Aquelas malditas 11 horas dentro daquele avião, não me foram amigas ou úteis. Os acontecimentos das últimas horas rodavam por minha mente sem parar. Não havia pregado o olho.
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" Levei menos de 10 minutos pra chegar até a casa de Danton, nem me lembrava de ter dito algo pra Cléo ou não. Acho que simplesmente peguei minhas coisas e sumi.
Assim que ele abre a porta, me vejo em seu reflexo.
- Conseguiu mais noticias? Ligou pra companhia aérea já? - falo entrando com tudo.
- Não! Pelo que Carmen me falou, ele começou a passar mal hoje pela manhã no escritório, mas só chamaram a ambulância quando ele desmaiou. Mamãe foi com ele pro hospital e eu ainda não consegui falar com ela! Esse maldito fuso horário não ajuda também! - ele fala respirando fundo.
- Porque não nos avisaram mais cedo?
- Segundo Carmen eles tentaram! Ligaram pro escritório várias vezes, algumas delas sua secretária inclusive disse que você não podia atender.
- Que? Eu jamais deixaria de atender se fosse sobre o papai e ... - paro ao me lembrar das duas vezes que Celeste tentou me dizer algo sobre uma ligação pra mim. - Que merda!!! - me jogo no sofá puxando meus próprios cabelos.
- Calma cara! Agora é focar, nos acalmar pela mamãe que deve tá um caco! - ele fala.
- É! - e isso é tudo que me limito a responder. "
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Vejo Danton se mexer no assento ao meu lado, tinha uns 15 min que ele havia dormido, mas não parecia nada tranquilo.
" Ladies and gentlemen, let us begin the landing procedures... "
Escuto a voz do piloto se fazer presente naquele avião, finalmente. Coloco meu cinto e dou uma cutucada em Danton, que acorda assustado.
" ... Local time, 10:45 am, temperature of 28°C on a partially cloudy day... "
- Estamos chegando? - ele me pergunta esfregando o rosto.
" ... British Airways thanks you for your preference, we wish you all a good day, and welcome to Brazil. "
- Não estamos, já chegamos! - falo após o piloto acabar.
E depois de cinco anos longe, eu estava de volta ao Brasil.
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.Pego o pequeno copo plástico de café em uma das minhas mãos enquanto equilibrava o celular entre a orelha e o ombro. Já era a terceira vez que tentava falar no escritório e não conseguia. Tinha que avisar que não iria hoje.
Nina há alguns dias estava enjoada, sem querer comer e se queixando que a garganta estava ardendo, segundo ela. Eu devia ter dado mais atenção, afinal, desde os dois anos dela eu sofria com suas crises de amigdalite.
Mas estava numa semana tão merda no trabalho que achei que fosse manha dela pra não comer.
Resultado?
Ontem cheguei em casa e me deparei com uma Marta inquieta já me esperando na porta. Nina estava pelando em febre, tanto que suas bochechas estavam vermelhas.
Marta disse que havia tentando de tudo e a febre não baixava, havia inclusive tentado me ligar, mas eu na loucura do trânsito não atendi. Não pensei duas vezes, peguei Nina como ela estava e vim pra urgência.
Quando se tratava de febre eu tinha muito medo. Tive um episódio com ela de convulsão febril em uma de suas crises de garganta, então eu não esperava mais. Falou que era febre meu coração já disparava,
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• Une Nuit •
Lãng mạnUm bar. Uma despedida de um amigo. O aniversário de uma amiga. Uma noite que muda tudo, a cabeça, o ego, o coração.