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The chief inspector, and his interrogation

Eu estava ofegante, era um momento de alta concentração, mas ao mesmo tempo de libertação.

Lizzie Stark sempre foi uma grande amiga, ela é dois anos mais nova que eu, porém, sempre a vi como parte da minha pequena roda de amigos. Ela é importante na minha vida, foi com ela que tive dezenas de descobertas, entre elas, a minha sexualidade.

- Lizzie, mais forte! - Falei sentindo seu corpo acima do meu, ela é linda, além de ser ótima no que faz, uma prostituta. E quem sou eu pra julgar? Ninguém. Ela olhou pra mim toda suada, e concordou com a cabeça, aumentando o ritmo de seu quadril.

Não sou uma mulher tradicional, esse é um dos motivos de eu nunca ter casado. Os homens odeiam mulheres que usam sua inteligência ou que são decididas naquilo que querem, eles ficam apavorados. Lembro que uma vez enquanto estava no ato, pedi para o meu parceiro de encontro ser submisso, ele se assustou e nem terminou o serviço, fugindo pelado pela rua deserta. Fiquei chateada na época, mas hoje percebo que me livrei de um encosto.

Lizzie continua seus belíssimos movimentos, até ambas chegarmos no auge, ela deita ao meu lado respirando alto.

- Você precisa me procurar mais, se toda vez for assim, faço todo dia se quiser. - Ela disse ofegante, me fazendo rir.

- Engraçadinha, dona Elizabeth. - Falei jogando a almofada nela, me preparando pra levantar da cama, fui até a pequena cômoda, onde minha bolsa estava, e tirei cinco libras.

- Não, sabe que eu não gosto quando você paga, não faço por dinheiro - Diz ela se levantando e pegando minhas mãos - Você é minha amiga, não precisa pagar.

- Ok, então eu vou te dar um presente - Falei colocando o dinheiro de volta na bolsa.

- Não quero presente.

- Deixa de ser teimosa, se não gostar joga fora, Lizzie - Falei agachada, pegando minhas roupas do chão, e começando a me vestir.

- Você é irritante, sabia? Igual ao Thommy quando vem aqui, John é mais legal - Falou indo se sentar na  cama.

- Percebeu que só falta Arthur e Ada pra completar?! Você pegou metade da família Shelby, Lizzie - Falei me olhando no espelho, enquanto tentava ajeitar os meus cabelos, preciso cortar, estão muito longos.

- Arthur prefere as loiras, sua irmã não curte, já perguntei. - Disse com um sorriso ladino.

- Britânica safada - Peguei meus sapatos, e comecei a colocá-los - Tenho que ir, tia Polly tem um assunto sério pra tratar, e Finn me deixa de cabelos em pé na hora de dormir.

- Pensei que tinha dito que ia deixar o Thommy cuidar do pestinha - Falou me abraçando.

- Eu ia, mas agora Thommy vai estar ocupado, tenho certeza que o sermão dele nem foi tão pesado, ele sempre passa a mão na cabeça do Finn - Abracei ela de volta, e dei um beijo em sua bochecha - Tchau Lizzie, nos vemos depois.

- Tchau, Lia. Não vejo a hora, até porque, você é minha Shelby favorita.

- Vou jogar isso na cara do Thommy. - Falei rindo - Beijos.

Saio de sua casa e começo a andar pra minha. Já era noite, e tinha poucas pessoas na rua, a maioria prostitutas se preparando pra algum programa. Gosto do clima daqui, é ameno e reconfortante, apesar de tudo.

Começo a ouvir passos atrás de mim, de início finjo que não percebi, não é bom demostrar medo e nervosismo, mas ainda bem que estou com a minha arma na bolsa. Quando estou prestes a virar a esquina, a duas quadras da minha casa, vejo um homem fardado vindo em minha direção.

- Olá, bela moça, gostaria de me acompanhar, por favor? - Falou com um sorriso nojento na cara.

- Não sou prostituta! - Já estava com a mão na arma, dentro da bolsa.

- Nós sabemos - Disse o outro com um cassetete, logo passos mais pesados surgiram atrás de mim, quando me virei, só vi algo preto vindo em minha direção, sem tempo de desviar, sinto a pancada em minha cabeça.

