Se eu pudesse voltar no tempo - parte 2

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Na Inglaterra, Yuzu aprendeu a se virar do jeito que conseguiu. Sem a mãe por perto, numa terra estranha, ela ficou acomodada numa casa de estudantes durante todo o tempo em que o curso durou. Era um local diferente, com garotas de várias regiões do planeta, todas elas com o sonho de conseguir um diploma internacional em seus respectivos cursos. Foi difícil ter que lidar com uma rotina diferente

Todas as despesas com mensalidades, hospedagem e alimentação foram cobertas pela bolsa de estudos, sendo que outros gastos que a loira teria seriam cobertos por Ume, que enviava mensalmente uma quantia para que a garota pudesse pelo menos ter momentos de lazer. Claro que não era uma quantia gorda; Yuzu era obrigada a conter o entusiasmo indo a festas ou a passeios com as colegas da universidade. Batia uma vontade doida de passar nas lojas de roupas badaladas, mostrar para Harumin o que era tendência na Europa, fazer fotos toda arrumada nos principais pontos turísticos de Londres. Como queria evitar uma gastança desnecessária, Yuzu começou a focar muito em seu objetivo de conseguir se destacar no curso. Ela pensou que isso a ajudaria a conquistar mais rápido um estágio ou emprego remunerado em grifes.

Numa das festas organizadas criar maior entrosamento entre os alunos estrangeiros e os locais, a filha de Ume conheceu uma veterana de curso, Rika Nishino. Assim como Yuzu, Rika era japonesa, porém havia crescido na Inglaterra por conta do trabalho de seu pai, executivo de uma empresa do ramo financeiro. Dentro de casa, a garota conversava em japonês com a família, reservando o inglês para as demais situações. No dia da festa, as madeixas loiras e o modo gyaru de Yuzu chamaram a atenção dela e a forçaram a atravessar o salão apenas para puxar um papo.

Num canto do salão, Yuzu estava com o celular na mão tirando fotos do evento, para depois postar nas redes sociais e mandar algumas para Harumin. Distraída com a tela do aparelho, a gyaru não nota muito o que está acontecendo ao seu redor, até que é surpreendida por Rika.

— OI!

Por causa do som alto, Rika precisou gritar um oi perto de Yuzu. Mas não foi nem tanto oi da outra que fez com que a loira tirasse os olhos do celular. Um perfume de suave de frutas cítricas foi sentida pela gyaru, que então mexeu a cabeça para saber de onde vinha esse cheiro agradável.

— Hã... — Os olhos procuram e acham uma pessoa bem na sua frente. — Ah, oi! Desculpa, eu fiquei distraída com o celular, não percebi que tinha alguém na minha frente!

— Percebi! — Rika diz, sorrindo com os olhos. — Você não é daqui, né?

— Não, não... sou uma bolsista que veio do Japão. Você é de lá também?

— Sim, mas fui criada aqui. Bem que eu estava desconfiando que você era uma conterrânea minha, você parece uma gyaru!

— Hahaha! Mas eu sou uma gyaru mesmo, não foi apenas uma impressão sua! Eu costumava gastar toda minha mesada comprando roupas e maquiagens com minhas amigas. Fui até punida por ter esse estilo quando entrei numa escola só para meninas.

— Sei, as escolas para meninas são mais rígidas que as normais, né? Eu sei porque eu estudei em uma também! Ah, esqueci de me apresentar! Rika Nishino, aluna do curso de Moda! Prazer em conhecê-la!

— Eu sou Yuzu Aihara... EI! Você também é do mesmo curso que eu? Como não te vi esse tempo todo?

— É que eu estou no penúltimo ano do curso, com um pouco menos de disciplinas para cursar que os calouros. Fora isso, também faço estágio numa marca local, a Spill the T. Ela ainda é uma empresa pouco conhecida, voltada para o público feminino de 20 a 30 anos, mas acho que tem munição suficiente para ganhar espaço pelo menos aqui na Europa.

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