Renata engasgou enquanto bebia seu frappuccino. Liz de fato era uma pessoa de extremos. Em um momento ela era extremamente amigável que parecia uma amiga de longa data, enquanto 5 segundos depois, ela se tornava uma juíza da Alta Inquisição Espanhola.
- Você sabe que isso pareceu muito com aqueles programas de entrevistas e bate papos, né? Tipo, "uma cor, um local, uma palavra, Renata por Renata".
- E você está desviando do assunto principal por algum motivo?
- Não. - Suspirou. - É apenas que...é meio complicado.
- Elucide-me.
Renata rolou os olhos. Ela estava mesmo desenvolvendo uma espécie de amizade com Liz Thomas?
- Meu pai é dono de uma firma de advocacia. Shaw Advogados. Ele possui alguns sócios minoritários, mas ele é o sócio majoritário, com 80% das ações.
- Mas essa firma é... tradicional.
- Sim. É herança de família. Foi fundada por meus ancestrais em 1893 e desde então tem passado de geração em geração, até chegar em meu pai. E vai passar para a minha irmã quando meu pai achar que chegou a hora.
- Se a sua família está bem estruturada... por que trabalhar como camareira da Família Real?
Renata deu um sorriso. Sua família estava além de bem estruturada, não que Liz precisasse saber disso.
- Porque eu sou formada em Administração e eu sempre quis focar em hotelaria, apesar da minha família querer que eu fizesse parte do corpo administrativo da empresa. E para você entender como funciona as coisas, você tem que começar de baixo. Por isso eu fiz o curso de camareira. Como esperar que eu gerencie e administre um hotel algum dia se eu não souber como ajudar e corrigir o pessoal. Até que vocês ligaram para a escola e pediram por pessoas. O resto, você sabe.
- Sinceramente, Renata. Eu não esperaria alguém da alta burguesia trabalhando com cidadãos comuns.
- Não estamos no século passado, Liz.- retrucou, sem querer corrigi-la e contar que na verdade, ela possuía sim, de certa forma, um sangue azul. - O sistema de castas não deveria ser tão importante assim.
- Devo te lembrar para quem trabalhamos? O topo do sistema de castas.
Elas riram.
- Sim. Você tem um ponto. Acho que esqueci disso.
- Como alguém esquece disso?
Rê deu de ombros.
- Eu só mantenho na minha cabeça o que é importante. E isso envolve tudo o que eu tenho que fazer para fazer um trabalho decente e todo o protocolo envolvido. Quem são os meus chefes não é tão importante assim enquanto eu fizer o que eu tenho que fazer sem erros.
Liz deu um sorriso. Renata era realmente alguém com personalidade forte.
- E o fato de você ter dançado com um dos seus patrões ontem? Onde se enquadra em profissionalismo?
- Isso é... diferente.
- Como pode ser diferente?
- Ele... me salvou.
- Como assim, você a salvou? - William perguntou para Harry enquanto se servia de mais um drink.
- Christian Tulson. Pelo o que Arthur me falou, ex-namorado dela. Ele estava segurando o braço dela com força. Não duvido que tenha ficado marca nela. Então eu...
- Você foi o cavaleiro de armadura reluzente dela e fez o cara a soltar.
- Basicamente, sim.
- Harry. - William suspirou. - Ela pode ter um ex namorado, mas você tem uma atual namorada. Cressida. Lembra?
- Claro que eu infelizmente me lembro.
- Infelizmente?
- Ela é uma ótima pessoa, Will, mas não para mim. Nós funcionamos melhor apenas como amigos.
- Harry... não é para mim que você tem que falar isso.
- Eu sei. É que...
- Você não sabe como terminar o relacionamento. - disse Kate, do batente da porta, onde estava recostada.
- Exatamente. - Harry confirmou para a cunhada. - E ao mesmo tempo, eu sinto que o certo é eu ir atrás da Renata, se isso faz sentido.
Kate franziu a sobrancelha. Ela havia escutado a conversa, é claro. Ela só achava engraçado que Harry já estivesse tão aficionado por uma garota com quem ele apenas dançou uma vez. Ao mesmo tempo, ela se lembrava que ele não estava sendo ele mesmo ultimamente. Será que também era essa mesma moça?
