When I fell asleep

Nós brilhamos

 Harry estava deitado no sofá naquela manhã enquanto Céline finalmente dormia. Ele jogava uma bola de papel amassado para cima, distraído, até que Maggie se aproximou e se sentou ao seu lado.

— Bom dia.— Ela disse com duas xícaras de chá em mãos.— Chá?

— Claro, obrigado.— Pegou a xícara.— Primeira vez que vejo um americano me oferecendo chá e não café.

— Minha mãe era Londrina. Cresci tomando chá e nem podia ser de saquinho.

— Louis sempre me disse que "o saquinho mata", ele faz o melhor chá, sabia?— Tomou um gole.— Mas o seu é ótimo também.

— Louis é um bom rapaz, um cavalheiro. Mal posso esperar para vê-lo novamente.

— Eu também.

— Sente falta dele, não sente?

— Um pouco.— Encarou o nada.

— O que é isso que estava jogando para cima?— Se referiu a bola de papel no sofá.

— Uma música que não vão me deixar lançar.— Lhe entregou o papel e ela leu.

— "To be so lonely", nossa. "Não me chame de amor novamente, você tem suas razões." E se eu te dissesse que o Louis ainda te ama? E que sente sua falta também?

— Isso seria lindo, mas eu não posso. Ele finalmente tem a liberdade dele, não posso estragar isso, Maggie.

— Mas... Se ele está livre, por que não aproveitam a liberdade juntos?

— Mesmo que eu queira eu não posso. Ele ama o Luke, estão namorando há meses.

— Ele não ama aquele Luke. Ele não o faz brilhar como você faz.

— Mas e a Céline? Aliás, como a senhora se sente sabotando a própria neta?

— É pelo bem dela. Você e ela não brilham como ela e o Stephen brilhavam e como você e o Louis brilham.

— Eu e o Louis brilhamos?

— Vi vocês dançando, se aquilo não é amor verdadeiro, eu não sei o que é.

— Mesmo assim, eu amo a Céline de verdade, não quero magoá-la, ela ainda é a mãe do meu filho.

— Pare com isso. Minha Céline é a mulher mais forte que eu já vi e se eu a conheço bem, ela só quer que seja feliz. Tenho certeza que ela já percebeu que não vai ser com ela. Quando ao pequeno Jonathan, ele ainda é seu filho e ela não vai deixar que ele fique longe do pai.

— Então o que eu devo fazer?

— Termine com ela. Seja feliz sozinho se necessário, mas não desista da sua alma gêmea.

Harry respirou fundo, a encarando e se levantou determinado. Subiu as escadas certo do que faria. Estava nervoso, mas seguiria o conselho. Como um treinamento, ele entrou no banheiro e passou a treinar um discurso de frente para o espelho.

Antes que Harry saísse do banheiro, Maggie entrou no quarto de Céline e a encontrou tentando vestir um vestido, cuja dificuldade era fazer com que o zíper fechasse. A mais velha vestiu uma jaqueta jeans em sua neta e riu baixo.

— Obrigada vovó.

— É assim que se resolve quando seu filho te deixa o dobro do seu tamanho.— Brincou.— Querida, você confia em mim?

— Claro.

— Sente-se.— Céline se sentou na cama seguida da grisalha.— Você percebeu que o Harry tem estado diferente, distante.

— Ele sente falta do Louis, não sente?— Deixou as lágrimas escorrerem.— O Louis me disse que eles não ficariam juntos, mas é inevitável. Almas gêmeas pertencem umas às outras. Me sinto tão egoísta por ter medo de perdê-lo.

— Não, não.— Maggie secou suas lágrimas.— Meu amor, você é forte. Você tem um coração de ouro que já foi tão machucado... Não é egoísta sentir medo.

— Eu sinto tanta falta dele, vovó.

— Eu sei que sente minha filha.— A abraçou.— O Stephen sempre vai estar em nossos corações, mas você não acha que o Louis e o Harry sentem falta um do outro também?

— Mas e o J.C.?— Acariciou a barriga.

— Existem muitos pais separados, meu amor. Tenho certeza de que, mesmo não estando romanticamente com você, Harry nunca irá abandoná-los.

— O que eu faço vovó?

— Se você realmente o ama, tem que deixá-lo livre.

— 'Tá tudo bem?— Harry perguntou entrando no quarto.

— Vou deixá-los a sós. Vocês têm muito o que conversar.— A grisalha disse já se retirando.

— Harry nós temos que conversar.

— Sim, nós precisamos.— Ele se sentou ao lado dela.— Céline, você sabe que eu te amo e que eu amo o J.C. mais que tudo no mundo, mas-

— Mas nós precisamos terminar.

— Como você-

— Você sente falta dele, eu sei que sente falta do Louis. Você sente falta dele assim como eu sinto falta do Stephen.

— Você não 'tá brava?

— Acho que eu percebi que namorar foi algo que fiz pra lidar com o luto que eu estava negando. Agora eu entendo. Você merece ser feliz Harry, mas não comigo.

— Obrigado.— Ele a abraçou.— Muito obrigado mesmo. Tenho certeza de que você vai achar alguém que possa te fazer feliz.

— Só, por favor, não seja um estranho.

— Nunca. Ainda sou o pai do nosso bebê esqueceu? Nunca vou abandonar vocês.