007

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Nossos pais já nos esperavam na frente de casa quando enfim chegamos e eu não poderia estar mais aliviado por nada ter ficado "tenso" demais, entende?

— MÃE! PAI! — Any correu e os abraçou.

— Filha! Estávamos com tanta saudade!

— Nossa como você cresceu! E está tão linda. — Ela não cresceu tanto assim, ainda sou muito mais alto que ela, mas aí já acho que o problema é comigo mesmo.

— Obrigada mamãe, nossa como eu senti saudades.

— E minha não sentiu não? — Minha mãe perguntou aparecendo atrás dela.

— Tia Vivian! Você sabe que é minha tia favorita no mundo todo não? Como acha que eu não sentiria saudades?

— Acho bom mesmo em... Ela riu e afastou a Any para olhar ela inteira. — Sua mãe está certa em, você está maravilhosa princesa... Meu filho que tome cuidado agora em...

Ela sussurrou a última parte mas mesmo assim eu ouvi.

— Mãe! Começou cedo hoje em? — Falei envergonhado, minha mãe ama tanto a Any que inventou essa história de que devemos ficar juntos, a mãe dela concorda. Vai entender os pais.

— O estranho é você estar surpreso meu bem. — Ela riu, Any abraçou os pais dos nossos amigos que também estavam lá e entramos.

O almoço foi muito animado, depois nos juntamos na sala para Any contar tudo do intercâmbio, a Austrália pareceu incrível pela visão dela, percebi que o jeito dela também tinha mudado um pouco, ela estava bem mais extrovertida e aberta do que antes o que me fez encara-la sorrindo o tempo todo enquanto ela contava das coisas que viveu.

Tia Marisa surtou pela cicatriz no tornozelo dela, sem falar no piercing, mas Any a acalmou e eu queria tanto vê-la surfar, pena que nossa cidade não tem praia.

Quando já passava das 18:00 todo mundo começou a ir embora. Só sobrando a Any e os pais.

Ficamos conversando mais algum tempo, ou melhor, eles conversavam com ela e eu brincava com o cabelo dela que estava diferente, mais enrolado e curto, só que tenho que admitir, deixou ela tão bonita. As vezes ela me dava um tapa sorrindo e me mandava parar, porém eu só ignorava. Até que ela desistiu da conversa com os adultos e começou a brincar comigo também. Ela bagunçou todo o meu cabelo por vingança e eu comecei a fazer cosquinha nela que ria sem parar.

— Nossa já está tão tarde assim? Acho melhor irmos. — A mãe dela disse se levantando.

— Ah mãe, por favor só mais um pouquinho? — Emy perguntou me abraçando de lado e fazendo biquinho e voz de criança. Fofa.

— Por favor tia Marisa! — Falei com voz de criança também, a abraçando de volta.

— A Emily podia dormir aqui. — Minha mãe sugeriu, rindo com a nossa cena. — Como quando vocês eram crianças.

— Posso? — Ela perguntou aos pais esperançosa.

— Mas Gaby, você acabou de chegar de viagem...

— Por favor, só uma noite? — Pediu juntando as mãos e eu a imitei para ajudar.

— Tudo bem, pode... Mas, só se não tiver problema mesmo, Vivian.

— Problema nenhum, amo quando essa princesa vem dormir aqui, e faz um tempão que isso não acontece.

— Então ok, se comporte mocinha. — O pai dela disse a dando um beijo na testa. A mãe dela também deu um beijo em nós dois e saiu.

— Bom crianças, eu vou dormir também, não fiquem acordados até muito tarde em. — Minha mãe disse em meio a um bocejo e subiu as escadas.

— Boa noite tia!

— Boa noite mãe! — Falamos juntos, nos entreolhamos e rimos.

— Então, quer jogar videogame? Aposto que perdeu a prática depois de tanto tempo sem jogar contra um profissional como eu...

— Há há, é para rir né? Sabe que eu sempre acabei com você, e sem muito esforço fofinho... — Ela riu apertando minha bochecha. — Só que antes de te destruir psicológicamente, eu vou por um pijama mais confortável que essa saia.

Any subiu com a mala pequena, que seus pais deixaram com ela, até meu quarto, e decidi ir atrás dela por que eu também precisava trocar de roupa.

Quando entrei, Any já tinha tirado os sapatos e estava fazendo carinho no Aquaman que dormiu na minha cama o dia todo. De repente ele levantou e começou a se esfregar nela ronronando.

— Eu também morri de saudades suas Aquaman. — Ela riu.

— Hum, você não fica assim comigo né seu arrombadinho?

Ele miou e saiu pela janela em direção ao telhado, Any o observou mordendo o lábio, ela adorava a vista dali, principalmente quando subíamos lá em cima.

— Podemos subir? Só um pouquinho? — Ela perguntou com um sorriso travesso que eu amo.

— Você nunca precisa pedir para subir lá, é tanto seu quanto meu sabe.

— Que falta eu senti do nosso cantinho especial. — O sorriso dela aumentou e o meu também.

— Vamos. — Peguei a mão dela e a puxei até a janela, abri e fiz uma reverência esperando ela passar. — Primeiro as damas...

— Muito obrigada sr. Cavalheiro. — Ela riu comigo, subindo a escada que colocamos ali a muito tempo e eu fui logo atrás.

Olhei para cima mas abaixei a cabeça rapidamente, eu esqueci que ela ainda estava de saia.

— Tudo bem com você? — Ela perguntou quando me sentei ao seu lado.

— Claro, p-por que não estaria?

— Você tá meio vermelho. — Ela pôs a mão na minha testa como se medindo minha temperatura.

— Impressão sua. — Disse me virando e encarando a vista, dava para ver todas as casas e prédios até o centro, até onde eles ficavam bem mais altos e todos iluminados, muitas pessoas poderiam não gostar, mas eu amava a vista da cidade.

— Eu tinha uma vista perfeita do mar no meu quarto no internato. — Ela abraçou os joelhos encarando a vista. — Mas estaria mentindo se dissesse que essa vista também não é perfeita, ainda mais com você aqui comigo.

— É? — Sorri a puxando mais para perto.

— É sim.

Deitei e ela deitou no meu peito como sempre fazíamos e encarou as estrelas. Aquamam se aconchegou perto da gente e eu respirei fundo decidindo me abrir um pouco também.

— Sabia que eu subi aqui todas as noites em que você esteve longe?

— Jura? Por que?

— Por que eu sentia sua falta, e aqui me lembra você. — O céu e as estrelas me lembram seus olhos, as flores na árvore da vizinha me lembram seu cheiro e era o único jeito de me fazer sorrir depois de um dia ruim, acrescentei em pensamento mas acho que isso ela não precisava saber.

— Josh. — Ela me abraçou e eu a apertei contra mim. — Você também não imagina como eu morri de saudades suas.

Ficamos abraçados mais um tempo, só aproveitando a companhia um do outro, até ela me afastar.

— Nossa, se a gente não descer agora eu vou acabar dormindo e eu não tô muito afim de cair desse telhado de novo... — Ela riu. — Além do mais eu ainda tenho que acabar com você no Mário Kart.

— Você? Acabar comigo? Aí aí, não me faça rir coisinha pequena.

— Nossa, depois dessa você mal pede por esperar... — Ela desceu as escadas me xingando e eu apenas ri alto indo atrás.

When we fell in loveOnde histórias criam vida. Descubra agora