Sarah recolheu a mão olhando para Eduardo fazendo uma imperceptível careta. Imaginava que a garota fosse mimada ou nojentinha, mas não a ponto de não responder um simples boa noite. Andou até a cadeira em que sentaria olhando os papéis em sua mão; estava odiando estar naquela situação.
Verônica trocou um olhar surpreso com Gilberto e Pedro. Estavam os três sentados em um canto da sala vendo o desenrolar da última entrevista: Não era o perfil de Juliette ignorar nenhum jornalista, mas a grosseria que ela tinha feito com a mulher loira sentada a sua frente era de se espantar.
— Me vem a impressão de que a conheço de algum canto – ponderou, Verônica.
— Realmente a conhece – dessa vez, quem se pronunciou foi Gilberto — Essa é a jornalista daquele programa que Juliette adora, o das viagens. – gesticulou com as mãos, como se assim, pudesse recordá-la.
— É verdade, é ela mesma. – sua voz quase saíra em um sussurro.
Juliette permanecia a encarar Sarah, assim, sem expressar quaisquer reações. Ela era bem mais bonita pessoalmente que no programa da televisão. O sobretudo avelã que ela usava contrastava com o ensolarado de seus cabelos, esses caíam graciosos sobre os ombros, davam um brilho a mais na beleza clássica.
O olhar concentrado no trabalho que realizava deixava sua aparência ainda mais sexy, a maneira como sentou em sua frente cruzando as pernas, apoiando os braços no descanso da cadeira, moveu as sobrancelhas, como ajeitou os fios de cabelo...
Fantástica.
Poderia passar horas sentada naquele canto, apenas admirando cada pequeno gesto que ela realizava. Entretanto, a luz da câmera se acendeu e o câmera começou a contagem regressiva de cinco segundos para começar a gravação. Somente com a claridade demasiada Juliette pôde despertar de seu estado hipnótico.
— Eu não poderia ter sido mais grosseira, Sarah – comentou. No desespero, deixou soar um portunhol carregado de sotaque — Perdoe-me, acontece que estou surpresa. Sinceramente, eu não imaginava que pudesse ser a jornalista brasileira.
Sarah observou os movimentos agitados da menina em sua direção sem entender bem o que estava passando, então pôs-se também de pé enquanto a cantora morena permanecia a lhe tagarelar.
—... assisto ao seu programa, não posso acreditar que esse seja um roteiro de viagem – comentou ofegante, se aproximava com um olhar animado em direção de Sarah.
Com os segundos que pôde, Sarah trocou um olhar com Eduardo que resumia exatamente o que se passava por seus pensamentos. Gostaria de chamar Juliette de louca, quiçá, desvairada, lelé da cuca, que seja. Será que ela havia bebido algo antes de estar ali? Suas ponderações não impediram que desse dois beijos na face de sua entrevistada.
— Está certa, realmente não é. Trabalho com entrevistas agora – respondeu pondo um sorriso ensaiado em sua face.
— Me entristece não mais poder vê-la em lugares tão lindos como é a Grécia – lamentou, uma das mãos seguiu em direção ao próprio peito.
— Sim, essa é minha penúltima entrevista entregue ao ar... – suas palavras vaguearam enquanto lamentava os dois minutos de seu tempo perdidos — Onde você aprendeu a falar o português?
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Glamour || Sariette • ADP
أدب الهواة[ ADAPTAÇÃO ] História pertencente a Drikka Silva ( Scribd ) - O que você realmente quer de mim, Juliette? - Uma pergunta devolvida e Sarah estava a descer o líquido do vinho por sua garganta. - Não precisamos disso, você sabe o que eu quero Sarah...