Caio no chão, eu não conseguia enxergar quase nada, minha visão estava turva, apenas senti quando me pegaram no colo, depois disso apaguei totalmente.

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Minha cabeça parecia querer explodir, a lateral direita era a parte mais dolorida, mas mesmo assim consegui ouvir gritos, notei que vinham de um homem.

Abro os olhos, mas é uma dor forte se espalhando pela minha face. Tento focar completamente a minha visão e quando consigo, meu coração errou uma batida.

Arthur.

Ele estava algemado pelos pulsos, sem camisa, marcas roxas e vermelhas se espalhavam pelo seu corpo, e ele ainda apanhava de dois policiais que usavam os cassetetes pra bater em seu corpo. Tentei me levantar, mas notei que estava presa a uma cadeira e logo notei s senti, uma mordaça em minha boca.

Foi então que ouvi o barulho de uma porta sendo aberta, de lá saiu uma homem com uma aparência aristocrática, terno bem passado, chapéu coco de marca, e um bigode horroroso. Ele era o chefe, dava pra notar, ele fez um movimento com a mão, e os merdinhas pararam de bater em Arthur.

- Coloquem ele em uma cadeira sentado de frente pra vadia. - Falou tirando o casaco e o paletó, arregaçando as mangas da camisa branca, ele se voltou pra perto de mim e me olhou - Vejo que acordou, Amélia. - Arrancou a mordaça do meu rosto - Isso é bom, assim me poupa tempo.

Colocaram Arthur sentado em minha frente, ele estava péssimo, todo ensanguentado. Arthur levantou o rosto, e percebeu a minha presença.

- Mas que merda! Se vocês encostarem um dedo na minha irmã, se considerem mortos seus inse... - O policial deu um soco em seu rosto, o calando.

- Não bata nele, imbecil! - Falei alto.

- Vejo que possui um linguajar sujo, Amélia. - O chefe dos babacas falou -  Sou o inspetor Chester Campbell, espero que seja cooperativa, e me responda devidamente.

- Vai se ferrar - Falei olhando em seus olhos.

- Ah sim, arredia igual ao irmão, não é do meu feitio bater em mulheres, mas pela segurança nacional, faço esse prazeroso sacrifício - Disse vindo em minha direção. O filho da puta tem mão pesada, um bom gancho de direita, mas se eu estivesse solta, e fosse somente eu e ele, eu o deixaria de cadeira de rodas. - Vou perguntar de novo, onde está a carga que a sua gangue roubou? - Falou olhando pra mim, com as suas mãos ensanguentadas.

- NÃO SABEMOS DE NADA PORRA, NÃO ENCOSTA NELA! - Ouvi Arthur gritar, levantei a minha cabeça, e olhei pro maldito inspetor.

- Talvez esteja na casa da sua mãe, ela deve receber muitos clientes lá, vai que algum deles foi quem roubou - Logo em seguida recebi um soco no rosto, mas como eu estava com adrenalina no corpo, não senti tanto a pancada, meu rosto estava dormente, olhei para ele e comecei a rir.

- Senhor estamos aqui há horas, talvez nós pegamos os irmãos errados - Disse um dos policiais.

- É verdade, senhor, dizem que quem comanda tudo é o segundo irmão, Thomas Shelby se não me engano - Falou o outro.

O inspetor Campbell chegou perto de mim novamente, analisando os meus olhos, eu era uma ótima mentirosa, então sabia que de mim ele não arrancaria nada, Arthur realmente não sabia das armas, éramos inúteis pra ele.

- Eu vejo malícia em você - Disse me observando, e encostando aquela mão nojenta dele no meu rosto - Mas tem algo em você que não me convence, seu irmão realmente é um inútil, mas você não, você é diferente, senhorita Shelby - Largou meu rosto, e se virou para os dois policiais - Levem eles de volta pra rua onde pegaram a garota, terminamos, por hora - Então se retirou, após me olhar uma última vez, deixando os dois incompetentes conosco. Estávamos fracos, não tínhamos como dar um jeito neles, mas ao menos aquilo tinha acabado.

Agora, ao amanhecer do dia, caminhando ao lado de Arthur, percebi que não importa mais se as malditas armas serão entregues ou não, eu apenas quero a cabeça daquele velho asqueroso.

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