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Problems On Board

- Você enlouqueceu, Ada? Você anda se encontrando com o Fred Thorne? - Impressionante como eu sou azarada, quando estava saindo da casa de apostas no horário do almoço, vi um casal se beijando num beco sem saída, até ai tudo bem, mas eu reconheci na hora aqueles cabelos, eram de Ada, e qual foi a minha grande surpresa, ver o tão famoso comunista Fred Thorne com ela, quase tive um infarto.

- Eu posso explicar, Lia - Ela ainda estava toda suada, mas também do jeito que estavam se beijando, quem não ficaria - Mas precisamos conversar em outro lugar.

- Ah, mas vamos sim, você vai me explicar direitinho que palhaçada é essa que eu acabei de ver! - Falei mais calma.

- Olha, não é necessário toda essa confusão, é bem simples de entender - Falou o comunista safado.

Apesar de eu ter crescido ao lado de Fred, eu sempre o vi como um homem sem futuro. Não nego que a causa seja importante, a luta dos trabalhadores deve sim ser debatida e ouvida, mas Fred é um líder que vai nas ações, sejam elas calmas ou perigosas, ele sempre estará na linha de frente.

É questão de tempo até que ele seja preso ou morto, e agora com essa cena nojenta que eu acabei de ver, me preocupei com Ada. Ela é tão inteligente, mas ao mesmo tempo tão ingênua, não duvido nada que ele prometeu diversas coisas pra ela.

- Fica na sua, a conversa não é com você - Falei me dirigindo ao energúmeno filho da puta, que estampava um sorriso irônico no rosto.

Ele se agarra num beco horroroso com a minha irmã, e ainda vem amenizar a situação, típico de um líder sindical. Um conselho que minha mãe sempre dizia:

"Nunca namore com um deles!"

Apesar deles serem enérgicos e lutarem por algo digno, eles sempre irão colocar a causa acima de qualquer coisa. Até mesmo de quem eles dizem se importar, talvez eu esteja exagerando, mas eu vi de perto o que Fred é capaz de fazer, o tanto de corações partidos que ele quebrou ao colocar a causa comunista acima de tudo e todos, não quero que Ada seja a próxima - Vamos pra casa agora, Ada! - Falei pegando a sua mão e deixando o comuna pra trás.

- Falo com você depois, Ada - Disse o atrevido.

- Você tem sorte, Ada.

- Sorte? Você me pegou no flagra, tô envergonhada ainda - Falou ajeitando seu vestido, que estava todo amarrotado.

- Melhor eu do que os nossos irmãos, sabe que quando eles descobrirem, vão atrás dele - Chegamos em casa, e já peguei uma garrafa de Whisky, coloquei em dois copos, e dei um para Ada - Precisa pensar irmã, é esse o futuro que você quer? Ao lado de um comuna, que você nem sabe o que faz nas reuniões malucas dele?

- Ele me conta algumas coisas - Falou insegura.

- Isso é pior que do eu imaginava, Ada - Peguei na mão dela - Não vê que estando com ele, você se torna um alvo fácil? A polícia está atrás dos comunistas, e de qualquer um que se relacione com eles, já somos envolvidos com problemas demais, Ada. Não torne sua vida mais difícil, você é tão jovem, não precisa passar por isso.

- Eu o amo, Lia - Disse chorando - Amo de verdade, quero me casar com ele.

- Casar? Você realmente perdeu o juízo! - Coloquei mais Whisky no meu copo - Precisa parar enquanto tem tempo, isso só vai te entristecer no fim.

- Você não tem certeza disso. - Falou convicta.

- Realmente não tenho, mas precisa tomar cuidado, veja o tempo em que vivemos, ele nada nos favorece, ainda mais quando se relaciona com um homem que é envolvido com política.

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