033 - Finally safe

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Ainda completamente pasmo, andei com Ella amedrontada em meus braços até o sofá, onde me sentei com seu corpo trêmulo ainda em cima de mim. Eu estava literalmente sem palavras, só não estava imóvel e recluso num canto tentando digerir o que acabou de acontecer ali porque sabia que tinha que tomar as rédias da situação. Elas precisavam de mim, estavam mil vezes mais assustadas do que eu, estavam frágeis. Meester não parava de soluçar ainda agarrada a mim enquanto o choro estridente de Olívia no colo de Megan me doía o coração.

Apesar do meu estado emocional eu não poderia dizer que estava surpreso, afinal de contas sempre alertei Ella do que Miguel era capaz e sabia que logo ele tentaria contra a vida dela. Aquela não era a primeira vez que ele o fazia, e algo me dizia que não seria a última. Apertei Ella contra meu peito com os olhos meio arregalados, pasmo, pensei em quais poderiam ser os próximos passos daquele desgraçado. Ele já tinha lhe dado um golpe na cabeça, a jogou longe com um carro e agora aquele filho da puta tinha tentado atirar nela com minha filha nos braços!

O que ele queria afinal? Era só dinheiro? Ele não entendia que lhe dar dinheiro significaria reduzir Olívia a uma simples mercadoria? Nós não iríamos pagar para tê-la conosco, aquele era o lugar dela, junto com os pais, iríamos conseguir sua guarda por meios legais e não derramando sangue ou por meio de chantagem como Miguel estava tentando fazer.

Eu disse para Ella me ligar quando o encontrasse em algum lugar, suspeitasse de que estava sendo seguida ou qualquer outra anormalidade que encontrasse por aí enquanto estávamos longe um do outro. Mas, após sermos surpreendidos na nossa própria casa, vi, já morto de preocupação, que tudo aquilo era inútil. Miguel só pararia se fosse preso ou morto, e apesar de querer - sem o mínimo resquício de remorso - , que ele fosse para o inferno e morresse logo, a cadeia parecia ser nossa única opção.

Ver que ele, de alguma forma, conseguiu furar o esquema de segurança do condomínio e pisar no nosso gramado tranquilamente me deixou puto da vida. Miguel agia como se estivesse acima da lei, e pelo visto estava, já que nunca o pegavam e nem chegavam perto de fazê-lo! Ella iria voltar a se amedrontar, igual estava antes da nossa viagem para Tulum e eu iria ficar ainda mais paranóico ao ponto de não deixá-la pisar os pés pra fora de casa sozinha ou até mesmo proibir Elisabeta ir ao parque com a bebê.

Nós não merecíamos aquela vida, não devíamos nada a ninguém, quem devia estar com medo de colocar a cara na rua era aquele criminoso desgraçado. Se eu colocasse minhas mãos nele...acho que não responderia por mim. Só não seria covarde como ele era, lhe enfrentaria pela frente, e não precisaria da ajuda de ninguém para fazê-lo, muito menos de armas ou de um carro.

Meester soluçava ainda com a cabeça enterrada em meu pescoço, ainda se tremia toda, tossia engasgando-se no próprio choro por conta do nível de seu desespero. Em pensar que se ele tivesse conseguido o que queria poderíamos estar indo rumo a um hospital uma hora daquelas...

— Está machucada? — Sei que já tinha perguntado aquilo, aliás, foi minha primeira pergunta quando tudo aconteceu, só Deus sabe o tanto de merda que se passou pela minha cabeça quando ouvi aquele barulho todo, olhei pro lado e me vi sozinho na cama.

O choro de Olívia e os gritos dela, chamando o meu nome em desespero.

Ella negou com a cabeça, porém mesmo assim a inspecionei, vendo apenas um arranhão em seu braço, provavelmente por conta dos cacos da janela, passei a mão no local tentando aquecê-la, já que estava frio e Ella tinha os pelos eriçados por estar com um pijama sem mangas.

— F-Foi ele, eu sei que f-o-i ele. — Sua voz entrecortada e chorosa repetiu aquela mesma frase várias vezes.

O ódio me consumia aos poucos ao ver o estado caótico em que Ella se encontrava. Vi o casal se entreolhar numa comunicação silenciosa e tratei de tentar silenciá-la. Quanto menos pessoas soubessem de Miguel, melhor seria.

Ruin my life - H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora