murmúrios
Azriel não poderia ser considerado grande entusiasta de jardinagem.
O cheiro das flores velarianas, uma das características marcantes da cidade, o incomodavam mais do que gostaria de admitir. Então foi uma surpresa até para si quando decidiu ir à floricultura de Elain, ficando horas a escutando explicar detalhadamente sobre como desejava plantar girassóis, mesmo sendo uma ideia fadada ao fracasso, afinal, sendo flores comuns na Corte Diurna — fato dito por Elain diversas vezes durante sua explicação —, elas dificilmente conseguiriam crescer saudáveis num ambiente nublado como Velaris.
Se fosse honesto assumiria o quanto achava a insistência da feérica uma perda de tempo, porém, ao invés disso, a observou falar animada sobre como tais flores ficariam belas quando unidas em um buquê, sobre técnicas de plantio e lugares na fronteira que poderiam ser benéficos para o florescer.
Qual a última vez que Elain ficou tão animada? E isso somente tornava o motivo pelo qual ele estava lá ainda mais mesquinho: Azriel não queria ficar sozinho.
"Encontre-o, Azriel..."
O mestre-espião não se incomodava pela solidão auto imposta, na verdade, era reconfortante saber que não precisaria forçar-se a socializar, até mesmo lidar com sua família poderia ser um desafio, ele não gostava da atenção; da multidão; do espanto causado por suas sombras.
Enxergava uma companheira fiel em noites escuras e encontrou no silêncio, um alento para o barulho de sua mente.
Nunca esteve verdadeiramente sozinho, não enquanto elas ainda estivessem lá, e depois que aprendeu a dominá-las, sua presença constante era familiar. No entanto, sempre existiram aqueles dias ruins, onde parecia estar em órbita com a mente divagando e as sombras o forçando a agir, introduzindo emoções, revivendo angústias e velhos pesadelos.
"Não nos ignore, Azriel!"
O illyriano não queria ficar sozinho com elas, não hoje. Aquela necessidade de abafar os murmúrios; afastar-se dos novos sentimentos, cultivando somente a raiva de Lucien.
"Nós o sentimos. A luz... nós a sentimos. Você também sente."
"Silêncio!"
— Azriel, você tá me escutando? — a voz melodiosa da feérica soou nos ouvidos do illyriano, fazendo-o erguer o olhar até encontrá-la o observando com o cenho franzido.
— Eu... Desculpe, o que estava dizendo?
— Queria saber sua opinião — percebeu que ela segurava um buquê de pétalas rosadas combinadas com outras brancas, apesar de terem sido amarradas de forma desajeitada. — Horrível, né? Já tentei de tudo, mas não ficou firme... — Elain parou de falar, observando o buquê como se quisesse entender o que havia feito de errado. — Feyre estava errada. Sou péssima nisso, não deveria ter aceitado o pedido.
— Não é questão de ser boa ou não, é que você é inexperiente e está tentando agir como se tivesse anos de prática — suspirou discretamente quando notou os olhos arregalados da mulher. — Por que não tenta usar algo mais resistente ao invés de fitas? Pode não ser tão bonito, mas são úteis.
Abandonando o olhar de Azriel, ela caminhou até os fundos do estabelecimento ainda segurando o conjunto de flores e pegando algumas hastes, preparando-se para refazer a amarração, enquanto Az forçava um sorriso pequeno por vê-la finalmente conseguindo montar o buquê.
— Não está perfeito... mas já considero uma vitória — ela sorriu. Seu sorriso era lindo, assim como seus lábios naturalmente rosados, o cabelo castanho-dourado caindo em cascatas sobre seus ombros e os olhos castanhos brilhantes. Azriel não poderia negar ser bela, a mais bela das irmãs, definitivamente perfeita.
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TALKING TO THE MOON || luriel
FanficANGÚSTIA substantivo feminino 1. estreiteza, redução de espaço ou de tempo; carência, falta. 2. estado de ansiedade, inquietude; sofrimento, tormento. Mesmo que ainda lutem para entender os próprios traumas, Lucien e Azriel conseguem finalmente resp...