Capítulo Seis

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No dia seguinte levantou-se dez minutos antes para levar o lixo do quarto até a área de serviço antes que a mãe o fizesse e encontrasse o seu segredo, mas ao chegar na cozinha viu logo o irmão na mesa tomado café e lendo um livro de capa escura que não conseguia reconhecer. Nem sabia que ele acordava tão cedo. Ela tenta fingir naturalidade ao carregar a sacola para fora, mas ela nunca acordava tão cedo — e parecia tão frio —, seu irmão desconfiou:

— Caiu da cama? — Brincou ele questionando-a sobre ter acordado tão cedo.

— Engraçadão você — disse de forma irônica — mas para a sua informação, estou criando novos hábitos.

O irmão ficou calado, então ela continuou.

— A propósito, que horas são? A manhã está tão clara mas ao mesmo tempo tão gelada — como se obedecesse suas palavras, um vento gelado passou por suas pernas e seu corpo se arrepiou completamente.

— Como não sentir frio, com as pernas de fora, os pés no chão e dormindo sempre com o cabelo molhado, não tem quem não sinta frio. A propósito — disse imitando o trejeito da irmã falar — ainda são 6 horas, mamãe deve acordar a qualquer momento. Falando sério, por que levantou tão cedo?

Ele insistia nisso. A irmã ficou calada, ouvindo as prosas de sempre.

— Você dormiu sem coberta? —, ele teve como resposta um balançar de cabeça em negação — encoste aqui — o que a irmã obedeceu — você está queimando. Vou procurar o termômetro — e saiu em direção ao quarto dos pais.

Amanda não o impediu de incomodar os pais, a saída do irmão foi a brecha perfeita não só para levar o lixo na área de serviço — onde hora ou outra a mãe pegaria o lixo e levaria a rua — mas para ir na rua e deixar o lixo no lugar onde o caminhão pegaria. Porém, ao abrir a porta de casa, sentiu como se fosse cair ali mesmo, o vento estava ainda mais frígido do que dentro de casa — se é que isso era possível. — Evitando atravessar a rua, Amanda jogou a sacola de um passeio para o outro e entrou para casa correndo.

Na sala, seu irmão e seu pai já estavam buscando na bolsa de remédios algo para febre. Sua mãe acordara indisposta, com muitas dores e optou por continuar deitada.

As mulheres da casa estariam livres de suas tarefas pelo dia. Amanda foi para o quarto da mãe e deitou com ela. Antônio Filho usou a ocasião para tirar uma folga dos estudos, cuidou da casa e fez o almoço — não tão bom quanto a mãe, mas bom —. Antônio, o pai, foi para o trabalho, já atrasado e resmungando.

— Oxe, onde tá Amanda? — Emily olhava confusa para Alexia que costumava ir junto com Amanda à escola.

— Não sei. Passei pela casa dela mas não estava na porta, preferi não chamar, o irmão dela já não vai muito com a minha cara.

O silêncio se sustentou por alguns segundos até que Lexi perguntasse do primo de Emily, Lucas:

— E teu primo? Ele já é formado ou vai estudar em outro canto?

— Não, não, já tá formado. Pai já até arrumou um emprego de meio período pra ele.

— E... tudo bem pra você com ele lá?

Emily pareceu despencar com um peso nas costas.

— Eu tô tensa desde o dia que ele chegou. Eu não sei como agir com uma nova pessoa morando comigo, eu odeio tudo o que envolve vida com outras pessoas. Tipo, meus pais já me conhecem, mas pra Lucas eu preciso ser agradável, já que sou a hospedeira, e isso é desgastante demais, demais, demais. Eu só quero ficar confortável na minha casa.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2021 ⏰

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