Fio Vermelho - [CALZONA]

Você não está sozinha.

Arizona

Continuei assinando e lendo os contratos que eram colocados em minha frente enquanto Tim permanecia calado, apenas me observando e provavelmente me julgando de todas as maneiras possíveis dentro daquela mente perversa dele.

– Consigo ouvir sua cabeça trabalhando e mais um pouco sairá fumaça pelas suas orelhas – comentei sem desviar os olhos dos papéis e ouvi meu amigo respirar fundo – Anda, diga o que quer me dizer.

– Ari – começou de maneira cautelosa e eu sabia que algo bom não sairia da boca dele – você sabe que eu te amo e que me preocupo com você – afirmei com a cabeça ainda sem olhá-lo – e por isso me sinto na obrigação de lhe aconselhar.

– Por que eu tenho uma leve impressão de que não irei gostar do que você tem para me dizer?

– Porque eu nunca me meto na sua vida – disse e eu olhei-o descrente – Ok, eu sempre me meto, mas agora é por pura preocupação. Ari, você é minha prima e melhor amiga desde que me entendo por gente, e você nunca se importou com a opinião alheia – respirei fundo e decidi deixar os papéis de lado apenas para ouvi-lo – mas também nunca fez algo tão imoral quanto trair alguém.

– Timothy...

– Não, Arizona, me ouça! – pediu gentilmente e eu concordei – Você sempre foi a mais sensata entre Meredith e eu, no nosso trio era sempre você que usava a cabeça e não nos deixava fazer tantas merdas. Agora, me explique por que você agiu feito uma adolescente inconsequente e que não quer enfrentar as consequências?

– Tim, eu não sei – falei exasperada escondendo o rosto entre as mãos – Eu estou tão confusa, meu casamento chegou em um ponto que eu nunca pensei que chegaria e eu não sei o que fazer! Estou indo contra todos os meus princípios continuando com isso, essa não sou eu, mas também não sei como reagir.

– Eu sei, meu bem, eu sei – ele deu a volta na mesa e me abraçou.

– Em duas semanas eu volto para Nova York definitivamente, está tudo tão bagunçado – confessei engolindo o nó que se formava em minha garganta – Eu adoro aquele lugar, aquelas pessoas, nunca pensei que isso aconteceria e ainda tem ela...

– Você não disse que foi apenas uma vez?

– Eu sei o que eu disse – revirei os olhos e meu amigo se afastou para se sentar novamente – mas quando eu estou com ela me sinto tão bem...

– Está apaixonada?

– Deus, Tim, claro que não! – neguei com a cabeça e arfei – Pelo menos não ainda e honestamente, tenho medo de que isso possa acontecer muito rapidamente.

– Ari, olhe para mim – fiz o que ele havia pedido de maneira cautelosa – Ninguém nunca gostou do Owen, ele sempre foi um escroto egocêntrico que exibia você como um troféu e nem você era apaixonada por ele, mas se casou mesmo assim. Agora, você está tendo a oportunidade de vivenciar uma paixão repentina e isso abala as suas estruturas tão bem construídas ao longo dos anos, por isso não sabe o que fazer.

– Eu odeio você por me conhecer tão bem – murmurei e Tim sorriu.

– Eu não vou te dizer para acabar com o seu casamento e ir morar com a morena fabulosa – falou – Você não tem mais dezoito anos e isso não é um filme adolescente lésbico romântico. Quero que você se pergunte se vale realmente a pena continuar nesse casamento e...

– Não vale – respondi sem pensar duas vezes, sentindo o peso das palavras de Timothy – Não vale, Tim.

– Então por que continua?