Romeu e Julieta

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O chão estava frio

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O chão estava frio. Minhas bochechas se acomodaram e gostaram daquela sensação fria, deitar no chão não era tão ruim, ruim era sentir que não foi desejada o suficiente. Ruim era sentir seu peito formigar juntamente com seus lábios, estes estavam quentes. Quentes do contato com a boca dele, quentes do desejo de outrora mas que ainda permeava em meus poros.
O choro cessou aos poucos mas as batidas na porta não. Pela primeira vez na vida, queria mandar minha mãe pro inferno. No sentido de me deixar curtir meu momento sozinha. No entanto, Priscila era persistente e os toc, toc, começaram a perturbar minha cabeça.

- Já disse que estou bem. - Funguei ao abrir a porta e passar direto pra cama.

- Nos meus tempos, estar bem era sorrir e coisas assim.

Mamãe me acompanhou até a cama e sentou ao meu lado, ao passo que afundei o rosto no travesseiro.

- Você sabe que sou exagerada mãe. Encontrei o Lamar no Clube com outra garota, foi isso. - Menti em termos, evitando encará-la.

- Engraçado Elly. Sempre achei que você não gostasse tanto daquele rapaz.

- E não gosto. - Resolvi dizer uma parte da verdade, Pri é perspicaz demais para o seu próprio bem. - Isso se chama ego ferido, dor de cotovelo, e o sinônimo que você preferir. Só quero dormir.

Meu rosto estava virado para a parede, e minha cabeça cheia de Noah.

- Tudo bem, amanhã conversaremos melhor. Só saiba que quem perdeu foi ele, então, fique bem.

Senti um beijo de leve no topo de minha cabeça e apertei os olhos na tentativa inútil de dormir.

*

*

- Aí está você. - Mamãe tirava waffles da máquina e punha em um prato, servindo-me em seguida.

Ela verificou meu rosto, fazendo um pequeno bico.

- Não dormiu direito, não é? - Não era só curiosidade, ela constatava algo mais. Negativei. - Antes de ir vamos resolver as olheiras nesse teu rostinho lindo.

- Não me importo com elas. - Falei sem vontade.

- Elly, tem alguma coisa que não encaixa nisso tudo. - Ela sentou de frente pra mim, a me fitar, desviei de seu olhar inquisitivo. - Você não gosta do Lamar, mas chora desesperadamente. Não dormiu nada, não fala direito. - Ela contava nos dedos enquanto tirava suas conclusões. - O que me faz pensar que você não quer admitir, mas que está apaixonada por ele.

- Não estou. - Ela ainda me avaliava com cara de Sherlock Holmes, levantei depressa. - Como algo pela escola, até mais.

Apertei o passo para fugir de suas perguntas, e me direcionei para o ponto de ônibus. Algo me dizia que o dia seria longo.

*

*

As pessoas na escola estavam curtindo mais um dia da Semana Acadêmica, empolgados com toda e qualquer coisa que nos livrasse de algumas horas de aula. Joguei minhas coisas no armário, demorando um pouco ao perceber minhas olheiras no espelhinho que ficava ali.

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