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Mais uma manhã desligando o despertador. Charlotte Snow já havia levantado e estava terminando de se arrumar, rumo a mais um dia escolar. Penteava seus cabelos negros e longos quando escutou sua mãe a chamar.

— Já estou indo.

Apressou-se fazendo uma trança, rapidamente amarrando com uma fita azul que ganhara quando era criança.

— Hoje vai ser minha apresentação — Charlotte falava empolgada saindo de casa e indo em direção ao carro —, vocês irão me ver, certo?

Quando estava quase chegando no carro, viu um veículo preto conhecido estacionar na casa ao lado.

— Bom dia, senhor Gilbert — falou alegremente, surpresa ao vê-lo após tanto tempo.

Você já deve estar imaginando quem mais saiu do carro, não é mesmo? Para a nossa surpresa e para a de Charlotte, quem saiu do carro não foi nada mais e nada menos do que Kalil Gilbert. Aquele que esteve presente em toda a sua infância, aquele que havia destruído seu coração.

Assim que ela viu os cabelos brancos saindo do carro, seu coração começou a doer, doeu tanto que ela quase acabou caindo, felizmente sua mãe a segurou e começou arrastá-la para dentro do carro.

— Bom dia, querida — Senhor Gilbert também falou animado, a maneira dele. — Faz muito tempo, não é? Uns três ou quatro anos, certo?

Dois anos, onze meses e dois dias.

Não que Charlotte estivesse contando todo esse tempo. Claro que não. Puff.

Ela rapidamente concordou com a cabeça e entrou dentro do carro.
Naquele mesmo lugar havia visto ele chegando e algum tempo depois partindo.

Kalil olhou na direção da casa vizinha e sentiu uma rápida pontada no coração. Aquela que havia o construído, que tinha feito seu mundo passar a ter cores estava a poucos metros, mas parecia estar a milhares de quilômetros de distância.

Ele andou rapidamente para a entrada da casa e foi em direção ao seu antigo quarto.

— O que ele está fazendo aqui? — Charlotte perguntou a sua mãe enquanto colocava o cinto.

A dor em seu coração crescia cada vez mais e ela estava a um ponto de correr em direção a sua cama e chorar litros de lágrimas.

— Recebi uma ligação do Gilbert falando que eles estavam voltando — A mais velha tentava achar as melhores palavras para acalmar a filha, mas não conseguia —, parece que aconteceu algo muito ruim no colégio do Kalil, então ele decidiu que era melhor tirar umas férias da cidade grande.

O que é isso ali? Uma lágrima? Quase não deu tempo de ver, mas certamente era uma lágrima escorrendo do olho direito de Charlotte, que ela limpou rapidamente.

Tudo bem. Fica calma, você já superou.

Ela tentava ao máximo acalmar o coração e a mente, que insistia em relembrar os detalhes antigos de sua infância, de quando havia o conhecido com apenas cinco anos.

Ei, psiu.

Escuto alguém me chamar, então lentamente levanto o olhar do livro que estava lendo. Vejo o vizinho novo na janela ao lado da minha.

O que você está fazendo? Ele perguntou enquanto se apoiava na janela.

Estou lendo levanto o livro para que ele possa ler o título "A bela e a fera".

Eca, que coisa chata.

Em um movimento rápido ele sentou na janela e colocou os pés no muro.

Qual é o seu nome? O garoto falou novamente após algum tempo , o meu é Kalil Gilbert, mas eu não gosto desse nome.

Charlotte Snow falo e resolvo levantar da cama.

Ando lentamente até a minha janela e me sento agarrando a almofada que ficava no banquinho ao lado.

—Seu nome é bonito. — Digo e ele faz uma careta.

— É ridículo. Mas o seu é pior — Kalil fala rindo e faz uma careta — Quem se chama Charlotte? Meu Deus.

A primeira pessoa que riu do meu nome estava a minha frente. Será que se eu puxar o pé dele, ele cai do segundo andar?

Mas eu gosto de Snow. É um nome bonito ele dá um pequeno sorriso sem mostrar os dentes, chamando minha atenção para suas pequenas covinhas.

Você quer ser minha amiga? Kalil ficou em pé no muro e se apoiou nos meus joelhos, ficando com o rosto próximo ao meu e como se estivesse me contando um segredo continuou Eu sei fazer o maior castelo de areia do mundo, com janelas e tudo.

Concordei com a cabeça e ele começou a rir.

Você não fala muito, não é? Mas nós podemos mudar isso com o tempo.

A risada que ele deu fez um ventinho quente vir em direção ao meu rosto.
Kalil apertou meu joelho e ficou em pé no muro novamente.

Mas então, Snow começou a andar lentamente pelo muro, se equilibrando com os braços estendidos , como você irá me chamar? Eu não gosto de Kalil.

Olhei para a lua que estava cheia naquela noite, depois para o garoto com os cabelos mais claros que já tinha visto.

Que tal "Killua"? falo apertando mais ainda a almofada , é quase um anagrama do seu nome mais lua. Entendeu?

Ana.. o quê? ele perguntou coçando a cabeça, Não importa. Eu gostei.

Ri da cara engraçada que ele fez e concordo com a cabeça.

Killua.Kalil repetiu como se estivesse experimentando cada letra da palavra nova Nós seremos os melhores amigos do mundo.

Killua gritou com as mãos em direção a lua e por um momento se desequilibrou. Eu rapidamente envolvi minhas mãos em volta dele, segurei firmemente sua blusa branca e o puxei em minha direção.

Acabamos os dois no chão do meu quarto, com o peso do corpo dele sobre o meu. Pude sentir o seu coração batendo contra o meu por um tempo curtíssimo. Ele se apoiou para diminuir o peso e ficou me olhando.

Seus olhos são bonitos, Snow Killua se levantou e estendeu a mão para mim.

Assim que estendi a mão meu pulso começou a doer. Ele tinha caído por cima do meu braço, o que acabou machucando.

Naquele dia ganhei uma contusão no pulso e uma nova amizade.

Sr. IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora