Capítulo V

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Todas as Luzes do Mundo.

"E eu estava correndo para muito longe
Eu fugiria do mundo algum dia?
Ninguém sabe, ninguém sabe
E eu estava dançando na chuva
Eu me senti viva e não posso reclamar (...)"

...

Houve um tempo em que os "pós-festas" com os amigos eram mais divertidos do que a própria festa em si. Sair de um lugar lotado apenas com as pessoas especiais, conversar sem o barulho alto das músicas e conversas na multidão, ir para algum lugar em que sempre iam, ou experimentar um ambiente novo.

Na última vez que esteve em um baile era primavera, então não havia a parte de sair para o lado de fora e se congelar com a brisa fria que corria pela noite. O ar estava apenas fresco e a noite clara e calma, apesar de estarem saindo do grande caos no ginásio e pátio da escola. Eles andavam pelas ruas em uma turma de quatro: Elizabeth, Scarlett, Dylan e Trevor, o grupo inseparável. Isso foi antes de Scarlett começar a namorar Daniel, Dylan precisar lidar com problemas pessoais e Trevor ter se excluído por um tempo, quando tudo parecia normal e perfeito. Na festa, Trevor puxava todos para a pista de dança, e até Dylan, que odiava bailes e sempre fora obrigado a ir pelo grupo, tentava entrar na brincadeira. A noite ainda parecia perfeita, com poucas nuvens no céu, mas pela claridade, consequentemente com poucas estrelas. Naquele mesmo dia eles foram ao "Shakespearean Gardens" e se sentaram do lado de dentro do parapeito da ponte de pedra, e conversaram enquanto tomavam milk shakes de uma lanchonete perto dali. Trevor, usando uma bandana vermelha na cabeça, um terno cinza e gravata colorida, de repente, pegou o seu celular, e colocou Melting para tocar no último volume, quando puxou Elizabeth, que no dia vestia um simples e delicado vestido salmão, para uma dança no meio da noite, enquanto Dylan e Scarlett riam com a cena. Aquela foi a última noite perfeita.

Agora ela estava ali, sem Dylan, sem Scarlett, sem Trevor, definitivamente sozinha sentada no parapeito da ponte do lago do parque, vazia. Se soubesse que aquela teria sido a última noite teria dançado mais, teria rido mais, passariam horas e horas conversando e se divertindo juntos e não se importaria de chegar em casa às quatro da manhã e levar uma bronca da sua mãe por ter passado tanto tempo fora, ficando de castigo por pelo menos um mês.

"O quão forte deve estar a dor de alguém que seja capaz de fazê-la se entregar? O quão anestesiada uma pessoa deve ser para encarar os seus pés de um lugar alto e não ter medo da morte?"

Ela não compreendia. Pois, naquele momento em que estava apenas pensando em todas as coisas que aconteceram nos últimos dias, Elizabeth sentia um medo desesperador apenas ao pensar em se desequilibrar daquela altura e cair no lago sem saber nadar. Entretanto, desde que se sentou ali, sua intenção nunca foi pular. De alguma forma aquilo a fazia lembrar que ainda estava ali, e estava sob controle.

O vento gélido daquela noite fazia seus cabelos negros voarem. Sua franja longa enroscava frequentemente no glitter e nas pedras da máscara personalizada. Sentada no parapeito daquele lugar alto encarando a água do rio abaixo de seus pés e da saia azul marinho de seu vestido, suas mãos suavam frio e sua respiração estava ofegante.

"Por favor, eu só quero que esse sentimento horrível vá embora. Eu só quero viver em paz em minha vida pacata, como no passado, quando não conhecia essa dor."

Pensava alto enquanto suas mãos tremiam. Apesar de já não estar tão agitada quanto antes, todas as coisas ruins que viveu até aquele momento passavam por sua cabeça, enquanto ela se questionava: "Por quê?".

Uma ventania forte levou a fita de cetim vermelha que estava amarrada em seu cabelo, deixando a parte que ele prendia solta, mas ela já não se importava mais com ela.

Todos os Tons de AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora