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The end is just the beginning

O teto possui uma rachadura, com cinco centímetros de largura e sete de comprimento, como eu sei? Fiquei a madrugada toda olhando pra ele.

A insônia se tornou uma companheira nos último anos, mas a mais recente foi a pior de todas, não consegui manter os olhos fechados por muito tempo, e ainda venho sentindo um aperto no peito, isso me soa como um sinal, muita gente não liga pra isso, mas eu como cigana e ainda sendo sobrinha de Polly, acredito. Sou supersticiosa, e infelizmente tenho uma ótima intuição, que em boa parte das vezes, não sinaliza coisas boas.

Sinto os raios de sol no meu rosto, até que tá mais quente hoje, não sei se agradeço por já ter amanhecido ou se me irrito, por ter que sair da minha confortável cama, hoje é 11 de novembro, e sinceramente nunca estive tão ocupada e estressada em toda a minha vida, manter a casa e os negócios em dia é bastante difícil e complicado, apesar de tia Polly ter pulso firme, sinto que ela também vem sofrendo esse desgaste, e ainda tem os dois pestinhas mais novos pra cuidar.

Ada já tem 21 anos e é incontrolável, acho ótimo ela curtir a juventude, mas as vezes ela exagera, voltando pra casa dias depois, após passar noites e madrugadas festejando sem dar satisfação pra ninguém, entendo que essa é a forma que ela encontrou de suprir a ausência dos nossos irmãos, mas eu queria que ao menos uma vez, ela se torna-se mais responsável.

Finn é o caçula, com seus 10 anos de idade é um garotinho fofo e baixinho, mas ele não tem nada de inocente, sempre aprontando pelos arredores do bairro, se metendo em confusões, e ainda sem querer estudar, ele mal sabe ler e escrever o básico, e isso me preocupa, não quero que ele se perda como pessoa, não somos perfeitos, mas Finn não é meus irmãos, ele não precisa ser eles, e por mim, vou adiar o quanto for preciso, para que Finn não tenha que lidar com os negócios "brutos" da família.

Depois de terminar de me arrumar, fui para a cozinha, encontrei Polly terminando de fazer o café.

- Bom dia, tia Polly.

- Bom dia querida, pode pôr a mesa pra mim?

- Claro, tia - Falei já pegando os utensílios - Tia, a senhora viu o Finn?

- Está quase descendo, foi uma luta fazê-lo levantar, tô quase dando uma surra nele.

- Sabe que não vai adiantar né? Bom, pelo menos não adiantou com os outros - Falei em tom brincalhão.

- Realmente, todos são teimosos, parecem que se divertem as minhas custas, Ada novamente não dormiu em casa, o que eu tenho que fazer pra colocar a cabeça dela no lugar? Já não basta a preocupação constante com seus irmãos, ainda tenho que ir atrás da sua irmã, impedir que ela leve uma surra ou algo pior na rua, mesmo sendo uma Shelby, você sabe que isso não vale de nada pra alguns homens, eles vêem como desafio, e isso me deixa apavorada. Nos julgam como fracas, já que seus irmãos não estão aqui, mal sabem eles que sou eu quem eles deveriam temer.

- Acho que já tá na hora de termos uma conversa séria com ela, estamos atarefadas na casa de apostas, e Ada não faz nada pra ajudar.

- Concordo, talvez possam...

- TIA POLLY, TIA POLLY- Ouvimos o grito de Finn no andar de cima, nos olhamos e rapidamente pegamos nossas armas, que estavam em cima do armário, e subimos pra ver o que era.

Quando entramos, vimos Finn olhando pro rádio antigo de Arthur em cima da cama, Finn ganhou ele antes de Arthur subir no trem pra França. Uma lembrança que meu irmão mais velho quis deixar pro nosso irmão mais novo.

- Porque está gritando, Finn? Pensamos que fosse algo sério - Disse tia Polly abaixando a arma e suspirando aliviada.

- Tia, Lia, vocês precisam ouvir isso - Falou ele trazendo o rádio até nós, o áudio estava falhando, mas ainda assim deu pra ouvir as últimas palavras.

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