Capítulo 10: Beta em apuros

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"Você não é o alfa, então não deve elevar sua voz para Fengel de forma nenhuma!"

Essa foi a primeira coisa que Draze disse à Virko após acordar.

Fengel não quis entrar na discussão deles, apenas avaliou de longe em silêncio.

Virko não tinha o que dizer. O simples fato de Fengel ser o lobo alfa anulava qualquer argumento que ele tentasse usar.

No fim, ele teve de se curvar às palavras de um ômega, algo que nunca havia acontecido durante toda a vida dele.

Ao contrário do alfa, o beta não tem privilégios ilimitados, e a posição não o garante nada. Se Draze fosse mais forte, sem dúvida já teria tomado esse posto de Virko.

O lobo velho estava irritado.

Era manhã, e ele estava já estava caçando. Fengel estava na toca cuidando de Draze que continuava fraco demais, então ele continuava com a caçada solo.

Virko acreditava seriamente que era melhor assim, afinal que ajuda aqueles dois poderiam oferecer à ele?

"Se eu tivesse minha antiga alcatéia, eu mostraria pra eles o que são caçadores de verdade!"

Virko falou quase rosnando enquanto os passos pesados dele deixavam rastros profundos na neve.

"Não parece você, Virko."

Ele ouviu uma voz. A voz não vinha de lugar nenhum que não fosse a própria mente dele.

Ele conseguia ver em sua frente a imagem de uma loba de olhos âmbar e pêlos cinzentos com manchas alaranjadas cobrindo o corpo inteiro. Ele conseguia ver aquela velha loba sorrindo pra ele de maneira afetuosa.

"Não seja tão duro com os mais jovens. Não vai ajudar se você apenas pressioná-los dessa maneira. Paciência, essa é a chave. Você o tem em batalha, mas o momento em que mais precisa dela é quando está ensinando os herdeiros de nossa alcatéia."

Quando ela parou de falar, Virko fechou os olhos e os abriu novamente. A imagem que ele visualizou sumiu.

"Sua velha, não me deixa em paz nem depois de morta."

A voz de Virko tinha um tom triste e melancólico, e os olhos uma expressão deprimida.

Ele tentou afastar qualquer lembrança do passado e continuou seu caminho em busca de uma caça.

Devido ao clima frio e à neve, o olfato se tornou quase completamente inútil. Serviria para caçar animais que já estivessem muito próximos, mas para encontrar a presa no meio da selva seria impossível.

Virko teve de confiar em sua visão que já não era mais tão boa quanto antes para encontrar rastros improváveis e em sua audição desenvolvida para captar sons, mas ainda assim não era nada fácil.

Encontrar uma caça no inverno é, no sentido mais próximo do literal possível, como procurar uma agulha no palheiro.

Ele só podia andar sem rumo na esperança de esbarrar em alguma coisa grande o bastante para valer o esforço.

Virko checou várias moitas e buracos na tentativa de encontrar a toca de algum animal. É claro que se fosse tão fácil não seria necessário racionar comida no inverno.

~3 horas depois~


"Que belo fracasso."

Mais um dia improdutivo era o que Virko estava prevendo.

Ele já estava a mais de 15 quilômetros de distância da toca, o que era muito além do território que a alcatéia poderia cobrir (que equivale a área que o uivo do alfa pode alcançar).

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2021 ⏰

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