Capítulo 3

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Começou a balbuciar pedidos de desculpas para as senhoras, enquanto tentava se esforçar para ouvir o que a pessoa do outro lado da linha estava falando. Mas o telefone estava mudo. Tudo o que ela precisava! Que a ligação caísse... o que não era tão impossível assim, levando em conta que estava underground.
Nunca a baldeação para casa pareceu demorar tanto. O ônibus parecia mais lerdo, e o telefone não tocou novamente. Poderia retornar a ligação, mas o número era desconhecido, privado. Assim que alcançou o seu ponto, Renata saiu correndo, fazendo com que algumas pessoas a olhassem, estranhando aquela "louca" na rua. Apressadamente, sem nem cumprimentar Claire, que arrumava as mesas externas da varanda frontal do Coffee. Renata subiu correndo para seu apartamento. Sua senha no alarme nunca tinha sido digitada tão rapidamente. No aparador em frente à porta estava a correspondência da semana, que ela negligenciara em virtude dos testes que fez.
Todos aqueles envelopes, que ela só passou o olho quando chegaram, entre eles estava um que ela aguardou tanto e nem esperava que receberia. Ela não tinha reparado antes porque não havia nada que o identificava como um envelope vindo do Palácio.
Seu telefone voltou a tocar.
- Pois não?
- A ligação foi perdida. - comentou Liz brevemente. - Então, como eu estava lhe dizendo. Como não recebemos uma resposta a nossa correspondência que lhe foi enviada, queríamos confirmar via telefone sua desistência da vaga, para que possamos dar prosseguimento na contratação de outra pessoa.
- Srta. Thomas! Perdão, mas eu não desisti da vaga.
Do outro lado da linha, Liz franziu o cenho. Com essa ela não contava.
- Não? Então por que não nos respondeu?
- Porque... - claro que ela estava envergonhada em falar que nem dera atenção às cartas que chegaram. - ...foi uma semana corrida, então eu não tinha lido minha correspondência ainda.
- Nós te avisamos que enviaríamos a resposta por correio, não? - claro que ela sabia que tinha, mas queria confirmar que não fora um problema deles. A srta. Shaw já deveria ter começado o seu treinamento no palácio há pelo menos 2 dias.
- Er... Sim, srta.
- Ok. Então abra essa carta, leia com atenção todas as informações necessárias. Estaremos lhe esperando aqui no palácio amanhã pela manhã. Seu horário também está discriminado na carta, assim como qualquer detalhe necessário.
- Sim, senhora.
- Até amanhã, Srta. Shaw.
- Até amanhã.
- E lembre-se...discrição acima de qualquer coisa.
- Sim.
Sem dizer mais nenhuma palavra, Liz Thomas desligou o telefone.
Sinceramente, ela não sabia o que se passava na cabeça da Duquesa por escolher aquela senhorita quando a srta. Smith tinha obtido um resultado levemente superior. Mas era o desejo dela, e a função de Liz era realizar os mínimos desejos dela.
Negou com a cabeça enquanto se encaminhava para outra área do Palácio, onde pudesse informar que a senhorita Shaw iria sim começar a trabalhar

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Harry saiu do banheiro, se secando. Aquele banho que tomara para relaxar, além de tirar a tinta que havia espirrado em seu corpo enquanto pintava, de relaxante, não tinha nada. Suspirou frustrado, esfregando com força a toalha em seu cabelo. Sentia-se pressionado de tantas formas diferentes e agora ainda tinha que tentar conciliar a falta de sono em sua agenda. E claro, sempre que dormia, sonhava com ela. Estava cansado disso. Precisava expurgar essa pessoa de sua cabeça. Precisava de Cressida, precisava de... Liz.
Pegando o celular no criado-mudo, se levantou enquanto discava os números, torcendo internamente para que Liz o atendesse. Claro que foi novamente ignorado. Ela não queria e não falaria com ele por um bom tempo, a história deles era mais complicada do que o esperado, e isso não agradava Harry nem um pouco. Gostava quando as coisas eram práticas, na hora. Gostava de ação. Não era por menos que estava na RAF, e com missão prevista para... logo.
Frustrado, pensou em ligar para Skippy. Ele sempre tinha uma ideia do que fazer nesses dias ociosos, mesmo que soubesse que tinha uma namorada e certa responsabilidade.
A questão com Cressida é que ela amava mais uma festa e as facilidades em ser a namorada do Príncipe Harry, do que amar o próprio Harry. Pensando por essa lógica, ele não se sentia tão mal assim por sair e se divertir com seu melhor amigo enquanto Cressida fazia o mesmo. Dando de ombros, ele ligou para o amigo e já marcava o que fariam naquela noite.

Efeito MorphailOnde histórias criam vida. Descubra agora