Isso não é Shakespeare

71 7 17
                                    

 Naquele dia os garotos estavam gravando o clipe de sua primeira música What Makes You Beautiful, eles já haviam gravado a maioria das cenas, mas Harry teve que regravar uma cena com uma atriz; aquilo, o modo como riam, e o modo como estavam próximos, de certa forma irritava Louis, tenho certeza que se possível o olhar, preferido por seus olhos, agora mais azuis do que nunca, teria perfurado a mulher.

— O que 'ta te incomodando meu amigo?— Perguntou Zayn se sentando ao lado dele no capô da vã.

— Zayn?— Louis o chamou totalmente focado em Harry.— Há quanto tempo nos conhecemos mesmo?

— Uns nove meses, porque?

— Talvez eu seja gay, ou bi.

— E?— Deu de ombros e abriu sua garrafa d'água.— Eu já sabia.— Ele disse logo em seguida bebendo sua água.

— Uns meses atrás o Harry me beijou.

— O que?!— Zayn se engasgou.— E você só me conta isso agora?— Disse em meio a tosse.

— Foi só um teste pra ver se eu gostava.

— E aí?

— Eu gostei, gostei muito na verdade, eu senti como se meu estômago estivesse cheio de borboletas.— Suspirou com a memória.— Mas eu disse que não senti nada.

— Porque diabos você fez isso?— Perguntou indignado.

— Eu não sei! E agora eu quase não gosto de mulher, algumas eu ainda gosto, eu acho, mas eu odeio a ideia de ver ele com outra pessoa; se ele gostava um pouco de mim eu arruinei todas as minhas chances.

— Primeiramente,— Zayn fechou a garrafa.— sexualidade é só um espectro, às vezes acontece de você gostar de alguém que não condiz com a sua sexualidade; em segundo lugar, se você gosta dele, porque não fala com ele?

— Eu não posso. E se ele não sentir o mesmo ou se ele parar de falar comigo?

— Ta bom, Louis,— Ele segurou os ombros do amigo.— meses atrás o Harry nos disse que gostava de você e sinceramente? Eu acho que ainda gosta, mas ele estava tentando te esquecer porque você vivia com aquele papo de "eu sou hetero" pra cima da gente, então pra ele era simplesmente impossível.

— O que?! Quando ele disse isso?— 'Perguntou Louis num tom desesperado.

— Naquela noite em que a gente contou que eu e o Lili estamos juntos.

— Foi na noite do beijo, há muito tempo, que merda que eu fiz, Zayn, e se ele não quiser mais ficar comigo?— Proferiu o dono dos olhos azuis, cabisbaixo.

Enquanto Louis conversava com Zayn, Harry terminava, finalmente, de gravar a maldita cena que estava matando Louis; ele se sentou ao lado de Niall, seu melhor amigo.

— Louis não parou de te olhar desde que você começou a gravar a cena.— Comentou de forma "inocente" enquanto comia um pacote de batatinhas.

— Já falamos sobre isso, ele é hetero, ele não sentiu nada e eu não quero chorar de novo.

— O dia em que o Louis for hetero é o dia em que os porcos vão voar.

— Para com isso Niall, eu não deveria gostar dele, não, eu deveria começar a namorar e seguir em frente.

— Segura a onda gay. Você não tem como saber se ele não tá entendendo a sexualidade dele ou se é hetero mesmo, gente hetero não fica dizendo "eu sou hétero" o tempo todo, eu sou um exemplo.

— Mas eu beijei ele Niall, e ele disse que não sentiu nada e mesmo que ele gostasse de homens, porque ele necessariamente gostaria de mim?

— Primeiro que conhecendo o Louis ele pode muito bem ter mentido, ele costuma demorar pra admitir alguma coisa; Segundo, o jeito que ele te olha e cuida de você, a dois minutos eu achei que ele ia estourar a garrafa dele só de ciúmes.

— Sério?

— Sério, ele gosta de você, Harry, gosta muito mesmo.

— E se ele não gostar e isso acabar com a nossa amizade?

— Isso não aconteceria, ele é maduro o suficiente pra lidar com isso; Aliás vocês nem dormem mais na mesma cama, então não vai ter nenhum tipo de tensão.

— Eu acho melhor deixar ele falar comigo.

— Você quem sabe, mas essa falta de atitude é um saco.

Assim que as gravações acabaram, eles pegaram a vã e voltaram para o complexo do Princess Park. Enquanto Harry tomava banho, Louis pedia uma pizza, afinal ele sempre foi péssimo na cozinha.

Quando a pizza finalmente chegou e Louis pagou pela mesma, ele a colocou na mesinha da sala para que comessem enquanto assistiam a um programa qualquer na TV.

— Hazz?

— Lou?

— Posso te perguntar algo?

— Claro.— O cacheado se virou curioso.

— Você gosta de mim?— Perguntou sem desviar os olhos da televisão.

— Claro, somos amigos, colegas de quarto.

— Não esse gostar.— Revirou os olhos.— Você gosta, gosta de mim?

— Qual a diferença? Você é hetero.— Apontou como se aquilo não importasse.

— Responde a porra da pergunta Harry.

— Eu não posso.

— Porque não?

— Porque você não gosta da mesma fruta que eu, satisfeito?— Respondeu já irritado.

— Eu se eu gostasse?— Se irritou juntamente ao mais novo.

— Mas você disse que não gosta!— Se levantou exclamando.

— Eu menti, ok?!— Louis fez o mesmo que Harry.

— Porque você fez isso?!

— Eu não sei! Talvez pelo fato de que o cara que tava me confundindo é você!

— Então quer dizer que você gosta de mim?!

— Gosto!

— Então porque a gente tá gritando?!

— Eu não faço ideia do porque! Eu só sei que gosto de você!

— Eu também gosto de você, Lou.— Disse o cacheado baixando o tom de forma meiga.

— E o que a gente faz em relação a isso?

Louis e Harry se encararam alguns segundos confusos, o verde no azul e o azul no verde, sentimentos por toda a casa naquele instante; Harry contou até três rapidamente e beijou Louis segurando seu rosto, o fazendo pender para trás e segurar sua cintura por debaixo da roupa; Eles dão um beijo inesquecível, fazendo com que as famosas borboletas voassem pelo quarto, dessa vez elas tinham um tom rubro fluorescente, não importava o futuro, somente o aqui e agora;

Tudo o que eles pensavam era um no outro, aquilo fazia meses, mas era aquele famoso caso de melhores amigos que só são melhores amigos porque não querem admitir seus sentimentos um pelo outro então continuam com esse papo de melhores amigos; talvez eu tenha sido um pouco específico demais.

Poderia não ter sido seu primeiro beijo, talvez não a coisa mais romântica de todas com um beijo literário clássico em que o casal sai num encontro e se beija em um pedalinho de cisne ao pôr do sol, ou como em "Romeu e Julieta", de Shakespeare, em que o Romeu invade a varanda de Julieta em meio a briga das famílias Capuleto e Montecchio e trocam as frases "Como chegou até aqui" e "Foi o amor que me guiou", em observação a única coisa que o amor guiava entre Harry e Louis naquele instante, nada apropriado para se ver com a família, era os batimentos cardíacos dos dois que disparava como suas respirações; pode não ter sido aquele filme americano adolescente em que o rapaz entra pela janela no meio da tempestade surpreendendo a garota, afinal nem sequer havia uma garota naquele beijo, mas foi um beijo um tanto quanto agressivo posso dizer do meu ponto de vista, mas o ignorem porque eu sou apenas um narrador e o que importa é que o beijo que Harry e Louis trocaram naquela noite foi inesquecível, cada detalhe perfeito; Nunca, jamais, nenhum dos dois se esqueceria daquele dia, mas não se iludam caros leitores, não passou de um beijo.

When I fell asleepOnde histórias criam vida. Descubra agora