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Cinco anos atrás.

Bela encarou o vazio escuro por um longo tempo, ela gostaria de saber para onde estava olhando com exatidão. Ao longe ela podia ouvir o que ela presumiu ser uma conversa, era óbvio que aqueles que falavam estavam cientes de sua presença no andar de cima e tentavam manter sua voz baixa mas suas emoções atrapalhavam suas intenções.

Lena recebia outras juras de amor de seu companheiro, Bela podia claramente ouvir cada pequeno sussurro e carícia que eles trocavam se sentindo um pouco enojada. Não era intenção dela espiar cada momento íntimo da fêmea que dividia a casa com ela, mas era difícil não ouvir seus gemidos quando eles atravessavam as finas madeiras da casa e perturbavam seu sono.

Bela se sentia suja, como se houvesse algo muito errado com ela por apenas ficar ali ouvindo o amor alheio enquanto abraçava seu travesseiro se sentindo completamente sozinha. Ela sabia que Lena apenas continuava naquela casa para cuidar dela e também sabia que o que sua amiga mais ansiava era estar ao lado de seu companheiro.

Ela se revirou na cama outra vez, sua existência parecia atrapalhar a todos. Sua amiga não teria coragem de deixar a casa e ir morar com seu companheiro porque se sentia responsável por ela. E o companheiro de Lena não se mudaria para a casa porque ninguém sabia ao certo como ela se sentiria estando perto de um macho depois de seu passado.

Todos os machos da alcateia a evitavam, eles não falavam com ela e sempre mantinham distância. Até mesmo as fêmeas não se aproximavam muito. Mesmo depois de tanto tempo ainda havia uma distinção entre ela e a outras, Bela era uma fêmea machucada. Usada por Mason para experimentos, ela acreditou um dia na promessa de que ela estava livre das suas correntes.

Mas Bela ainda se sentia presa de alguma forma, acorrentada ao seu passado e manchada. O veneno de Mason ainda corria por suas veias ela era a cobaia que havia perdido a visão em algum porão frio, os lobos e os leões tinham medo de adoecerem ao se aproximar dela.

Bela nunca teria o amor que Lena recebia, até mesmo o lobo que ela acreditou um dia que fosse seu a evitava. Uma parte fria e triste dela  sentia que era quase tão ruim viver do lado de fora de sua antiga cela do que dentro dela, na sua nova realidade ela podia ouvir todas as noites juras de amor que ela sabia que nunca poderia ter. Pelo menos no passado não sabia que ser amada dessa forma era possível.

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Zander encarou o frio da noite do lado de fora de seu carro se sentindo um pouco exausto ele havia acabado de estar diante do grande concelho dos supremos, que não era nada mais nada menos do que uma grande reunião repleta de lobos velhos e retrógrados que nunca estavam dispostos a abrir mão de sua teimosia.

Ele se perguntava internamente como as pessoas reagiriam ao saber a verdadeira bagunça que era o "grande regime" em que eles acreditavam e que tinham completa fé de que os protegia. Os anciãos simplesmente não aceitavam nenhuma de suas sugestões, Mason estava próximo de mais. Como um sopro gélido contra a sua pele e a única alcatéia que acreditava no perigo próximo era o bando de um alfa que já foi um completo descontrolado.

Seu irmão Liam confiava em Christopher mas isso não era o suficiente para varrer todas as suas preocupações para longe, Zander era um supremo alfa com mais de apenas um bando sobre seus ombros. E se o concelho não acreditasse nele era sua obrigação fazer algo para impedir os avanços violentos daquele ômega envenenado. Zander iria acabar recorrendo a sua última opção, jogar de baixo dos panos e contar com a ajuda de outras espécies dispostas a frear Mason se os lobos se negassem a ajudar.

Perigo ArrebatadorOnde histórias criam vida. Descubra agora