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LORELY

Ainda esperei por Brad alguns minutos, na recepção do hospital. Alguns diriam ser burrice, mas eu prefiro ficar com o termo 'esperança'. Sei lá, acho que eu só queria muito que ele voltasse pra casa comigo, no final das contas.

Como ele não apareceu, eu apenas segui meu caminho até o apartamento, sentindo aquela pressão estranha no pulso. A cada passo que eu dava até o apartamento, era como se aquele fio no meu punho se apertasse mais, doendo de forma aguda. Quando cheguei, o apartamento parecia frio e escuro. Ou talvez era só eu mesma, me sentindo solitária. Olhei ao redor.

— Brad? Você está aqui? — chamei, mas não houve resposta. — Claro que ele não está aqui, sua idiota. Ele está onde deve estar.

Balancei a cabeça, me sentindo patética. É estranho que eu sinta falta de um fantasma? Muito, mas ninguém aqui está falando nada.

Resolvi me trocar e colocar um pijama quentinho, e tentei me distrair decidindo o que eu ia comer. Abri a geladeira, percebendo que já não tinha nenhuma sobra, e as porcarias que eu mantinha em minha geladeira já tinham se esgotado. Suspirei. Olhei para os legumes que já estavam quase estragados e mordi o lábio com força. Eu poderia fazer uma pequena torta de legumes no forno...

Mas então essa seria a primeira vez que eu cozinho desde...

Desde a morte de Tom. Merda, não posso lidar com isso agora. Fechei a porta da geladeira com força. Tom se foi, e agora Brad. O que eu devo fazer?

— Quer saber? Tô nem aí — abri a geladeira de novo, e agarrei o brócolis amarelado, a cenoura feia e o tomate enrugado. — Tom, hoje eu vou cozinhar pela primeira vez em dois anos.

Enquanto eu preparava uma refeição saudável, eu quase sorri. Eu sempre amei cozinhar, desde quando era adolescente e assisti um programa culinário no Discovery Home & Health. Tom, que era meu melhor amigo na época, foi quem se juntou à mim nas minhas maiores loucuras e invenções de cozinha, e quem era minha cobaia.

Quando começamos a morar juntos, depois de noivos, ele sempre trazia ingredientes e temperos novos que dizia haver descoberto no livro de culinária que estava lendo, mas eu sabia que ele havia visto apenas visto no mercado e achado interessante. Com ele, minha paixão pela cozinha aumentou ainda mais.

Por causa disso, minhas memórias na cozinha eram sempre associadas à ele. Ele sempre estava junto, sempre me incentivava, sempre elogiava meus pratos, sempre dizia que eu era a melhor cozinheira do mundo. Esse foi um dos motivos que fizeram com que eu não conseguisse mais cozinhar. Pensar sobre Tom sempre era doloroso demais, porque eu sentia muito a falta dele. Se as minhas memórias na cozinha estavam atreladas à ele e agora ele não estava mais ali, então eu sempre acabaria me lembrando dele e, consequentemente, chorando em cima das panelas.

Mas agora, enquanto eu cortava os vegetais, eu sorria me lembrando das vezes em que ele cozinhava comigo, me dando conta de que Tom não merecia e nem deveria ser esquecido. Ele havia sido uma pessoa maravilhosa, e não iria querer que eu parasse de cozinhar por causa do que aconteceu.

Brad também pensa assim. Desde o primeiro dia ele criticava meus hábitos alimentares, dizendo que eu deveria voltar a cozinhar e parar de comer tanta fast food, e que havia um fogão naquele apartamento por algum motivo.

— Esse prato é pra vocês, rapazes — sorri, servindo um prato pra mim. Servi um pouco de refrigerante num copo de vidro, rindo sozinha. -
— Um pouco de equilíbrio é tudo, né?

Olha pra mim, falando sozinha no meio do meu apartamento.

Quando apoiei o copo na mesa, mordi o lábio. Se Brad estivesse aqui, com certeza brigaria comigo, ri um pouco. Alcancei o descanso de copos e coloquei na mesa, apoiando o copo nele. Agora sim.

Just Like Heaven || Brad SimpsonOnde histórias criam vida. Descubra agora