Saudade

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AN: a escola está corrida, mas entro em férias dia 26 então já já acaba e eu posto com mais frequência.
Sinopse: Percy encontra Sally pela primeira vez depois de "O Ladrão de Raios."
História em terceira pessoa.

Percy respirou fundo antes de entrar em casa.
O lugar estava escuro, Gabe estava no sofá, bebendo.
O apartamento cheirava a drogas, bebidas e cigarro, era cheio de cupins e mofo, Percy sabia que sua mãe tentava arrumar tudo, mas Gabe era muito trabalho.
Seu estômago se revirou, ele tentava ajudar, nunca conseguia, era tão fraco, sempre tão fraco, nunca conseguia fazer o suficiente.
"Percy." Uma voz interrompeu seus pensamentos, a voz que Percy achou que nunca mais ouviria, a voz de sua mãe.
"Mãe!" Ele correu, olhos queimando com a sensação ruim das lágrimas aparecendo.
Fraco.
"Percy!" Sua mãe o abraçou, tirando-o do chão, permitindo que ele se agarrasse nela.
Sua mãe respirava rapidamente, respirações curtas e irregulares, sabia que ela também chorava.
"Desculpa." Ele disse a ela, soluçando contra seu pescoço. "Desculpa mãe, desculpa."
Ela o carregou para o quarto dele, sentando-se em sua cama, o colchão já estava rasgado e amassado, mas era onde ele dormia.
"Meu amor, meu peixinho. Por que 'desculpa'?" Sally perguntou, fazendo um cafuné no garoto que se segurava em seu pescoço e tronco.
"Desculpa por tudo." Os soluços faziam com que Sally tivesse dificuldade em entender o que seu filho dizia.
"Tudo o que, querido?"
"Desculpa por existir, por te tirar o pouco dinheiro que você tem, por não ser forte o suficiente para te proteger do Gabe, por te fazer se casar com o Gabe, me desculpe por te colocar em toda essa encrenca, me desculpe por ter nascido."
Sally afastou o filho levemente de si, vendo o rosto inchado e vermelho do garoto, olhos verdes cheios de lágrimas, tremendo.
Ela passou a mão pelos cabelos negros rebeldes de Percy. "Meu amor, olha pra mim. Olha pra mim, peixinho." Ele levantou o olhar, mordendo o lábio, rosto corado de vergonha. "Eu te amo. Eu te amo, Percy. Você é meu filho, você é a melhor coisa que já me aconteceu. Eu prefiro passar mil anos com o Gabe do que um dia sem você. Tudo que aconteceu foi escolha minha. Você é o garoto mais incrível desse mundo inteiro! Você merece tudo, meu amor." Ela beijou as mãos do filho, coração apertado.
"Mãe?" A voz do garoto saiu rouca, baixa e trêmula.
"Sim, querido?"
"Posso te abraçar? Não consigo te proteger mas eu posso tentar te dar amor e carinho... Você recebe muito pouco disso."
Ela sorriu, olhos azuis marejando, coração quente, repleto de amor, aquele amor de mãe, o amor mais forte do mundo. Se orgulhava tanto do filho, ele era tudo que ela precisava, era seu anjinho, sua luz no fim do túnel.
"Pode, pode, claro que pode." Puxou ele para um abraço apertado.
"Desculpa não ser mais inteligente também, mamãe. Eu- eu tento mas eu não consigo, eu nunca consigo nada." Ele resmungou baixo.
"Você é inteligente, você sabe o que é certo, o que importa, você é gentil, lindo, engraçado. Quem liga se você tem dificuldade de vez em quando? Paralelepípedo é uma palavra difícil." Brincou.
Ele depositou um beijo em sua bochecha, logo em seguida se aninhando contra seu pescoço. "Você é a melhor mãe do mundo. Um dia, eu vou te pagar, por tudo que você fez."
Ela negou com a cabeça. "Você é o único pagamento que eu preciso."
Naquele momento nada mais importava, ela tinha Percy. Não se importava que estavam em um apartamento horrível, não importava que Percy não tivesse um bom pai, não importava as contas a pagar, os tapas, socos, gritos de Gabe, não importava nada.
Nada a não ser Percy.

One shots de PercabethOnde histórias criam vida. Descubra agora