Aberrações

Capítulo 12- A fenda

Nós voltamos pra casa, e entre os escombros minha mãe começa a andar de um lado para o outro com a caixa de madeira debaixo de um braço, e em uma das mãos um caranguejo- tarântula que eu consegui encolher até uns 10 centímetros. Ela parece estar com pressa, e eu estou inquieto, eu quase fui comido pela aquela coisa, e tinha muitas perguntas.

- Mãe o que foi aquilo? De onde veio essa coisa? Da fenda?

- Não, a fenda fica no Chile, não teria como isso ter vindo de lá até aqui sem ninguém ter percebido. - Ela diz enquanto deixa a caixa e a aranha em cima de um balcão ainda de pé na cozinha, e começa a ligar seu tablet, que não sei como, sobreviveu aos escombros.

-Ela deve ter algum tipo de camuflagem, porque ela me perseguiu por uns 7 quarteirões e ninguém parecia notar ela na rua, e pode acreditar, ela fez MUITO barulho.

- Isso fui eu- Me surpreendo com a resposta- Usei a poção do assassino, é uma poção usada pra espionagem, ela deixa o usuário ou o alvo que ele escolher inaudível e invisível por um determinado tempo.

-E como eu consegui ver ela? - Falo ainda inquieto.

-A poção não funciona nas pessoas que já sabem que quem quer se esconder está lá. Por isso não consegui usar ela em você, quando você chamou a atenção, fez ela te notar. - Nessa parte eu me sinto um pouco injustiçado, eu posso ter atrapalhado o plano dela, mas se eu não tivesse feito nada aquela coisa iria demolir a casa com ela dentro. E...poção?

-Poção?- Pergunto.

- É -ela fala vendo o tablet, e não respondendo à pergunta. - Como eu pensei, não tem nenhuma notícia em nenhum lugar sobre uma fera gigante andando por aí. Aquela coisa não veio da fenda. - Ela fala finalmente olhando pra mim pela primeira vez desde que chegou em casa.

- Então...acha que pode ter sido o Monsserrart? Acha que ele veio pela fenda e atacou a gente?

-Trevo, Monsserrart queria você vivo para tirar seu poder, isso...- ela mostra o carangueijo-tarantula preso. - ...é uma fera predadora no modelo gigante, não se manda isso até alguém se não quiser matar a pessoa.

- Então pode ter sido outro mago. - Digo ainda inquieto e assustado, tentando criar explicações na minha cabeça.

-Não, Trevo eu sei que a história do Monsserrart te deixou preocupado, mas não tem uma fila de gente querendo te matar.

- Então de onde veio aquela coisa? Ela não pode ter vindo do nada, e com certeza ela não é desse mundo. - Falo e minha mãe fica pensativa por um instante.

- A 17 anos atrás nós abrimos uma fenda pra esse mundo. Ontem uma outra fenda abriu. É uma coisa rara, mas não é impossível. Talvez alguém tenha aberto uma fenda antes do seu pai, e pode ter trazido o caranguejo-tarântula, ou ele veio junto por acidente. - Ela fala enquanto vai até a sala com uma caixa de madeira, se senta no sofá e começa a tirar da caixa várias esferas brilhantes de diferentes cores. Eu nem ligo muito de perguntar sobre elas ainda, porque minha cabeça está em outro assunto.

-Se essa coisa já tava aqui, pode ser que tenha mais, a gente tem que falar com alguém, fazer alguma coisa. Até que as forças militares desse mundo derrubem uma daquelas coisas, muito estrago pode acontecer.

- Não, o melhor que podemos fazer agora é justamente ir até a fenda e voltar pro nosso mundo. - Ela diz sem nem olhar pra mim, contando as esferas.

- O QUE? E as pessoas que a gente deixar aqui? A gente vai simplesmente tacar o foda-se pra elas e deixar elas aqui com seja lá o que mais puder ter vindo parar cá? - Minha mãe depois de eu ter falado isso para de contar as esferas, respira fundo, e com calma explica: