Capítulo 5: Totens

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Eu acordo em um local quente e aconchegante. Estou dentro da toca, junto com Virko e Draze.

Já fazem três luas desde que Draze se juntou à alcatéia, e nesse meio tempo todos os meus dentes de leite caíram e novos nasceram no lugar.

Fiquei um pouco preocupado quando meus dentes começaram a cair um após o outro, mas Virko me disse que era uma coisa boa então me acalmei.

Meus novos dentes, embora não tão afiados quanto os anteriores, são muito mais fortes e evidentemente mais duráveis.

Ao menos agora ninguém vai poder falar que meus dentes são de leite. Um passo mais próximo de não sofrer discriminação pela idade.

Me levanto calmamente e ando em direção à entrada. Eu olho um pouco para o rochedo e respiro fundo antes de empurrar ele.

O rochedo sai fácil do lugar, mostrando que eu fiquei muito mais forte nesse último mongari.
É algo que me alegra, mas agora mais do que nunca eu percebo que é insuficiente.

[Fuuiii!]

O vento frio assovia em minhas orelhas antes de preencher a toca, acordando os dois lobos que dormiam tranquilamente.

"Alfa? Já está de pé?"

Draze se ergue com um pouco de confusão nos olhos verde-oliva e olha pra mim enquanto fala tudo que conseguiu pensar. Virko não tem o mesmo problema, apenas levantando com um bocejo e se alongando normalmente.

Olho pra eles e depois me viro para a paisagem fora da toca.

O céu está coberto por nuvens brancas, as árvores não tem mais folhas em seus galhos, e o chão se encontra forrado por neve.

A virada que teve no clima em apenas três luas foi tão grande que parece mentira, mas aí está.
Esse é o início de três longos mongaris de inverno.

"Estou com fome."

Eu falo para os dois lobos sentados dentro da toca.
Draze se levanta.

"Não tem jeito, eu vou caçar comida."

"Do mesmo jeito que caçou ontem?"

Eu rebato impiedosamente as palavras de Draze, fazendo ele se encolher no canto.

A caça está por conta dele fazem duas luas, e nesse tempo foi tudo até bem, mas nos últimos três dias nós não comemos nada.

"Fengel, você não deve culpá-lo. É difícil conseguir comida no inverno."

Virko defende o lobo ômega. Eu apenas posso suspirar.

"Não estou julgando ninguém, mas estou com fome. Venham, me sigam."

Saio de dentro da toca sendo seguido por ambos e adentro a floresta.
Após algum tempo andando, chegamos diante de um enorme tronco de árvore podre caído.

"Draze, use sua aura de proteção e quebre esse tronco, mas tenha cuidado."

"Sim, alfa."

Atendendo à minha ordem, Draze se envolve em uma aura escura que parece fumaça e bate o próprio corpo contra o tronco, o partindo ao meio.

Vários besouros saem voando de dentro das cascas e outros insetos que se refugiaram ali fogem para se esconder.
As larvas ficam rastejando na neve gelada, tentando fugir do frio.

Pego as larvas que estão no chão e, sem hesitar, como elas. Draze me observa perplexo.

"O que foi? Esse pode não ser o prato mais glamuroso, mas é muito melhor do que passar o dia de barriga vazia. Agora vamos, é hora de comer!"

Alfa NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora