Tomo uma atitude inesperada

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  Estávamos todos prontos, eu, Jack, vovó e Emerson, trajados com roupas xadrez e chapéu de palha. Saímos rumo à praça. Com a chegada da noite, as luzes na decoração fizeram mais sentido, iluminando o local.
  No centro estava um espaço onde aconteceria a famosa dança de quadrilha, uma pequena fogueira se encontrava no centro, algumas crianças passavam correndo perto dela, Lara desespero dos pais.
  Barracas de comidas e brincadeiras estavam distribuídas na praça e a prisão do amor da minha sala estava num canto mais reservado, corações de eva pendiam do TNT preto que cercava a construção improvisada de madeira. Quando chegamos, Jack e eu fomos até ela, Nicolas e Lucas estavam lá.
  — Onde estão Matheus e Arthur? — perguntei.
  — Vão ficar na floresta, caso alguém aparecer — sabia que alguém era esse a quem Lucas se referia.
  — Jamille está com eles, Marcos também — Nicolas explicou.
  — Só por precaução — Jack sorriu e piscou para mim, senti um certo conforto com tal gesto. Depois de vê-lo lutar com o vampiro na casa de meus pais, me sentia segura perto dele, aliás, ele sempre me passou a sensação de calmaria.
  Pouco a pouco, as pessoas foram chegando. Chegaram bastante gente, mas ninguém se interessou por nossa barraca, talvez estivessem com vergonha, muitos adolescentes vieram com seus pais.
  Foi apenas depois de um tempo que chegou uma garota, acompanhando sua amiga, elas riam muito. Reconheci elas da escola, eram do primeiro ano do ensino médio.
  — Minha amiga quer ser presa — disse a mais alta. A outra a empurrou de brincadeira. Foi então que eu me toquei, elas queriam Jack. Era por isso que ele estava ali. Só de imaginar ele beijando outras garotas, meu estômago embrulhou. Podem achar qualquer coisa de mim, que fui inocente ou sei lá, mas até aquele momento, isso não tinha passado pela minha cabeça.
  E assim foi, uma atrás da outra. Não quis ver a cena por trás daquele pano preto. Lucas percebeu que aquilo estava me dando náuseas e se ofereceu para darmos uma volta. Aceitei.
  — Obrigada — disse a ele quando nos afastamos.
  — É para isso que servem os amigos. — Entrelaçamos os braços e começamos a caminhar pela praça. Uma pergunta surgiu em minha mente, mas não tinha certeza se gostaria de fazê-la.
  — Você sabe no que Jack pensa enquanto ele está com essas garotas? — Esperei a resposta sem saber se eu realmente queria ouvir.
  — Sei, mas não é muito bonito sair falando os pensamentos dos amigos por aí — Ele tinha razão, foi uma pergunta estúpida, ainda mais por eu temer a resposta — Porém... — ele continuou — posso dizer que ele lamenta a cada vez que entra uma garota e não é o Imprinting dele.
  — Você sabe qual é o Imprinting dele? — senti que minha voz soou como de uma criança que tenta adivinhar seu presente de natal, tentei disfarçar minha ânsia por esse mistério que me tormenta. Lucas sorriu.
  — Por que não entra lá e pergunta para ele? — Olhei-o com dúvida, primeiramente porque eu não queria me deparar com Jack beijando outra garota se eu entrasse lá de repente. Segundo, eu teria que pagar para entrar e depois pagar novamente para sair (ao menos que beijasse alguém).
  — Não obrigada, prefiro comer paçoca — Puxei-o até a barraca de doces, tinha uma pequena fila. Esperamos atrás de uma garota da nossa sala, ela conversava com a pessoa da frente. Não sou de prestar atenção na vida alheia, mas meus ouvidos ficaram bem atentos quando o nome de Jack saiu da boca de Jéssica, Ana Júlia a acompanhava como sempre.
  — Você fez isso mesmo? — disse a garota que eu não lembrava o nome.
  — A vida é muito curta para não aproveitar das oportunidades que ela oferece —  Jéssica jogou o cabelo loiro pelo ombro. Olhei para Lucas para ver se ele estava vendo o mesmo que eu. Ele estava.
  — Queria ter sua coragem. Jack é o mais bonito da sala mesmo, foi uma boa estratégia ter colocado ele na prisão do amor. — É verdade que a tenda montada pela nossa sala estava bem movimentada, especialmente por garotas adolescentes, mas obviamente teriam algumas mais tímidas que não enfrentariam a bilheteria da prisão do amor para ganhar um beijo.
  — Sim, estou até pensando em voltar lá algumas vezes — ambas riram. Senti um leve enjôo de imaginar Jack encostando seus lábios nós de Jéssica. Sei que ele fizera isso com outras, sei que não eram beijos de verdade, sei que eu não deveria me importar... Meu peito estava apertado. Se eu pedisse, Jack pararia com aquilo? O quanto ele se importava comigo? Lucas que estava silêncio até agora, colocou a mão em meu ombro.
  — Acho que vi uma barraquinha melhor por ali, vamos? — disse ele. Saímos da fila e nos afastamos um pouco. Lucas não comentou nada sobre a conversa que acabamos de ouvir, também não sei se eu gostaria de falar sobre isso. — Me espere aqui um minuto — ele saiu e eu fiquei sentada em um banco que fazia parte da praça.
  Fiquei ali por alguns minutos, olhando as pessoas de chapéu de palha circularem pela festa. As crianças corriam pra lá e para cá, os mais velhos conversavam e se enchiam das comidas típicas. E eu pensando somente em uma pessoa. Uma ideia surgiu em minha cabeça, inesperadamente. Era uma ideia audaciosa, mas há momentos da vida em que precisamos tomar atitudes ousadas. Me levantei na mesma hora em que Lucas chegou.
  — Desculpa a demora, os meninos disseram que Jéssica fez Jack a dar um beijo mais demorado. Ele afastou ela depois, porque o combinado eram só selinhos.
  — Entendo... — não prestei muita atenção no que Lucas falou, estava juntando toda a coragem que precisava. Respirei fundo, hesitei um pouco, mas disse com firmeza — Vou entrar lá.
  — O que? — não olhei para seu rosto espantado, apenas segui em direção a prisão do amor, ouvi seus passos me seguindo. Não falei nada quando entreguei o dinheiro a Nicolas que cuidava da parte da bilheteria. Abri as cortinas de tnt preto, Jack se levantou assim que me viu.
  — Olha só, não esperava te encontrar aqui — abriu seu sorriso encantador de sempre, com as covinhas nas bochechas. Meu coração estava disparado, já tinha chegado até ali, não podia voltar atrás.
  Caminhei até ele, quando cheguei perto, pus minhas mãos em seu rosto e puxei para perto do meu, fazendo Jack dobrar sua coluna. Eu o beijei. Apenas alguns segundos, meus lábios encontraram os dele. Andei dois passos para trás, vi seu rosto espantado e antes que ele dissesse alguma coisa, virei-me para sair dali.
  — Espere — a mão de Jack envolveu meu pulso, mas sem apertar muito forte — Eu queria te falar uma coisa.
  — Estou ouvindo — o encarei.
  — Você é meu Imprinting — ergui as sobrancelhas.
  — Jack... — não haviam palavras que pudessem ser ditas naquele momento.
  — Você é meu Imprinting e eu não posso mais viver sem você — ele se aproximou mais — Você é meu mundo e tudo que há nele. As estrelas nem se comparam ao brilho dos seus olhos e seu sorriso ilumina meu dia mais que o sol.
  — Jack eu... — quis chorar, não sabia como dizer que eu sentia o mesmo. — Eu esperei tanto ouvir isso. — Gentilmente, ele colocou sua mão em meu rosto, com a outra, me puxou pela cintura. Novamente nossos lábios se encontraram, mas desta vez sem pressa. Eram macios e quentes, seu beijo foi lento e apaixonado. Eu até esqueci que um vampiro perigoso estava desaparecido e que possivelmente planejava vingança, seja lá a que.

 Eu até esqueci que um vampiro perigoso estava desaparecido e que possivelmente planejava vingança, seja lá a que

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O Imprinting de um loboOnde histórias criam vida. Descubra agora