LORELY
O rapaz sumiu de novo. Depois de perceber que ele não era real, ele ficou... sei lá, chocado? É, ele ficou em choque. E confuso, muito confuso. Eu não julguei, porque eu também reagiria da mesma forma, se fosse eu. Na verdade mesmo não estando na pele dele, eu já fiquei confusa. Como assim ele não é real? E como assim ele não sabe?
E é por isso que eu preciso saber mais sobre ele, quem ele é — ou era — e o que aconteceu com ele. Ele é o espírito de alguém que morreu? Um fantasma? Eu não sei, não acredito nessas coisas, nunca acreditei. Mas agora acho que vou ter que começar a acreditar, não é?
— Alô?
— Oi, Hillary, boa tarde. Aqui é a Lorely Holland- uh, perdão, Lorely Martin — eu cumprimentei, colocando o celular apoiado entre o ombro e a bochecha, enquanto fechava a porta do apartamento. — Você tem o telefone do pessoal que sublocou o apartamento pra mim?
— Por que? Há algo errado? — ela pareceu preocupada do outro lado da linha.
— Não, não é isso — eu disse rápido. — O lugar é maravilhoso, eu só... gostaria de saber sobre o antigo morador, só isso.
— Oh, entendo. Bem, o rapaz com quem eu tratei não quis falar sobre o assunto, disse que foi uma tragédia na família — eu pude ouvir ela teclando vorazmente em seu computador. — Eu não forcei porque não quis me envolver no drama.
Oh. Se ele morreu, então faz sentido o acontecimento do telefone ontem. Bem, mais ou menos. Ugh, você me entendeu. E, melhor ainda, ele não é fruto da minha imaginação. Ou pior. Sei lá!
— Oh... e você acha que ele morreu? — entrei no elevador vazio, pressionando o botão do térreo.
— Tomara que sim — Hillary cantarolou. — Só assim você terá seu aluguel definitivo.
— Oh! Mas não é por isso que eu estou perguntando...
— Oh, Lorely, por favor — ela riu do outro lado do telefone. — Esse apartamento é nobre, bem localizado, tem lareira e uma boa vista. Há quem mate a avó por bem menos nessa cidade.
Depois que ela desligou o telefone, eu ainda fiquei encarando meu reflexo na parede do elevador. O cara que entrou depois de mim era musculoso, estava com um cheiro forte de colônia masculina, usava roupas esportivas e falava abobrinhas pelo telefone com alguém que deveria ser outro homem, pra aguentar essa conversa idiota. Mas eu não vou negar, o cara até que é bonito.
A porta do elevador se abriu e eu fui direto para o centro da cidade, feliz por estar morando em um apartamento tão bem localizado. A caminhada não durou nem dez minutos antes que eu achasse o que procurava.
PARA ALÉM DA FÍSICA - LIVRARIA METAFÍSICA.
A fachada era meio apagada, mas estava aberto, o que me deixou muito feliz. O ambiente era quente e acolhedor, mas tinha pouquíssimas pessoas, um carpete verde e feio, e um cheiro notável de poeira.
— Okay, o que eu devo procurar? — murmurei pra mim mesma, enquanto observava os nomes das prateleiras. — Fantasmas? Vida após a morte? Um psiquiatra?
Segurei um livro de capa amarela em minha mão que continha informações a respeito da passagem, um guia para o pós-vida. Meu Deus, eu me sinto quase estúpida segurando isso. As pessoas realmente perdem tempo lendo essas coisas? Eu vou perder meu tempo lendo isso? Eu nem sequer sei se acredito...
— Precisa de ajuda com alguma coisa? — uma garota baixinha de cabelos claros apareceu do meu lado de repente, me fazendo pular levemente com o susto.
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Just Like Heaven || Brad Simpson
Fanfiction*short story* Querendo seguir em frente, persuadida pela sua família, Lorely sai para procurar um apartamento novo e melhor localizado, e acha um apartamento incrível. Bem, incrível, até ela descobrir que o local é assombrado pelo espírito do antigo...