o namorado de fachada

8

Boa leitura! ❤

— Amiga, eu nunca imaginaria que toda a família do Dominic iria saber do namoro. — Amber diz com uma expressão séria, mas logo consigo ouvir sua gargalhada animada.

Ela é enfermeira em um renomado hospital da cidade, e sempre que está no seu período de descanso, fazemos chamada de vídeo para conversarmos. Todos os dias nos falamos.

— Vai rindo, Amber. Isso é tudo o que você sabe fazer mesmo, aposto que está adorando toda essa situação. — reviro os olhos para ela enquanto encaro meu reflexo no espelho. Para sair com Dominic, eu optei por um cropped laranja e uma calça de cintura alta estampada.

Será que não estou passando vergonha com essa roupa?

— Nem começa, eu conheço esse olhar sabotador. Você está linda, cores quentes sempre caem bem em você. — encaro a tela do celular abismada por Amber me conhecer tão bem.  — E tenta ser legal com o Dominic, nada de ficar afastando ele.  Lembre-se que vocês precisam convencer a todos que são namorados.

— Anotado, mamãe Amber. — debocho soltando o elástico que prendia meu cabelo.

— Você poderia ir de cabelo solto. — ela opina com o rosto próximo ao celular.

— Você acha? — a encaro duvidosa.

— Acho, você só anda com esse cabelo lindo preso. E passa um batom. — ela fala mandona e reviro os olhos começando a passar o creme de pentear por toda a extensão dos meus cachos.

— Não vou passar batom nenhum. — respondo e ela reclama. Pego a minha escova de cabelo ainda com os olhos de Amber me observando, mas paraliso ao notar que minhas mãos estão tremendo.

O que está acontecendo?

— Kimberly? Você está tendo uma crise de ansiedade? — seu tom é de pura preocupação. Nego com a cabeça enquanto tento conter minhas mãos.

O meu humor estava ótimo, talvez a caminhada que tenha me feito bem.

— Você está tomando algum remédio em excesso? Está se alimentando direito? Isso pode ser estresse, você trabalha tanto. — Amber começa o seu sermão, e ao citar remédio, lembro que tomo muitas pílulas de antidepressivos sem a prescrição médica para conseguir dormir. 

Talvez não seja nada demais.

— Não estou tomando nenhum remédio Amber, estou me alimentando direito e eu estou de folga hoje.  — falo de maneira firme mesmo diante do seu olhar intimidador. — Como fiquei? — falo dando uma voltinha, agradecendo pelo tremor na minha mão ter amenizado.

— Linda. Eu tenho muito orgulho de você, sabia? Você é forte, e merece toda a felicidade desse mundo. — sorrio emocionada diante das suas palavras. Amber é uma irmã para mim, como um porto seguro, a pessoa que eu sempre confiarei. Passamos por tantos momentos ruins juntas, tantas outras alegrias também, e isso só nos serviu de confirmação para algo que em nossos corações já sabíamos; estaríamos na vida uma da outra até o fim.

— Eu também tenho muito orgulho de você. Obrigada por tudo. Você é um dos melhores presentes que Deus colocou na minha vida. — digo sentindo as lágrimas banharem meus olhos. Falar dos meus sentimentos a pessoas especiais sempre me emociona.

Vejo Amber desenhar um coração imaginário do outro lado da tela.

— Agora chega de lágrimas, você vai sair em um dia de folga e isso é um milagre. — ela diz e seco as lágrimas, voltando a encarar meu reflexo no espelho, e nossa, até que eu estou bonita. — Não tenta ficar controlando nada, não pense em nada, apenas curta o momento. — Amber diz e a encaro estranho.