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LORELY

Desci do terraço com a mesma fúria que subi, deixando Bradley para trás e sem respostas.

Eu não quero falar de Tom. Não quero externar o quanto ele era importante pra mim, e o quanto eu detesto viver sem ele. Não quero falar sobre sua morte repentina, nem sobre o quanto eu sofri quando ele estava naquele hospital, entre a vida e a morte.

Eu não quero, e acabou.

— Ei, está indo pra onde? — ele perguntou atrás de mim, quando eu apertei o botão do elevador do prédio.

— Pra longe de você — eu entrei no cubículo quando a porta se abriu, e já tinha duas senhorinhas lá dentro.

Sem que eu tivesse escolha, Bradley entrou no cubículo também, e eu apenas o olhei.

— O que foi? — ele encolheu os ombros.

Antes que eu gritasse com ele, dizendo que ele nem precisa pegar o elevador, eu olhei para as duas senhoras dentro do elevador e dei um pequeno sorriso, decidindo que ignoraria o fantasma gatinho comigo.

— É estranho andar de elevador nesse... estado em que eu me encontro — ele franziu a testa, levando a mão ao peito. — É como se eu estivesse flutuando, voando ou sei lá. Na verdade, é quase como se não tivesse nada me segurando ao chão.

Dei uma breve olhada pra ele, depois olhei para os meus pés. Ignore-o.

— Você está me ignorando? — ele perguntou de repente, e eu fingi não ouvir. — Lorely. Lorely! — ele começou a tentar me cutucar na barriga, e eu respirei fundo. — Lorely é um nome tão legal, não é? — ele colocou as mãos na cintura, olhando para as senhoras, que não tinham ideia de que ele estava ali. — Lorely. Eu gosto. Mas acho que vou te chamar de... Lore. Não, Lola. Lola é melhor. O que acham?

As senhoras permaneciam em silêncio, enquanto o elevador descia, e eu queria bater nesse fantasma idiota.

— Lola. É legal, não é? — ele deu um sorriso enviesado, e eu tentei não revirar os olhos. — Já que estamos nessa juntos, acho que você pode me chamar de Brad, o que acha? Lola e Brad? Brad e Lola? Legal, não é?

O sorriso dele só aumentava junto com a minha irritação, e eu peguei meu celular, levando ao ouvido.

— Alô? — fingi atender, e Brad fez uma careta.

— Eu estou falando com você e você vai atender o celular? — ele balançou a cabeça, indignado. — Falta de educação, viu.

— Não, não é — dei um sorriso falso, olhando de relance para as senhoras, que me encaravam. — É só pra disfarçar mesmo — ri, sem graça, e depois balancei a cabeça.

— Ah, tá, ok. Entendi.

— Enfim, quanto ao outro assunto — eu retomei — eu posso até te chamar de Brad, mas você não vai me chamar de Lola — encarei ele nos olhos, com certa raiva. — Pode me chamar de Lore, se quiser. Nada de Lola.

— Entendido, Lola — ele ergueu uma sobrancelha, e eu revirei os olhos.

— Ugh, como você me irrita!

As duas senhoras me encararam estranho, e a porta do elevar se abriu, deixando que elas saíssem, ainda lançando olhares julgadores em minha direção. Ótimo.

Guardei meu celular e continuei andando. Saí do prédio com pressa, descendo a rua, e Brad veio comigo, acompanhando meu passo.

— Então, Lola, onde estamos indo? — ele perguntou casualmente. — Oh, você está me levando pra jantar? Eu estou com uma fome de morrer.

Just Like Heaven || Brad SimpsonOnde histórias criam vida. Descubra agora