Capítulo 6: Caçada rápida

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"Entende, alfa? Você precisa encontrar sinais de que um animal esteve aqui, não apenas o cheiro!"

"Desculpe ser grosso, mas eu não comecei a caçar ontem!"

Para as instruções de Draze eu dou uma resposta grosseira e carente de simpatia.

Já fazem alguns dias desde que começamos a caçar juntos, e parece que Draze pensa que tenho algum tipo de deficiência que não me permite fazer as coisas direito, porque não é possível!

Tudo bem, eu admito que não sou um caçador profissional, já que eu me focava mais em fugir de animais grandes do que caçar eles, mas nem mesmo Virko é tão grudento assim.

"Draze, largue do pé dele. Fengel precisa acumular experiência, e você está atrapalhando ele."

"Tsk!"

Draze rosna baixo para as palavras de Virko e se afasta de mim. Me sinto um pouco mais livre para andar.

O frio do inverno atrapalha muito os sentidos essenciais para a caça, por isso nós três nos mantemos parcialmente separados, com uma distância de 30 metros um do outro.

A partir disso podemos cobrir uma área melhor e ao mesmo tempo manter proximidade o bastante para correr para prestar socorro um ao outro no caso de ataque de predador.

A regra pede que eu, o alfa, lidere a caçada, mas devido minha inexperiência Virko pegou esse cargo.

Estamos andando normalmente quando meus ouvidos captam algo.

"Esperem!"

Eu chamo por Virko e Draze, e eles param.

O som de alguma coisa batendo no tronco de uma árvore é o que eu ouço, mas está longe demais.

"Atrás de mim!"

"Espere, Fengel!"

Eu começo a correr e os dois lobos vem atrás de mim.

Me esforçando para manter meus passos o mais silenciosos possíveis, eu me esgueiro por entre as árvores, priorizando pisar em pedras e troncos descascados que estejam firmes no chão e evitando a todo custo folhas e galhos secos.

Consigo ouvir Virko e Draze atrás de mim. Eles também perceberam o som e estão evitando fazer barulho enquanto correm.

Eu paro de correr subitamente, e os dois lobos param atrás de mim. Daqui nós somos capazes de ouvir alto e claro o som de algo batendo em uma árvore de casca frouxa.

Árvores sem folhas nos cercam de todos os lados, e à nossa frente há um declive que torna impossível ver a origem do som.

"Muito bem Fengel, mas não fique muito animado ou vai estragar a caçada."

"Eu sei, droga!"

As palavras de Virko foram desnecessárias. Eu já tenho problemas o bastante por ser fraco, não preciso desenvolver complexos por ser subestimado por minha alcatéia.

Nos aproximamos lentamente até que possamos olhar para o que tem abaixo do declive, e o que encontramos é uma corça que está raspando e comendo a casca de uma árvore.
O casco da corça batendo no tronco da árvore para a casca se soltar foi o que fez todo o barulho.

"Alfa, me permite tentar uma coisa?"

Draze me pergunta, e eu sinto que algo ruim vai acontecer.

[...]

Tudo pronto para começar a caçada, Draze e Virko se esgueiram pelos flancos da corça, almejando atacá-la da região mais baixa.

Alfa NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora