Capítulo 38

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Arizona retirou um pedaço teimoso de comida seca de um prato com a ponta da unha antes de mergulhá-lo na água quente.

- Eles estão bem. — Jo disse calmamente quando entrou na cozinha.

- Você tem certeza? — Arizona perguntou com uma pequena carranca.

- Sim. — Jo assentiu enquanto pegava uma toalha e começava a secar a montanha de pratos que Arizona havia lavado. - Eles estão fazendo uma competição de desenho, Alex contra Callie e Sofia. Eu os juntei.

- Obrigada, ela parece estar nervosa. — Arizona sorriu agradecida.

Jo encolheu os ombros enquanto colocava um prato de lado.

- É natural, as coisas estão ficando sérias entre vocês duas e nos conhecer hoje parece como um encontro de família.

- Oh, eu espero que Alex não dê a ela um discurso sobre me tratar bem! — Arizona riu.

- Não, eu disse a ele para se comportar hoje, e mostrar o seu lado encantador! — Jo riu.

Arizona assentiu enquanto delicadamente colocava os últimos copos de vinho no escorredor.

- Ela tem... — Jo fez uma pausa enquanto olhava para a porta para verificar se estavam sozinhos. - Ela já pensou em ser diagnosticada?

Arizona lambeu os lábios nervosamente, não querendo ter essa conversa pelas costas de Callie, mas também querendo desesperadamente conversar com outra pessoa sobre o assunto.

- Ela parece entender que vê as coisas de forma diferente das outras pessoas. — Arizona admitiu. - Então eu acho que ela sabe que há um diagnóstico por trás disso. Mas ela não quer isso, ela pensa nisso como um nome, uma identidade. Ela não quer isso.

- Eu posso entender isso. — Jo acenou com a cabeça quando enfiou a ponta da toalha num copo de vidro e secou-a.

- Você pode? — Arizona perguntou com uma carranca.

- Sim, quero dizer, se fosse algo como uma doença cardíaca, por exemplo, então você precisaria de um diagnóstico para obter o tratamento correto, esperando controlar a doença ou até mesmo ser curado completamente. Mas isso é diferente. — Jo atravessou a cozinha e colocou o copo de vidro em uma prateleira. - Um nome para sua condição será apenas um nome, ela diria as outras pessoas o que ela tem, mas ela parece muito reservada sobre isso, então eu acho que ela nunca diria. Ela também poderia conhecer outras pessoas, pessoas com a mesma condição, mas novamente, ela é reservada.
Arizona assentiu enquanto ela distraidamente esfregava uma colher de chá.

- De certo modo. — Jo riu. - O diagnóstico é para os outros, não necessariamente para ela.

- Como assim? — Arizona questionou quando Jo arrancou a colher de chá completamente limpa das mãos ensaboadas de Arizona.

- Bem, ela sabe que ela tem uma condição e sabe como isso afeta sua vida, ela desenvolveu seus próprios mecanismos para conviver, por exemplo, evitando certas situações ou fazendo aquilo com a mão. — explicou Jo. - Ela está seguindo em frente. Nomear a condição não necessariamente a ajudaria. Como Alicia, uma das garotas da minha turma, ela tem Asperger e nós sabemos, por isso que ela age do jeito que ela age. Nós poderíamos ter pensado que ela estava fazendo birra, mas nós sabemos e entendemos, por isso, nós mudamos nosso próprio comportamento com dela. Seus pais então contrataram um tutor porque ela é facilmente distraída e eles não querem que ela fique para trás quando ela começar a escola.

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