Capítulo 8- Tornado de vidro

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(Jaime- 10:00h- 14 de Fevereiro)

Eu to puto, eu sabia que os riquinhos idiotas não iam se dar mal nessa história toda, mesmo sendo eles quem começaram a confusão. "Deixarei com eles a responsabilidade de aplicar uma punição", que ideia de merda, o que ela acha que os pais deles vão fazer? Na moral acho que ela nem liga, contanto que a relação à escola com o eles fique intacta. Gente de escola particular são bem diferente dos de escola publica, deixam de ser escravos do governo, pra ser baba ovo dos pais ricos. E o pior é que eu dependo dessa gente pra continuar aqui, nunca vi povo mais incoerente, porque um rico dono de uma empresa de BIOQUIMICA, patrocina uma bolsa esportiva estudantil pra gente de baixa renda?

Pelo menos não estou nisso sozinho, Trevo está comigo, o que não é o suficiente pra por um sorriso no meu rosto, mas pelo menos já é alguma coisa. Não sei por que, mas mexer com ele sempre me deixa feliz.

-Então, continuemos- A diretora fala. - Primeiro você Jaime...

-Eu tava me defendendo. - Digo logo interrompendo ela, porque tenho certeza que ela não ia me dar abertura pra falar. Nesses momentos quem chefia ta mais preocupado em falar do que ouvir.

-Jaime, eu falei com os alunos que ficaram ao redor de vocês. Você não tava só se defendo. Na verdade, de acordo com eles, teve determinada hora em que quem tava dando mais socos era você. – Ela fala com uma voz firme e fria, que me faz ficar sem palavras. Na verdade a única coisa que consigo dizer, é uma das piores coisas que se pode dizer nesse momento:

- Mas ele quem começou, aliás, não só o George, mas a Ema também. - Digo, e essa é uma das piores coisas que se pode dizer nessa situação, porque a resposta é a mais fácil de todas:

- Não importa quem começou, você não deveria ter continuado- Disse ela. – Por isso você está suspenso por uma semana, e seus pais serão comunicados do seu comportamento.

- NÃO! - deixo a voz sair mais do que deveria, mas logo me recomponho- Senhora diretora, por favor, não fala com meus pais, esse é meu primeiro incidente, você não pode maneirar? - Eu pedi, quase implorando, eu detesto ter que fazer isso. Trevo até se assusta momentaneamente, covarde, ele deixa de ficar com a cabeça baixa, como tem ficado até agora, pra me lançar um olhar confuso. Talvez tenha se surpreendido porque eu me preocupei mais com os meus pais saberem do que com a minha suspensão. Vai morrer surpreso, ele não tem nada que entender meus motivos.

-Jaime, apesar de esse ser seu primeiro incidente evidente, alguns alunos, dentre eles o Trevo inclusive, já reclamaram de estarem sendo provocados por você.

-Tem certeza que é só por mim? - Eu falei sem pensar, por que apesar de saber que as reclamações também se estendiam ao Carlos, eu não podia ter insinuado anda, aposto que ela vai pôr um ponto final na conversa agora.

- Eu não disse que é só pra você, mas que você também estava no meio. E apesar de termos uma política de não monitoramento, os eventos de hoje provam que essas queixas são de fato verídicas.

-Pera ai eu...- Não consigo concluir a frase pois sou interrompido.

-Jaime, eu não vou mudar minha decisão. Você está suspenso, por favor recolha suas coisas, e espere seu responsável chegar para lhe acompanhar até em casa.

Me irrito e bata com raiva na mesa dela, e saio antes que o que fiz de a ela ideias de expulsão.

Depois de ir para a sala pra arrumar minhas coisas, e inclusive notar que Carlos estava na sala sem qualquer perigo de suspensão, vou até a saída da escola e fico impedido de ir embora até meus pais chegarem.

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