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-Certo, se você comer, eu compro tintas novas para você. - Embry falou para a irmã como se estivesse falando com uma criança. Não sabiam a forma correta de tratar Cissa quando ela ficava assim, nem Jasper nem Rosalie tinham conseguido convencer a garota a comer alguma coisa. Poderiam tentar Charlotte ou Peter, mas eles estavam com Carlisle, Andrew e Eleazar no escritório desde a noite anterior. Kate, Emmett, Esme e Tanya tinham saído para caçar, e todos os outros lobos ainda estavam dormindo.

-Eu não estou com fome. - ela falou, o queixo apoiado nos joelhos. Uma tigela de leite com cereal estava à frente dela, e ninguém tinha feito nenhum progresso até agora.

-Por favor, Cissa. - Embry pediu. - Você precisa comer alguma coisa. Tá assim há três dias, e precisamos da nossa lobinha com força total. Logo.

-Não. - ela repetiu.

-Certo, me diga, o que aconteceu? Você está estranha desde que eu cheguei aqui, talvez desde antes. É sobre Simon, não é? - Embry não precisou ouvir a irmã, percebeu apenas pelo olhar dela. - Nós vamos acabar com ele, Cissa.

-É? E os pesadelos? Noites que eu passei sem dormir? Aquele filho da puta fodeu com o resto de saúde mental que eu tinha, Embry. Não há nada que possa fazer. - ela bufou, se levantando da mesa e sumindo nas escadas para o andar de cima.

Embry, Rosalie e Jasper encararam o espaço vazio que ela estava há poucos instantes. Embry respirou fundo e se recostou na cadeira.

-Você já a viu assim? - Rosalie quis saber.

-Duas vezes, no máximo. - Embry respondeu. - Sempre por causa dele.

-Ela esconde alguma coisa sobre ele, não é? Tem algo que ela não me disse. - Jasper falou e Embry lentamente afirmou.

-Além da mãe dela, Simon também abusava dela. Apostava principalmente no psicológico já estragado dela. - Embry disse. - Ele encontrou o momento perfeito para entrar na vida dela, quando já estava “acessível”. Fraca.  Eu nunca vi ela tão… traumatizada.

-Ela se afastou. - Rosalie disse, parecendo mais chateada do que Embry poderia esperar de uma vampira. Talvez estivesse deixando os estereótipos interferirem na visão que tinha dos Cullen. Afinal, eles acolheram Cissa quando ela mais precisou.

-Ela não vai conseguir se concentrar no que quer que estiver vindo para cima de nós amanhã. - Embry resmungou.

-Ela vai. Clary não vai amarelar. Conhecem ela assim como eu. Não existe a menor chance de não dar certo. - Jasper disse.

-Espero que esteja certo. - Embry disse, puxando a tigela de cereal intocada da irmã. - Porque eu já não conheço mais minha irmã. A que eu conhecia está morta há um ano e meio.

-O que quer dizer com isso?

-Da última vez que eu vi Clarissa, de passar um tempo com ela, foi três anos atrás. Ela não é mais a mesma. - murmurou. - Ela não sorri tanto mais. Não faz mais piadas. Ela ficou… fria. Sem trocadilhos.

-É o que a depressão faz com as pessoas. - Rosalie disse, perdida em pensamentos. - Já vi pessoas sofrendo com isso ao longo da minha vida, mas nunca foram tão próximas.

-Bom dia. - Leah resmungou, se arrastando para dentro da cozinha. - Por que você já está acordado? Você nunca acorda cedo, Call.

-Quis tentar dessa vez. - Embry respondeu e Rosalie e Jared imploraram mentalmente para que nenhum lobo tivesse acesso àquela conversa.

-Certo. E eu sou a Pocahontas. - Leah bufou, chegando à geladeira.

-Seria uma bem gostosa. - Tanya entrou pela janela, acompanhada da irmã e dos dois Cullen.

Wolf Girl // J. HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora