Uma tarde preguiçosa de domingo

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Como era domingo e eu estava de férias, me permiti a acordar sem me preocupar com horário, era o último final de semana que passaria na casa de vovó, depois voltaria para meus pais.
Na cidade dos meus pais, não tinha muitos amigos, nenhum para ser sincera. Estranho pensar que me senti mais a vontade em uma cidade pequena, se eu quisesse me mudar para cá, não enfrentaria muitos problemas.
Abri os olhos devagar, a luz do sol passava nas frestas da janela, iluminado meu rosto. Sentei na cama e levei um susto quando vi Jack na escrivaninha folheando meu caderno de desenho.
- O que está fazendo aqui? - Virou rapidamente sua cabeça em minha direção.
- Bom dia - disse sorrindo - Sua avó pediu para ver se tinha acordado.
- Acordei, agora pode sair para eu me trocar? - Escondi meu pijama com o lençol.
- Puxa, seria uma paisagem interessante - lançou-me um olhar malicioso que foi retribuído com minha expressão séria.
- Pode por favor me dar licença e parar de mexer nas minhas coisas?
- Sim, senhora - Fechou o caderno e o devolveu ao seu lugar.
- Obrigada - Saiu, fechando a porta. Lembrei da noite anterior, o que aumentou meu mau humor. Jack mostrou todos os sinais de sua fama com as garotas, mas ainda assim, o deixei se aproximar, mesmo sabendo que isso poderia me machucar e olha eu aqui sentindo ciúmes de alguém que não tenho nada. Que raiva!
Substituí meu pijama rosa por um short azul e uma camiseta branca. Jack foi o primeiro que me viu ao chegar na sala, tentei admitir a mim mesma que meus olhos não o procuraram instintivamente, falhei. Meu coração acelerou quando nossos olhos se encontraram.
- Vovó, precisa de ajuda? - Ela e Emerson estavam na cozinha.
- Não, meu bem, Emerson está me ajudando - Respondeu.
- Está bem! Bom dia, Emerson.
- Bom dia, Natália.
Pensei que seria falta de educação voltar ao meu quarto, então me juntei a Jack na sala. Sentei no sofá, ficando ao lado dele.
- Natália - chamou-me com voz baixa - Sobre ontem a noite...
- Se for sobre o que seu amigo falou, não me deve explicação - Tentei soar o mais natural possível.
- Mas você ficou nitidamente chateada com isso.
- Jack, você é livre para sair com quem quiser. Eu já devia saber que você já saiu com outras garotas pelo seu jeito sedutor.
- Meu jeito o que? - Ops... falei demais. Por que não consigo manter minha boca fechada? Olhei para o chão para disfarçar minhas bochechas coradas.
- Você ouviu! - Riu baixinho, pelo canto do olho pude perceber que ele ainda me olhava, esperando uma reação.
- E você já se sentiu seduzida? - Sim, pensei. Senti meu rosto ficar ainda mais vermelho, Jack se divertia com a situação. Olhei discretamente para o fofo casal de idosos para ver se escutavam nossa conversa, mas estavam entretidos um com o outro.
- Me deixa, menino! - Até o almoço ficar pronto, mexi no celular para evitar os olhos de Jack, notei também que ele não pensava nem disfarçar seu olhar sobre mim.
Longos minutos depois, sentamos todos na mesa para comer. Vovó preparou uma lasanha suficiente para dez pessoas, talvez isso seja natural das avós. Emerson disparava elogios a comida, arrancando sorrisos de sua namorada, preferi ficar em silêncio, torcendo para que vovó não perguntasse nada sobre o dia anterior.
- Você ainda não respondeu minha pergunta - sussurrou Jack para mim.
- E nem vou responder! - falei baixinho.
- Não se preocupe eu não conto para ninguém - Levei a mão à testa, balançando a cabeça e pensando no que fui me meter.
Vovó perguntou como foi nosso passeio, contei-lhe sobre a universidade.
- Estou pensando se faço faculdade aqui - falei - Poderia morar com a senhora, vovó.
- Eu iria amar - abriu um sorriso como criança que recebe um presente.
- Se fizer o ensino médio aqui também, vai poder estudar na mesma escola que eu - disse Jack, não o encarei, pois sabia que me lançaria um olhar provocador.
- Seria bom para Gertrudes uma companhia, nem sempre posso estar presente - foi a vez de Emerson falar. É verdade que já tinha passado pela minha cabeça me mudar, mas com eles apoiando, parecia uma ideia mais real. Da minha cidade natal, só sentiria falta dos meus pais, porém isso se resolveria com algumas visitas, eu viajaria para lá ou eles para cá.
- Então só falta falar com meus pais!
- Acho que isso merece um brinde! - Anunciou Emerson que encheu nossos copos com refrigerante, unimos nossas bebidas no centro da mesa, provocando o tilintar do vidro dos copos.
A noite chegou e resolvi ligar para meus pais para dar a notícia.
- Alô? - Papai atendeu.
- Pai, eu tenho uma notícia para dar, pode chamar a mamãe? - Minhas mãos estavam suando, sei que papai aceitaria a ideia melhor que mamãe, ela provavelmente vai lamentar a ida da única filha, mas depois vai se acostumar com a ideia.
- Oi meu bem - sua voz fez meu coração disparar.
- Mãe, o que você acha se eu morar com vovó?
- Não sei, filha. Por que?
- Vou me mudar para cá, fazer o último ano do ensino médio e depois a faculdade.
- Tem certeza? - Estava preocupada.
- É isso o que você quer mesmo, filha? - perguntou papai.
- Sim, é o que eu quero.
- Então está resolvido - completou papai.
- Mas, filha, você nem conhece a cidade direito - protestou mamãe.
- Não estarei sozinha.
- Ela já é quase adulta, amor. - Papai tranquilizou mamãe.
Depois da ligação, fui dormir, no meio da semana Emerson iria me levar fazer a matrícula na nova escola. Mudanças sempre me deixam ansiosa, mas um pensamento me ocorreu. Jack estaria lá e isso, estranhamente, me acalmou.

O Imprinting de um loboOnde histórias criam vida. Descubra agora