capitulo 1: familia

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Dor consumia meu corpo, aquele familiar tremor subia por mim a partir do ponto que o feitiço me atingia. Eu já devia ter me acostumado com isso mas as lágrimas continuavam escorrendo por meus olhos, eu continuava tentando ao máximo não gritar, não dar esse prazer a ela, Walburga deu um passo a frente deixando de fazer o feitiço e colocou a varinha em meu queixo levantando de leve minha cabeça.

- você não aprende mesmo garoto, quando você vai começar a agir como um Black - a mulher perguntou gritando.

- eu nunca vou ser como vocês então pode me amaldiçoar a vontade. – a mulher se afastou com um sorriso de canto e a dor voltou a atingir meu corpo.

Meu corpo inteiro doía, eu queria gritar o mais alto e pelo maior tempo que eu aguentasse mas eu não fiz isso, eu me segurei e cai novamente me contorcendo no chão. Eu apertei os meus olhos pronto para gritar mas então seu abraço me puxou de volta a realidade, eu me agarrei em seu corpo desesperado pelo conforto e a segurança que ele me trazia, ele me apertou mais forte contra seu peito e eu soube que estava seguro, que aquilo não passava de um sonho.

- Calma, calma tá tudo bem você tá seguro foi só um sonho já passou- a voz de Remus saiu baixa e calma- podem voltar para cama rapazes ele tá bem- disse um pouco mais alto se direcionando para Peter e James que estavam de pé ao lado de minha cama.

- Grassas a Merlin- disse James se afastando – fica bem Pads qualquer coisa chama.

- certeza que tá tudo bem- Peter perguntou preocupado – Pads você quer conversar

- não precisa Pete pode voltar a dormir – me esforcei para falar pois minha garganta doía como se eu tivesse gritado.

Peter disse algo que não consegui entender e voltou para sua cama, o silencio se instaurou no dormitório e eu continuei abraçado a Remus ouvindo as batidas de seu coração enquanto ele me fazia cafuné. Era estranho o jeito que Remus me fazia sentir seguro, claro todos os marotos transmitiam segurança mas com ele avia algo diferente como se pudesse acontecer qualquer coisa no mundo se eu estivesse em seu abraço nada me aconteceria, nenhum mal chegaria a mim. Era como se eu estivesse me afogando e ele me puxasse para fora da agua, eu só queria entender o porque disso.

- Belo susto que você nos deu, pensamos que tinha acontecido algo. -Disse Remus me tirando de meus pensamentos me fazendo voltar a realidade.

Eu me afastei dele me ajeitando meio sem jeito na cama, ele segurou a minha mão e sorriu para mim e senti que meu coração fosse pular pela minha boca, mais uma das coisas que ele me fazia sentir e não entendia eu puxei minha mão de volta e olhei para baixo.

- você quer falar sobre o que aconteceu, ou podemos falar sobre qualquer coisa - disse ele tentando me fazer falar- também podemos ficar em silencio ou você pode simplesmente me mandar para minha cama.

 E novamente ficamos ali sentados em meio ao silencio da noite, não era a primeira vez que isso acontecia, na maioria das noites que eu acordava gritando ele se sentava comigo na minha cama e me fazia companhia ate eu dormir, muitas vezes eu acordava e ele ainda estava la sentado ao meu lado como se quisesse me proteger dos sonhos ruins. o contrario também acabava acontecendo, normalmente perto da lua cheia ele tinha pesadelos e acabava vindo para minha cama porque eu o fizera prometer que se tivesse um pesadelo ele me acordaria. Desde então passamos muitas noites acordado em silencio juntos . mas dessa vez eu queria falar mas não conseguia era como se aquele sonho, aquela lembrança tivesse mexido tanto comigo que se eu tentasse falar eu desabaria, deixaria tudo o que eu avia ignorando por tantos anos transbordar e transparecer. Dessa vez a dor que os feitiços de minha mãe causavam não chegava nem perto da dor e o vazio que eu sentia em meu peito, eu queria botar tudo para fora mas eu não podia eu não podia deixar alguém me ver assim, não era algo que eu podia permitir. Remus disse algo que não entendi então ele se levantou da cama, eu peguei sua mão com força e ele se virou para mim.

- Fica, por favor ela... - minhas palavras foram interrompidas por minhas lágrimas que caiam sem controle dos meus olhos.

- Sirius o que aconteceu - ele perguntou preocupado. 

Remus se sentou na cama e eu o abracei com força procurando desesperadamente o conforto que ele me trouxera anteriormente, Remus me envolveu em seus braços o que me fez chorar mais ainda. Como uma pessoa que eu conheço a só 5 anos é capaz de me trazer mais conforto e me proteger mais do que a minha família, pensar nisso só fez doer mais, as pessoas que deveriam cuidar de mim na verdade eram as pessoas que me faziam acordar gritando toda vez que tinha um dia ruim. 

Os marotos não sabiam o que minha mãe fazia a mim , não porque eu não confiava neles mas sim porque não conseguiria suportar a ideia de que eles tivessem pena de mim , sim eu era torturado por minha família mas não precisava ser visto como coitado  de mim. Além do mais não importava o quanto eu fosse torturado, ferido ou humilhado por aquela mulher enquanto ela não tocasse em Regulus eu não fugiria eu não iria pedir ajuda, eu podia lidar com ela sozinho. Mas se chegasse a ser preciso eu não pediria aos marotos, eles já tem seus problemas e não vou sobrecarrega-los com os meus, tipo o Remus passa pelo inferno todo mês e volta pronto para passar por isso novamente, o Peter não é aceito pela família e é tratado como se não existisse e o James, bom é o James ele vai acabar tentando enfrentar a Walburga e seria morto por e eu não posso perder meu melhor amigo.

Quanto mais eu pensava mais eu chorava então eu encontrei o que tanto procurei naquele abraço, quando eu ouvi as batidas do coração dele me senti confortável novamente e não importava se ele estava me vendo vulnerável por que ele só estava cuidando de mim, eu senti o abraço ficar mais apertado e percebi que James e Peter não aviam voltado mesmo para suas cama, eles estavam ali cuidando de mim também. Foi ai que eu percebi, os Blacks não eram a minha família e sim os marotos.

Eu me soltei do abraço deles e os olhei sorrindo com as lágrimas ainda escorrendo de meus olhos.

- Eu...

- Você não precisa falar – James me interrompeu- tá tudo bem a gente sabe que você não gosta de falar os motivos dos sonhos.

- Eu só ia dizer que amo vocês, obrigado.

- A gente também te ama – disse Peter sorrindo com seus dentes tortos aparecendo.

- Só para saber, porque você tá agradecendo – Remus perguntou

- Por vocês serem a minha família – minha voz saio meia abafada por um riso.

Potter bateu a mão no rosto tapando a boca e seu olhos se encheram d'água .

- ta tentando me fazer chorar também é

Todos rimos e finalmente pude secar minhas lágrimas, uma luz começou a adentrar o quarto e quando olhei para a janela estava amanhecendo e o nosso primeiro dia de aula do quinto ano começaria em poucas horas.

Lembranças de uma paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora