apertei mais o abraço, Nathan passava com delicadeza a mão em meu cabelo. Depois de mais alguns segundos naquela posição, me afastei limpando as lágrimas.

— Espera, seu rímel borrou! — ele passou seu dedo indicador limpando meu rosto.

— Obrigada! — agradeci. — Nosso plano não deu certo! — lamentei, segurando as lágrimas.

— Foi apenas a primeira tentativa, meu amor! — com um toque levantou meu rosto para encará-lo, acariciando minha pele. — Não vamos desistir, o Lucas vai ser seu. Está bem? — apenas concordei. Naquele momento, ouvindo Nathan Castelli com sua voz compassiva e com um ar doce, trouxe a lembrança do garoto que me salvou na piscina, ele poderia me atormentar e tirar do sério, mas nos meus piores momentos é sempre ele que me puxa para cima.

Um acordo infalívelOnde histórias criam vida. Descubra agora