- Harry... - começou Kate lentamente. - ...foi realmente a primeira vez que você a viu?
- Sim. Por que?
- Então... não é ela quem tem tirado o seu sono?
Harry suspirou. Sabia que tava tranquilo demais para ser verdade. Um dos dois tinha que abordar o assunto. O pior era que ele viu que Will se ajeitou curiosamente em sua cadeira, querendo saber mais sobre.
- Não é um assunto que me deixa...tranquilo.
- Nós sabemos! - exclamou Will, esticando a mão na direção de Kate para que ela se aproximasse deles. - Por isso nós nos preocupamos.
- Nós somos sua família, Harry, e queremos o seu bem.
- É outra pessoa que me tira o sono. Uma pessoa que nem existe.
- Como assim? - o casal perguntou em uníssono, fazendo com que Harry desse uma pequena risada.
- Assim. Eu simplesmente comecei a sonhar repetidamente com essa pessoa...essa lady. E... no meu sonho, ela é minha noiva. - Harry estava encabulado por estar revelando tanto sobre si para eles. - E depois que eu tive o primeiro sonho... eu acordei com a sensação de que ela era real, de que ela estava perto.
- Talvez... - começou Kate cautelosamente. - Isso seja apenas uma representação do seu subconsciente sobre uma vontade de se estabelecer.
- Me estabelecer? - Harry deu uma risada.
- Sim. Se estabelecer. Você mesmo disse: ela é a sua noiva, em seu sonho.
- E por isso eu quero me estabelecer?
- Exatamente.
- Então eu também devo pressupor que eu queria ser o Príncipe Herdeiro e que o Will não existisse? Se bem que pelo menos 5 vezes ao dia eu desejo que meu irmão não existisse.
- Príncipe Herdeiro? Nunca imaginei que você quisesse ser o próximo a subir ao trono, Spike.
- E eu não quero! - ele retrucou para o irmão, exasperado. - Estou mais do que satisfeito em ser o terceiro na linha de sucessão. Esperançosamente, logo o quarto ou o quinto. E lentamente me afastar do trono enquanto vocês procriam os nossos próximos reis e príncipes e princesas. Mas no meu sonho, sou só eu. Só o Príncipe Henry, da Inglaterra, destinado a se casar com Lady Renée Cromwell.
William assumiu uma expressão pensativa, enquanto Kate deu uma risada.
- Sério que a sua noiva, em seus sonhos, se chama Renée?
- Sim. Por que?
- Você sabe o significado do nome dela?
- Obviamente que não.
Kate deu um sorriso.
- Bom. Vou deixar você descobrir sozinho.
- Príncipe Henry e Lady Renee? - Will questionou, não dando atenção para Kate.
- Sim. - Harry olhou para o irmão estranhamente. - Por que?
- E tudo isso acontece com a Vovó como Rainha?
Harry riu. E então se lembrou que não entrou em muitos detalhes.
- Não. Eu tenho um pai. Que é o Rei. E vivemos num clássico castelo de pedras, nada como o Palácio de Buckingham. Nós vivemos na Idade Média, Will. - complementou com um sorriso.
- Entendi. - foi a única resposta que recebeu. E viu os olhos do irmão brilharem com alguma ideia que passava em sua cabeça. Então ele voltou a focar no irmão. - E quanto à Christian Tulson, Renata Shaw e Cressida Bonas. O que vai fazer?
- Posso responder isso depois? Prefiro relaxar e pensar na viagem para Las Vegas que Skippy tá planejando do que pensar em Cressida.
William ia contestar que não era apenas sobre a namorada do irmão que ele havia perguntado, quando foi cortado pela esposa.
- Renata Shaw?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Efeito Morphail
RomanceO Efeito Morphail é o princípio descrito por Michael Moorcock como a viagem no tempo limitada, de modo que paradoxos não sejam possíveis. A Viagem no Tempo pode ser interessante, mas complexa quando acontece em momentos em que se torna difícil para...