Capítulo 9

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Inglaterra, 1345

As velas iluminavam levemente o quarto enquanto o príncipe Henry degustava de uma taça de vinho antes de se recolher. Sabia que um criado já havia colocado a brasa para aquecer a sua cama, mas nem mesmo o pensamento dos lençóis aquecidos conseguia fazer sua mente se aquietar. Havia algo muito estranho se passando em sua mente. A ansiedade das bodas em apenas dois dias estava pregando truques em sua mente. De fato, era algo muito raro que um noivo se encantasse tão rápido para com sua noiva, talvez fosse por isso que seus pensamentos estavam sendo enganados com memórias de coisas que não aconteceram.
Definitivamente havia algo de muito errado se agora ele via-se aficionado por uma imagem fixa de uma donzela em um vestido púrpura com os ombros à mostra. Sua imagem em seus braços enquanto valsavam por um salão abarrotado de plebeus que os admiravam e o sentimento firme de que deveria protege-la a qualquer custo, de qualquer insolente que ousasse encostar as mãos nela novamente.
E quem havia se atrevido a machucá-la e como ele sabia disso?
Suspirou profundamente, terminando de beber seu vinho enquanto retornava para sua cama, os olhos passeando brevemente pelas telas penduradas pelo quarto. Gostaria de saber pintar, para que pudesse passar para uma tela a donzela que começou a povoar sua mente.

- Gostaria de saber pintar, Iaia. – Lady Renée comentou com sua ama, que arrumava sua roupa para o dia seguinte, enquanto Renée lia em sua cama.
- Mas que tolice é essa? Uma dama pintando? Há artes mais adequadas para uma jovem de sua classe, senhorita.
- Eu gostaria de ter a capacidade de criar imagens que as pessoas admirariam por anos e anos sem fim.
- Você pode bordar, pode escrever, pode compor músicas em seu piano, então por que quer desenhar?
- O tecido bordado pode se desmanchar, as palavras escritas por uma tinta podem se desfazer, e uma música pode ser esquecida, mas uma imagem pintada é guardada com carinho e cuidado. Gostaria de ter essa capacidade.
- E eu gostaria que a senhorita tivesse a capacidade de repousar quando recomendado. Não queremos que você fique fatigada em seu casamento, os festejos durarão um bom tempo.
Renée fechou o livro e se ajeitou mais confortavelmente em sua cama.
- Tudo bem, Iaia. Vou dormir. Dormir e sonhar com um campo aberto que eu gostaria de pintar.
Iaia sorriu com carinho.
- E talvez, senhorita, você poderia acrescentar uma ou duas crianças. E sonhar com seu matrimônio.
- Crianças Brincando na Campina. Um bom nome para o quadro. – foi o último comentário que ela proferiu antes de cair em sono profundo.



Acordando de seu sono profundo, Renata sentou-se completamente confusa. Sabia que havia sonhado com algo que não deveria, mas não conseguia se lembrar o que era. Respirou fundo para se acalmar, passando a mão por sua testa, sentindo o corpo mais quente. Se apavorou novamente, não podia estar com febre. Tinha muito a fazer durante o dia, mesmo sendo um dia de folga após longas semanas de trabalho. Sem contar que Renata odiava ficar doente, principalmente, odiava ficar com febre.
Se levantou de sua cama ao constatar que não havia febre nenhuma a caminho e que era apenas o calor de seu corpo depois de ficar tão bem submersa em suas cobertas. Se espreguiçou enquanto lembrava de como estava sendo seus dias de trabalho em Kensington.
Estranhamente, Lady Catherine constantemente ficava a olhando como se tivesse algo passando por sua mente. Será que ela sabia que conheceu Sua Alteza Real, Príncipe Harry? Que dançou com ele? Afastou o pensamento da cabeça enquanto se preparava para ir tomar um café da manhã com Matthew.



Matthew não estava nem um pouco preocupado em se levantar e ir se arrumar. Estava muito confortável deitado em sua cama, mas as mensagens insistentes de Renata e Rachel reclamando que ele estava atrasado para encontra-las realmente estava incomodando. O movimento ao seu lado e o beijo em seu pescoço trouxeram um sorriso ao seu rosto.
- Tira logo esse sorriso do rosto e vai se arrumar. Seu celular tocando não está me deixando dormir.
Riu levemente enquanto se levantava, sem nenhuma vergonha pela exposição nua de seu corpo.
- Bom dia para você também.
- Bom dia, 8 gominhos. – foi a resposta, abafada pelo travesseiro, que ele conseguiu ouvir, enquanto entrava no banheiro e começava seu banho, com a porta aberta, como um convite.

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2021 ⏰

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