Yours

Capítulo Dezesseis: Daniel

Havia uma serie de razões pelas quais eu não devia tê-la seguido, mas todas elas deixaram de ser validas no momento em que senti seus lábios contra os meus, nada havia sido tão certo em toda minha vida até aqui quanto aquele momento, porém o peso da minha promessa a ela cortava-me ao meio, eu sabia que não poderia dizer o que ela queria ouvir, mas se eu fosse justo comigo mesmo entenderia que eu estava dizendo aquilo que meu coração ansiava, e tudo o que eu mais queria, desde que havia a visto pela primeira vez, era tê-la em meus braços para sempre.

Suspiro tenso e aperto o pedaço de papel em minhas mãos, eu havia dito que iria ficar com ela não importasse o que acontecesse, pois isso já era mais do que uma vontade, estar com Greta havia se tornado minha referência de lar, tê-la em meus braços era como segurar toda a minha existência, eu não podia perder isso, no entanto, a cada passo que eu dava em direção a Área 2 eu sentia que tal promessa seria difícil de se cumprir.

A verdade é que eu não estava passando pela porta do cemitério a toa quando vi Greta entrar no mesmo, aquele era o caminho mais longo e menos usado por minha família para chegar até nossa segunda casa e dona de nossas almas e corpos.

Quando entrei no meu quarto na noite após dançar a luz do luar com Greta um bilhete me esperava pela fresta da janela, a principio pensei que fosse um de meus irmãos testando-me, mas em pouco tempo os olhos escuros e a postura dura de Lucien vieram a minha mente e então eu soube que havia chegado o tempo de encontrá-lo.

Empurro a porta velha e enferrujada do armazém, os seguranças ao redor me ignoram e os demais ficam longe de minhas vistas, faço a caminhada normal até os túneis que levam a Área 2, em meu pulso meu relógio marca o horário certo, por sorte eu havia saído adiantado para encontrá-lo.

Desço as escadas e sou recebido pela musica alta e o barulho de copos de vidro, alguns seguranças rondam o local vigiando as funcionarias que riem e lavam as louças, organizando todo o local que ganhará ainda mais vida daqui algumas horas. Olhar ao redor e ver todo o luxo que habitava as escondidas abaixo de um velho armazém ainda era assustador pra caralho, no entanto, quanto mais tempo eu passava entre aquelas pessoas respirando desse novo mundo, menos eu conseguia ver uma saída, por mais pequena que fosse.

"Sonhando acordado?", indaga-me uma voz feminina atrás de mim, paro e engulo em seco, seus passos se aproximam mais e o cheiro forte de seu perfume me atinge quando a mesma passa por mim parando a minha frente.

"Kiara", digo e a mesma sorri, seus cabelos ruivos estão presos em um coque perfeito no alto de sua cabeça, seus olhos me estudam e consigo ver o divertimento pela situação neles.

"Não se sinta tão acuado, eu sei que está aqui para ver Lucien, ele é meu irmão esqueceu?", indaga-me irônica, admito que o alivio toma conta de mim, no entanto, ao mesmo tempo novos questionamentos me invadem.

"Onde ele está?", indago-a, ela sorri e me da às costas, sigo-a e mantenho meus olhos em suas costas, os jogos de sedução de Kiara podem ser infalíveis contra todos os meus irmãos, mas não contra mim, não quando tudo que penso e anseio em ter é Greta.

Evito sorrir como um idiota ao me lembrar de Greta e nosso ultimo encontro, mas não pensar nela havia se tornado meu mais complexo e difícil trabalho desde que a vi pela primeira vez.

"Ele gosta de ter toda a atenção quando está falando, aconselho a deixar as demais coisas fora de sua cabeça", diz Kiara subindo uma pequena escada de metal, franzo o cenho e a sigo em silêncio, ela se vira no ultimo degrau e paro de uma vez, seus olhos azuis são penetrantes e por um momento penso que ela poderia ler minha mente. "Eu espero que um dia um homem faça por mim o que você fez por ela", sussurra e pela primeira vez sou capaz de ver sinceridade em seu rosto, olho para ela em silêncio e guardo meus pensamentos para mim, ela sorri e me da a costas guiando o caminho.

Os saltos de Kiara contra o piso é o único barulho que ouço, em minha mente o rosto preocupado de Greta ao ver Jeremy invade minha mente. Eu havia enfrentado o inferno naquele dia e nos seguintes, obvio que ela não sabia o que eu havia feito e nunca iria saber, mas no momento em que a ruiva a minha frente abre a porta do escritório de Lucien eu apenas sei que o que quer que me aguarde lá dentro será pior do que tudo que já enfrentei até aqui.