Sr. Idiota

23

- Você não vai atrás dele? - Killua perguntou ao ver Pedro se afastando rapidamente entre as pessoas que haviam ali.

- Eu... Você está aqui! - Charlotte o abraçou pelo pescoço ficando na pontinha dos pés. Ele estava usando um perfume diferente e estava mais musculoso, com o cabelo na altura dos olhos ela o achou muito mais sexy.

Charlotte desfez o abraço, colocando a mão suavemente no rosto dele e acabou olhando fixamente para a boca que estava a centímetros da sua. Chegou a passar seu polegar pelo lábio inferior, causando um arrepio por seu corpo, mas assim que se deu conta tentou se afastar rapidamente, porém Killua a segurou fortemente pela cintura, a puxando para mais perto.

- Nunca mais irei soltá-la! - ele declarou, beijando-a sentindo um profundo medo de perdê-la novamente, mas o beijo foi suavizando até que ele sentiu algo quente descendo por sua bochecha. Ele estava chorando.

Charlotte deu um último selinho antes de finalizar o beijo ainda acariando o rosto de Kalil, enxugando as lágrimas que desciam do rosto dele.

- São lágrimas de felicidade? - ela deu um beijo na bochecha dele e sentiu o gosto salgado.

- Me desculpe, Charlotte.

Killua abraçou-a novamente, quando olhou por cima dos ombros dela conseguiu avistar o cara que tinha saído antes observando-os de longe.

- Você fica pedindo desculpas, mas não consigo entender o porquê.

Ele segurou a mão dela a guiando para longe onde pudessem conversar com calma, arrastando sua mala com a outra mão. Sentaram-se em um sofá que ficava na área externa do restaurante com várias flores de diferentes cores.

Por um tempo, a única coisa que Killua conseguia fazer era acariciar a mão de Charlotte com o polegar, seus olhos azuis estavam cintilando por conta das lágrimas. Ele depositou um beijo suavemente no dorso da mão dela e conseguiu finalmente achar as palavras que precisavam ser ditas:

- Peço desculpas por toda a dor que te causei, Charlotte. - A garota continuou olhando para sua mão entrelaçada na dele e deu um aperto forte como em resposta. - Todo esse tempo, depois que perdi minha mãe, meu mundo virou de ponta cabeça... Eu só conseguia imaginar que poderia perder todas as pessoas que eu amava, que eu poderia perder a pessoa que eu mais amava e o medo de perder você...

Charlotte sentiu uma pontada forte no coração e olhou nos olhos dele vendo toda a dor que ele estava revivendo. Ela se aproximou e apoiou a cabeça no ombro dele, segurando firmemente as mãos trêmulas.

- O medo de ver você pálida deitada em um caixão, me fez querer fugir - Killua desviou o olhar abaixando a cabeça, - Me fez querer parar de sentir... porque doía Charlotte, doía muito. Você consegue entender? É estúpido eu sei, eu fui um covarde. Completamente estúpido e covarde.

- Ei, - Lotte imediatamente levantou a cabeça de Killua fazendo ele olhar em seus olhos. - Não diga isso. Eu consigo entender suas escolhas, cada um reage de uma maneira diferente no período de luto.

Mais lágrimas saíram enquanto Killua negava com a cabeça.

- Eu fui um covarde naquela época - ele tirou calmamente a mão de Charlotte de seu rosto e depositou outro beijo segurando firme. - E fui um covarde hoje novamente, eu fui até sua casa e vi você com o cara de antes e vim embora. Vi você feliz e não queria atrapalhar.

Charlotte até tentou compreendê-lo nesse ponto, mas uma pontada de tristeza a invadira. Ele ia embora sem nem falar com ela. De novo.

- Eu sinto que não tenho o direito... Não quero atrapalhar sua felicidade.

Os dois ficaram se encarando sem saber o que dizer. O local estava silencioso, como se somente eles existissem.

- Eu posso ser um pouco egoísta, Snow? - Killua sussurou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela.

Charlotte queria que ele fosse egoísta. Ela queria que ele a reivindicasse. Ela queria reivindica-lo para si. Por toda a sua vida ela o amou e agora que ele estava ali na sua frente novamente não queria que ele fosse embora.

- Eu demorei um pouco para perceber que não posso viver sem você. - Killua aproximou seu rosto podendo sentir a respiração dela. - Eu amo você, Charlotte Snow. E não quero passar mais um dia longe de você.

Snow colou seus lábios no dele e deu um pequeno sorriso.

- Sabe quanto tempo eu esperei você dizer isso? - Charlotte o puxou pela nuca encostando sua testa na dele. - Sempre quis que você me dissesse que eu era sua. Sempre... Amei você.

- Você... ainda me ama? - Killua sussurrou.

- Amar é uma palavra muita fraca para o que eu sinto por você. Acho que ainda não existe uma definição adequada.

- Acho que isso me dá o direito de tê-la para mim então. - Kalil disse rindo, mas imediatamente ficou sério. - Não pedirei mais desculpas. A partir de hoje minha missão é fazê-la feliz, sem ter motivos para me desculpar. Te amarei incondicionalmente e infinitamente.

- Acho que eu gosto do infinito. - Charlotte disse dando uma risadinha.