Capítulo 8

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Esse e o outro capítulo que postei hoje têm spoiler pesadíssimos de Our Sweet Lily e La Mia Dea Helena.  

Fiquei bem emocionada escrevendo esse capítulo, espero que gostem...

***

Me levanto da mesa do café correndo até o banheiro, fecho a porta com força causando um estrondo e me ajoelho no chão despejando tudo o que comi no vaso sanitário. Lágrimas escorrem pela minha bochecha me deixando envergonhada, pensei que isso tinha terminado a muito tempo. Me levanto fechando a tampa e apertando a descarga, me sento no vaso fechado e abraço meus joelhos chorando baixinho. Batidas na porta me fazer paralisar.

– Emilly querida, está tudo bem? – A voz doce da mãe de Bryan pergunta atrás da porta.

Pigarreio tentando não parecer abalada.

– Oi – Digo fingindo uma animação. – Está tudo certo.

– Posso entrar? – Pergunta.

Penso por alguns instantes se posso ou não confiar contar isso a ela.

– Por favor – insiste. – Me deixe ajuda-la.

– Tudo bem – Sussurro.

Ela abre a porta lentamente e seus olhos ficam levemente surpresos quando recaem sobre mim.

– Millie – Ela diz baixinho. – O que aconteceu querida?

Não consigo mais controlar as lágrimas. Choro, choro, e choro, me desmancho em sua frente, sem mais máscaras de felicidade, sem mais sorrisos falsos. Soluço tão alto que me falta ar. Lily se ajoelha na minha frente e me puxa para um abraço me deixando chorar em seu ombro. Minutos depois quando me acalmo um pouco afrouxo o aperto ao redor dela.

Lily me acompanha até a sala e me puxa para perto fazendo carinho em minhas costas, deito minha cabeça em seu ombro.

Sua mão macia toca meu rosto com carinho. Me permito relaxar com seu toque, seu olhar amoroso, preocupado e compreensivo me lembram minha mãe.

– Eu... – Fecho os olhos com força. Tudo bem, Emilly, apenas diga qual é o problema. Qual o seu problema. – Tenho transtornos alimentares. – Confesso. Respiro fundo me lembrando do que Stacy diz, não preciso me envergonhar disso, só preciso admitir que preciso de ajuda. – Tomo remédios para controlar os impulsos, mas eles são horríveis e me deixam muito mal. Não gosto de toma-los.

– Eu sinto muito – Sussurra. – Você é uma garota tão bonita e especial. Me diga, o que eu posso fazer para ajudar.

– Por favor, Lily não conte a ninguém, por favor – Peço. – Não quero que as pessoas se preocupem comigo atoa.

– Millie me preocupo com você porque me importo, você é uma garota tão especial e forte. Não direi nada a ninguém, eu prometo.

– Não consigo comer – Revelo. – Eu juro, eu tento de verdade, mas quando me obrigo a comer acabo passando mal. Os remédios nem sempre funcionam, ainda mais quando eu fico um ou dois dias sem toma-los.

– Já tentou falar com seu médico? Ele poderia ajustar as dosagens – Questiona.

– A Stacy já fez isso cinco vezes nos últimos três meses, não funciona – Meus olhos ardem e olho para cima piscando para afastar as lágrimas. – Não aguento mais isso, tudo o que eu queria era ser normal, mas tudo o que vejo e penso quando me olho no espelho é que eu preciso emagrecer, perder um, dois, quatro quilos. Esse ciclo vicioso de tomar remédios, ir em médicos, consultas e terapias é interminável. Eu detesto a forma como as pessoas me olham quando descobrem – Digo chorando. – A pena nos olhos delas me deixam com nojo de mim mesma, todos passam a me tratar diferente, não falam de nada relacionado a comida ou dietas por medo de acionar algum gatilho e eu enlouquecer de novo. Sempre quando acho que estou melhorando algo ruim acontece e traz tudo de volta. Estou exausta de ver minha mãe chorar por minha causa, estou cansada da minha família ter que me vigiar 24horas por dia para mim não fazer nenhuma loucura. Você não faz ideia de como meus pais ficaram na semana que eu disse que viria para Londres, a preocupação que eles tiveram de dizer várias e várias vezes para Lucas e Angel tomarem conta de mim, e eu sei, eu sentia que eles não estavam falando dos perigos do mundo, estavam falando do perigo que eu sou para mim mesma.

– Eu sei como é ter medo do julgamento alheio, sei como dói quando recebemos os olhares condenação. Mas se tem um conselho que eu posso te dar é, confia na sua família e nas pessoas que te amam, são elas quem vão te ajudar quando você mais precisar – Lily diz sorrindo de lado. – Passei por coisas horríveis ao longo da minha vida, vi minha amiga definhar na mais profunda depressão, ela nos afastava, não nos deixava ajudar e isso machucava muito. A partir do momento que ela se permitiu ser ajudada tudo melhorou, hoje Lena está muito melhor e se lembra que na pior época de sua vida seus amigos estiveram lá para ajudá-la.

– Obrigada – Digo secando as lágrimas que não param de cair. – Você é uma pessoa incrível, Bryan tem sorte por tê-la.

– Emilly – Chama.

– Sim?

– Sempre que precisar conversar pode me procurar, mesmo quando for embora pode me ligar a qualquer momento. Não tente passar por isso sozinha.

– Pode deixar, eu agradeço muito pela ajuda – Murmuro. – Sinto tanta falta dos meus pais e ter você por perto me faz sentir melhor.

– Sua mãe é uma mulher incrível – Ela diz rindo. – Vocês são muito parecidas.

– Você a conhece? – Pergunto surpresa.

– Ah sim, nos conhecemos a alguns anos atrás. Você era bem pequena.

– Minha mãe nunc...

A porta se abre e me assusto quando Bryan passa por ela. Seus olhos se fixam em mim e sua expressão se torna confusa, seco as lágrimas rapidamente e fico encarando o rosto sereno de sua mãe.

Quando ele faz menção de se aproximar me levanto rapidamente e ando a passos rápidos até o quarto. Entro no banheiro e tomo um banho, por sorte quando saio Bryan ainda não está no quarto.

Pego a primeira roupa que vejo e a visto. No espelho do banheiro penteio meus cabelos, escovo os dentes e saio a procura da minha bolsa. Quando a acho coloco meu celular, documentos e minha carteira. Abro a porta do quarto dando de cara com Bryan.

Ele engole em seco analisando demoradamente meu rosto e logo depois minhas roupas.

– Você... hum... – Ele pigarreia. – Vai sair?

– Vou – Digo e passo por ele saindo de casa. Preciso respirar.

♥♥♥

Minha MillieOnde histórias criam vida. Descubra agora