Milwaukee, Wisconsin
1931A noite estava escura, mal conseguia ver um palmo à frente do corpo. As luzes que saiam pelas vitrines de lojas e restaurantes às seis e meia da tarde estavam sendo dispersadas pela chuva. O garoto andava pela passarela com os ombros encolhidos, evitando ao máximo que as gotas de chuva entrassem nas orelhas. Ele empurrou a porta de uma das lanchonetes e entrou, o cabelo pingando água gelada nas costas. Pendurou o casaco molhado ao lado de outros e passou a mão no cabelo para tirar o excesso de chuva.
-Um café, por favor. - pediu, se sentando em um dos bancos do balcão. A atendente, na casa dos cinquenta, pegou uma xícara grande e serviu para ele.
-Algo para comer?
-Por enquanto não, obrigado. - agradeceu e tomou um pouco do café forte.
-Que chuva, hein? - ele ouviu uma voz feminina, parecia tão macia quanto algodão. - Não deveria ficar andando sem guarda-chuva. Ou sair de casa.
-Meu pai me expulsou de casa há duas noites. - ele resmungou. - O café daqui é de graça, então tudo bem.
-Onde tem dormido, se me permite perguntar.
-Becos cobertos. - ele balançou os ombros. - Não há muito o que fazer quando se tem dezoito anos e desempregado, principalmente com a última crise.
A crise de dois anos atrás que começou em Nova York ameaçou o país inteiro, senão o mundo. Empresas fecharam, pessoas faliram, e entre essas pessoas, a família Covey.
-Por que foi expulso de casa?
-Aparentemente, não dá para criar uma criança de três anos e um adolescente de dezoito ao mesmo tempo. - resmungou. - Minha mãe morreu de gripe, meu pai arranjou outra mulher e um filho. A mulher o deixou assim que ele faliu, mas deixou a criança.
-Se vai me contar sobre sua vida, é melhor nos apresentarmos. - a mulher disse e esticou a mão. - Sou Alice Cullen.
-Andrew Covey. - ele apertou a mão da mulher. Era macia e fria. E então finalmente ergueu o olhar para ela.
Os cabelos escuros se destacavam contra a pele pálida, as maçãs do rosto bem angulares e o nariz redondo. Parecia uma fada, a não ser pelos olhos brilhantes: dourados. Já queria contar a ela a vida inteira só pela voz calma, mas agora, olhando assim para ela, sentia a necessidade disso, de mantê-la por perto. Um sorriso cresceu nos lábios dela.
-Então, Andrew, não se pode viver de café eternamente. Coma alguma coisa, eu pago.
-Não posso aceitar, senhorita. - ele negou. Estava passando necessidade? Possivelmente. Mas não poderia abusar da boa vontade de uma dama assim.
-Vamos lá, Andrew. Uma rosquinha não faz mal a ninguém. - ela sorriu, o coagindo a aceitar. - Qual é, Andrew? Não vai me dizer que é cavalheiro demais para não se aproveitar da boa vontade de uma mulher?
-Na verdade, é exatamente isso, sim. - ele concordou, rindo.
Mas mesmo contra a vontade dele, Alice pediu uma rosquinha para o garoto. Não devia, mas achou a atitude da garota incrível. Mal conhecia o garoto, não tinha nenhuma obrigação, e a única coisa que tinham em comum era estarem no mesmo restaurante, na hora certa. Horas se passaram, até que restaram apenas os dois e a atendente, que terminava de limpar tudo.
-Ah meu Deus! Olha só a hora! - Alice olhou no relógio enorme em cima do balcão. - Preciso ir embora! Não é uma boa época para uma mulher ficar andando sozinha pela cidade.
-Posso acompanhá-la até em casa, se assim desejar. A chuva já parou. - ele se voluntariou.
-Não precisa.
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Wolf Girl // J. Hale
FanfictionPara ele, foi como se o coração voltasse a bater. Foi uma sensação estranha no início, mas então não existia mais nada além dela ali. Sentiu como se um laço tivesse amarrado os dois ao mínimo de distância. O cheiro dela ficou mais forte, mais atraen...