Dono do Morro ★ JotaKak 「Crackfic」

𝟏: O novato.

- "Que merda de vida." 

Era o que Jotaro dizia, deitado no sofá de sua nova casa, já cansado de fazer a mudança. Depois de ficar dormindo em um colchão emprestado de sua vizinha — a mesma que teria pegado ele no colo quando bebê, palavras dela — com um cobertor fino que era o único que cabia em sua mochila, na sua casa que estava vazia, sem luz, pois haveria faltado na comunidade inteira, era o que ele pensava. "Que merda de vida." 

Mas ele não estaria mal por isso, imagina, já tinha aceitado a um bom tempo de uma hora que a vida de riqueza dele teria ido por água abaixo, afinal, estaria tudo caro, e dentro de um ano todo o dinheiro que ele, e a mãe dele tinha, foi embora voando. Só não chegaram ao ponto de não terem dinheiro para sobreviver. Mas só ao ponto de voltarem para seu antigo lar.

O motivo dele estar assim era ele. Ele quem? Kakyoin. Seu ex-amigo de infância. Ex, porque com o tempo teriam parado de se falar, até mesmo começaram a se desprezar, um ao outro. O que ele não esperava mesmo era encontrar ele ainda morando lá. O mesmo dizia que iria ser astronauta, às vezes padeiro, e até um cafetão, sem mesmo saber o que significava na época. 

Mas não. Ele ainda estava lá. E completamente diferente. O seu jeito de andar, de falar, de se vestir... Era tudo que ele não queria ser com 10 anos, mas era o que ele havia se tornado com 19. 

Surpreso por um caralho ainda, Jotaro ficava se lembrando do rosto dele, de como ele estava. Ele parecia bem, claro. E então ele voltava mentalmente para o momento que se encontram.

🐬 + 🍒 = ♡

Lá estava ele, Jotaro com duas caixas pesadas na mão, caminhando até a sua casa, enquanto sua mãe brigava com o velho que estava dirigindo o caminhão, falando que havia sumido dois tapetes de croche. Estava uma gritaria na rua. Ela gritando e o cara só colocando as caixas no chão, enquanto dizia que iria achar a merda dos tapetes. 

- "Algum problema por aqui?" 

Era ele. O ruivo, que naquele momento estava com um look deslumbrante. Estava com um shorts de tactel de cereja, sem camisa, deixando à mostra seu corpo magro, risquinho em uma das sobrancelhas, e claro, com o seu chinelo havaianas™ com prego. 

- "N-nenhum... Dono do Morro." - Dizia o velho, com os tapetes à mão, entregando para a mãe de Jotaro e saindo correndo. 

- "Mãe. Acho que acabei de ver um rato, não estou bem." - Jotaro dizia se aproximando de sua mãe, não querendo mais voltar para sua nova casa. Mas esses sentimentos e pensamentos eram esquecidos, depois dele mesmo ver o "Dono do Morro", em carne e osso. 

- "Kakyoin?... Noriaki Kakyoin?..." 
 
- "Te conheço por acaso?" - Ele o olhava, com a sobrancelha para cima — que nem a da Mc Mirella — tentando se lembrar de Kujo, que por acaso estava boquiaberto ao ver depois de tanto tempo. 

Mas esse momento de reencontro ao nível do de volta para casa do Ratinho™ era interrompido por um ruído de rádio, o que estava na cintura de Noriaki, um homem dizia: "Tudo certo por aí?"

Kakyoin nem respondia, só os perguntava uma coisa: 

- "Qual é o nome de vocês mesmo? Parecem ser novos por aqui né?" 

- "Novos nem tanto... já moramos aqui, tínhamos nos mudado... mas acabamos voltando." 

- "Hm. Nomes." 

- "Bom... eu me chamo Holly, Holly Kujo, e esse daqui é o meu filho, Jotaro." - Ela dizia apontando para o filho. Noriaki se espanta, como se tivesse se lembrado de algo, e ainda fica alguns segundos parado olhando para eles, fazendo algum raciocínio, que era interrompido por novamente, o rádio. Kakyoin voltava a terra, e os respondia: 

- "Acho que já resolvi o problema por aqui. Se precisarem de ajuda, só procurem por... o Dono do Morro." 

E ele saía, entrando por algum beco. Jotaro o via sumindo e pensava: "KKKKK que nome feio da porra, Dono do Morro", enquanto sorria com um olhar de deboche. Holly, olhava o filho com um olhar já sabendo o que iria acontecer logo após, teria puxado isso de seu pai, de prever as coisas. 

- "Vamos colocar os móveis para dentro? Ou ficou feliz por ver um amigo antigo?" - Ela ria e pegava uma caixa, que estava até leve e levava-a dentro de casa. Jotaro ficava paralisado, olhando a sapateira — aquelas de zíper que ficam bem, mas bem no canto escondido — e pensava: "amigo?... nem pensar."