Seria fácil dizer que eles viveram felizes para sempre a partir dali, mas a vida não é um mar de rosas.
Kalil teve que voltar para seu país após ficar alguns dias hospedado em um hotel perto de Charlotte, ela havia prometido visitá-lo durante suas férias, mas mal sabia ela dá surpresa que ele estava preparando.
Ele havia ido para Nova York fazer uma entrevista de emprego em uma empresa multinacional de jogos, seu antigo chefe o havia indicado e tudo estava indo de acordo com o plano de Kalil. Havia terminado a especialização de um ano em Jogos Digitais, mas como ele sempre tinha gostado de mexer com jogos desde criança era como se ele estivesse apenas se divertindo, criando e imaginando.
O pai de Killua havia começado a namorar uma moça muito simpática e gentil, que lembrava sua mãe em alguns momentos, ele sentia ciúmes as vezes mas ficava agradecido por seu pai não estar mais no fundo do poço. Todos estavam se esforçando para serem melhores.
- Filho, - o senhor Gilbert abriu a porta do escritório após bater interrompendo o trabalho que o jovem estava fazendo em um computador com três monitores, com muitos códigos que o mais velho não entendia, - eu gostaria de conversar com você sobre Sofia.
Killua girou a cadeira ficando de frente para o pai enquanto abaixa o fone de ouvido.
- Estou pensando em pedi-la em casamento.
O mais novo demorou um pouco processando a notícia e rapidamente levantou abraçando o pai enquanto sorria e comemorava.
- Fico feliz por vocês pai. - Kalil viu o sorriso de alívio que o mais velho fez e não pode deixar de abraçá-lo mais uma vez. Ele só desejava que o pai fosse feliz. - Você merece ser feliz.
- Não significa que eu esqueci sua mãe. Eu ainda a amo, muito...
- Eu sei, pai. Eu entendo.
Senhor Gilbert percebeu a mudança nesse último ano em seu filho, ele sentia que a ferida pela morte da mãe havia sido curada pelo menos um pouco. Toda a raiva e frustração que ele sentia e descontava nos outros havia desaparecido e ele estava se esforçando muito em busca de um futuro melhor. Ele sabia o que havia causado aquilo. Ou melhor, quem.
- Eu estou pensando em pedi-la em casamento. - Killua disse sorrindo.
O pai de Kalil o olhou surpreso. Não tinha imaginado que seu filho iria proferir essas palavras.
- Eu fui aceito na empresa. - Killua falou sorrindo.
- Não acredito, filho. Meus parabéns! - agora foi a vez do mais velho de abraçar o filho com tanta felicidade. Depois de anos de luto, a felicidade parecia algo intangível, mas ela sempre esteve a um passo de coragem. Coragem que faltava nos dois.
- Você irá morar em Nova York. - senhor Gilbert falou com voz baixa. Ficava feliz pelo filho, mas não queria ficar longe dele.
- Eu irei começar de baixo, mas com esforço vou conseguir melhorar de cargo ano após ano. É uma oportunidade única. - Killua dizia animado. - Você irá morar aqui com Sofia?
- Eu estava pensando em me mudar para a casa dela.
Ele queria começar uma nova etapa de sua vida, não queria deixar todas as lembranças de sua esposa e da casa para trás, mas queria começar algo novo.
Killua não queria abrir mão de sua casa, onde passara quase toda sua infância com Charlotte e sua mãe. Tinha muitas lembranças boas e ruins mas faziam parte dele.- Não quero que venda a casa. - Kalil pediu.
- Não irei vender, filho. - ele deu mais um abraço no filho e saiu do escritório ainda sorrindo.
Killua girou novamente na cadeira e sentiu seu mundo rodar. Dali pra frente tudo iria mudar.Charlotte finalmente havia feito a última prova do semestre. O gabarito havia saído no final do dia e ela havia passado de ano após fazer o teste final. Sua mentora ainda era muito exigente e dificilmente a elogiava, mas havia dado um sorrisinho ao ver a nota do teste prático dando indício de um elogio. Estava animada para as férias pois iria visitar seus pais e seu namorado.
Ela saltitava pelos corredores da faculdade em direção a saída distraída enquanto procurava uma passagem online de avião.
Depois daquele dia no restaurante onde havia encontrado Killua, ele disse que não queria viver sem ela e a pediu em namoro. Com tudo que eles dois haviam passado, mereciam um pouco de felicidade.
Com tantas lutas na vida e perdas, uma gotinha de felicidade já era o bastante para quem não tinha nada. Ela havia falado isso para ele naquele dia. Que seria uma pequena gotinha de felicidade na vida dele, mas ele respondeu:
- A felicidade é algo que está sempre presente, mas com as dificuldades nós acabamos não a enxergando. A vida não é feita somente de felicidade, temos dor, tristeza, raiva, medo, amor, tudo isso faz parte da vida. Não preciso que você seja uma gota de felicidade, quero que você faça parte da minha vida. Por completo, em todos os momentos.
Isso havia feito o coração dela errar umas batidas. Enquanto relembrava acabou esbarrando em alguém na saída.
- Desculpa - falou na língua do país após bater a cabeça contra um peitoral, ela olhou para cima e viu um menino sorrindo. O doce sorriso que permanecia igual mesmo após tantos anos.
- Snow, - Killua a abraçou e a afastou o suficiente para depositar um beijo suave em sua bochecha. - você deve olhar por onde anda.
- O que você está fazendo aqui? - Charlotte deu um soquinho no peitoral que parecia estar mais definido.
- Isso é jeito de cumprimentar o namorado que não vê faz alguns meses? - Killua disse sorrindo, a puxando para mais um abraço.
Namorado. Charlotte gostava daquela palavra.
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Sr. Idiota
Teen FictionCharlotte e Killua eram melhores amigos e vizinhos desde a infância, até que ele resolveu ir embora para outra cidade, deixando-a para trás sem uma explicação. Depois de alguns anos, Killua voltou novamente para a casa ao lado de Charlotte. Toda vez...