(Trevo- 6:30h- 14 de Fevereiro)
Eu acordo na minha cama no outro dia, me sentindo estranhamente muito bem, nem paro pra pensar direito no que aconteceu na madruga, sinto como se nada tivesse realmente acontecido, penso que só foram sonhos estranhos, um atrás do outro. Quer dizer, fala sério né?! Campos de força ao redor de baús cheios de pedras vermelhas no sótão, só um louco pra achar que isso foi real. O que confirma minhas suspeitas de que tudo foi um sonho, é que a esfera que ganhei de Celina ainda está no meu criado mudo, como se eu nem tivesse tocado nela.
Então me levanto da cama, me olho no espelho e decido ir pro colégio. Então eu esfreguei a mão no rosto para me despertar melhor, e me encaminhei pro banheiro. Me olhei no espelho e peguei a escova de dente, mas quando fui pegar a pasta eu percebi que já tinha pasta na escova, achei meio esquisito, mas pensei que eu só devia ter posto em algum momento e havia me esquecido porque ainda estava acordando. Desço as escadas normalmente, eu deveria estar mais apressado, já que acordei mais tarde do que de costume, porém estava tranquilo. Quando chego no térreo , minha mãe que estava no sofá, me olha com uma expressão que nunca vi ela fazer, quer dizer, a expressão estava normal, só que é como se ela estivesse inquieta. Eu já ia dar bom dia, porém ela é mais rápida:
-Bom dia filho, dormiu bem ou ta de ressaca? - Ela diz sorrindo (parecendo forçado) e tomando uma xicara e café. Eu até pensaria que esse comentário seria uma indireta, e que ela ainda está brava por ontem (totalmente justificável), mas ela fala realmente em tom de piada, o que me confunde um pouco.
-Haha, que engraçado, você sabe muito bem que eu não bebi- digo a ela, enquanto me encaminho para a geladeira. Quando abro, noto que nem cheguei a comer meu bolo de aniversário, acho que no fundo deveria me sentir grato por ninguém da festa ter comido ele.
- Não tem como eu saber, tinha uma nuvem de cheiro de álcool na minha casa ontem hehe- ela diz dando um risinho nem um pouco natural.
- Mãe...ta tudo bem? Ainda ta com raiva de mim por ontem? - pergunto. Ela desvia o olhar por um instante e voltando a olhar pra mim diz:
-To, to sim, mas na verdade eu também não estou me sentindo muito bem, acho que estou gripada. Pelo bem estar dos meus pacientes é melhor eu ficar em casa. - diz ela com um tom de voz mais calmo.
- Entendi, então tenta não fazer muito esforço. Quer que eu compre algum remédio quando estiver voltando do colégio?
- Na verdade filho, por que você não falta hoje? Já que eu to doente, seria bom ter você em casa.
-Precisa mesmo que eu fique? - digo preocupado, mas também já me explicando- Porque eu e Mair temos um trabalho juntos pra entregar hoje, e eu não quero deixá-lo na mão.
-Ele não pode apresentar sozinho? - minha mãe fala com uma expressão tensa no rosto, como se o que ela estivesse tentando disfarçar estivesse vindo a tona.
- Não, ele não gosta de falar em público, ele fica tenso e acaba fazendo piadas, e isso acaba irritando os professores. (E os alunos também) - Sem falar que ele não me perdoaria se deixasse ele na mão, ou pelo menos eu ia me sentir culpado- Mas mãe, você parece tensa, tem certeza de que é só uma gripe? - Digo chegando perto dela, e até pondo as costas da minha mão em sua testa para verificar se está com febre.
-Tensa? Não, na verdade só estou preocupada com você. Os garotos ontem? Depois de fazerem o que fizeram, com você e seus amigos, não sei se ir pra escola é uma boa ideia.
-Bom, se for esse o problema, relaxa, eu vou tentar ficar longe deles pelo resto da semana...- não que isso já não fosse o que eu fazia antes.
- Mesmo assim, eu vou ligar pro colégio dizendo para te liberarem caso você diga que precisa ir embora.
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Aberrações
FantasyTodo mundo sempre pensa, ou já pensou, que algo magico fosse acontecer do dia pra noite em sua vida. Que um dia iria acordar voando, ou encontrar um gêmeo separado na maternidade, ou ainda que saindo da escola viesse um cara estranho em uma limosine...