Capítulo Cinco

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A casa de Emily era grande, mas não ao ponto de que sons altos de um cômodo não fossem ouvidos em outro. Por este motivo, ficou surpresa por só perceber a presença de Alexia e Amanda quando as amigas já estavam à sua porta.

Antes mesmo que a anfitriã pudesse questionar a urgência da reunião, Amanda perguntou quem era o garoto na escada, seguida por Alexia que comentava sobre ele ser um "lindinho". Olhou pela porta como se já não soubesse quem ia ver: Lucas, que estava sentado nos últimos degraus da escada olhando para o quintal onde dois passarinhos brincavam numa poça de água que se formara depois que as plantas foram molhadas.

— Meu primo. Agora mora aqui agora. — Disse sem expressar emoção. Mas as meninas sabiam que Emily se remoía de ciúmes, uma vez que, como filha única, nunca teve que dividir a casa, nem mesmo a atenção dos pais com ninguém (exceto pela vez que criara uma tartaruga que fugiu em poucos dias. Ninguém afirmava, mas todos desconfiavam que ela a tinha deixado a tartaruga fora do jardim de propósito para que fugisse).

— Humm, então agora você tem um irmãozinho — Amanda riu. Nunca teve que se acostumar com um irmão pois sempre tivera um. Anthonio tinha quase 15 anos quando Amanda nasceu e então seus pais (Anthonio e Amélia, sim todos com a letra A, eles eram extremamente metódicos) optaram por "fechar a fábrica".

— É um primo, e ele é mais velho.

— Então você é a irmãzinha.

— Não há irmãozinho ou irmãzinha. Somos primos e só. Moradores de uma mesma casa.

— Cara, por que você tá pegando ar com isso? Fica de boa — Alexia falava de uma forma mansa, carregada de preguiça e fazia parecer que tudo poderia se resolver apenas ignorando — Nem é nada demais. Sua casa é grande, vocês nem precisam interagir direito, e o problema é só você e ele. Pensa só como seria ter cinco problemas? Se minha casa fosse desse tamanho eu só ignoraria as minhas "problemas".

Alexia era de uma família grande porém má estruturada. Não lhes faltava nada, mas também não havia abundancia. Sua mãe fazia o que podia sendo mãe solo e sem um emprego fixo; O pai da Alexia havia sumido há cerca de um ano. Vez ou outra ele mandava uma carta mal escrita contando sobre como estava feliz realizando seus sonhos no estado ao lado. Sem a família; Alexia ajudava como podia: cuidando das irmãs, cuidando da casa e evitando dor de cabeça para a mãe (a última era a parte mais difícil).

— Tá bom, tá bom. Sabemos onde isso sempre acaba — Amanda interrompeu a favor da paz —, não vão discutir seus privilégios agora, né? Pra que viemos aqui?

— Por que vocês vieram aqui? Eu tinha planos para a tarde, sabiam?

— Sempre tão interessantes seus planos de passar a tarde fazendo simulados em ligação com seu grupinho de nerds baba-ovo de professor.

Emily girou os olhos e ignorou. Alexia seguiu:

— Viemos para falar sobre o que dissemos mais cedo... sobre fazer o ano valer a pena e sobre o "bv" da Amanda. Eu tive uma ideia genial!

Alexia esperava empolgação, ganhou apenas um silencio curioso. Então continuou:

— Vamos fazer uma lista! Listaremos bons nomes levando em conta critérios como beleza, intelecto, gostos em comum e se beija bem.

Alexia fazia caras de uma vilã que planeja um plano infalível. As demais ainda não tinham certeza sobre o que achavam da ideia.

— Ah, vamos lá. O que pode dar errado?

Amanda olhava para Emily em busca de uma segurança. Ela era a mais centrada do grupo, se escolhesse não se envolver em algo, era com certeza uma situação de risco.

Elas e Todas as Outras CoresOnde histórias criam vida. Descubra agora